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Pandemia não dá tréguas: EUA teve mais mortes diárias do que no 11 de setembro. Brasil regista 1º caso de reinfeção

Fernando Bizerra / Lusa

Apesar de a vacina estar próxima de ser viabilizada em vários países do mundo, a covid-19 não tem dado tréguas. Nos EUA o número de casos continua elevado, no Brasil registou-se o primeiro caso de reinfeção, na França as medidas apertam até janeiro e na Suécia o caos está instalado nos hospitais.

Quando os Estados Unidos parecem prestes a lançar uma vacina anti-covid-19, os números tornaram-se ainda mais sombrios, com mais de 3.000 mortes num único dia, superior aos  do “11 de Setembro”, noticia a AP.

Na realidade, os EUA contabilizaram 3.202 mortes provocadas pela doença nas últimas 24 horas, elevando o total para 292.091 óbitos, de acordo com os números contabilizados pela instituição norte-americana.

Os EUA registaram ainda 210.887 novas infeções, acumulando mais de 15,5 milhões de casos desde o início da pandemia, sendo o país com mais mortes provocadas pelo novo coronavírus SARS-Cov-2.

A crise em todo o país está a levar os centros médicos a uma situação de rotura, deixando funcionários e profissionais de saúde pública exaustos e atormentados, entre o choro e o pesadelo.

Os Estados Unidos registaram 3.124 mortes na quarta-feira, o maior total num único dia desde a pandemia, de acordo com a Universidade Johns Hopkins.

O número de mortes na quarta-feira eclipsou as cifras de mortes de norte-americanos no “Dia D”, da invasão da Normandia durante a Segunda Guerra Mundial: 2.500, entre cerca de 4.400 aliados mortos. E superou também o número de vítimas em 11 de setembro de 2001: 2.977.

Um painel consultivo da Administração norte-americana endossou na quinta-feira o uso generalizado da vacina covid-19 da Pfizer para ajudar a vencer o surto.

Dependendo da rapidez na aprovação da recomendação do painel pela Food and Drug Administration (FDA), as vacinas podem começar a ser administradas no prazo de alguns dias, inaugurando a maior campanha de vacinação da história dos Estados Unidos.

Brasil com 1º caso de reinfeção

O Governo brasileiro confirmou esta ontem o primeiro caso de reinfeção pelo coronavírus. Trata-se de uma mulher, de 37 anos, residente na capital do estado do Rio Grande do Norte, Natal, e que trabalha na área da saúde.

Em comunicado, a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde do Brasil informou que recebeu um relatório do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo da Fundação Oswaldo (Fiocruz) que continha os resultados laboratoriais de duas amostras clínicas de um caso suspeito de reinfeção pelo novo coronavírus.

Conforme critérios estabelecidos numa nota técnica, o Governo brasileiro frisou que “esses resultados laboratoriais permitem confirmar o primeiro caso de reinfeção no Brasil”. A paciente teve a doença detetada em junho, curou-se, e teve resultado positivo novamente em outubro, 116 dias depois do primeiro diagnóstico.

“As análises realizadas permitem confirmar a reinfeção pelo vírus SARS-CoV-2, após sequenciamento do genoma completo viral que identificou duas linhagens distintas“, apontou o Ministério da Saúde.

As autoridades brasileiras afirmaram que estão a procurar “o mais rápido possível a vacina confiável, segura e aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para que todos os brasileiros que desejarem possam ser imunizados”.

França aperta medidas

O primeiro-ministro francês, Jean Castex, anunciou que a partir de 15 de dezembro entra em vigor no país um recolher obrigatório “rigoroso” entre as 20h00 e as 6h00, que vigorará também durante o Ano Novo.

“A melhoria nos números estagnou na última semana. O número de novas contaminações não diminui e tem mesmo aumentado ligeiramente nos últimos dias. O jogo está longe de estar ganho”, afirmou Jean Castex durante uma conferência de imprensa em que fez o ponto de situação do vírus no país.

Assim, ao contrário do que estava previsto, e apesar de deixar de ser necessário apresentar uma justificação durante o dia, a partir de 15 de dezembro será imposto um novo recolher obrigatório com muito poucas exceções.

“A partir de terça-feira, passaremos a uma nova etapa, mas as regras serão mais estritas. O recolher obrigatório vai começar às 20:00 até às 06:00, será rigoroso e muito controlado com poucas possibilidades de exceções e vai estar em vigor no 31 de dezembro”, anunciou.

Este recolher obrigatório não vai permitir a deslocação entre regiões durante a noite. As exceções possíveis são o trabalho noturno, auxílio a pessoa em situação frágil e deslocações ao hospital ou farmácia.

O recolher obrigatório apenas vai ser levantado na noite de 24 de dezembro. “O Natal ocupa um lugar à parte nas nossas vidas e nas nossas tradições. Nós autorizamos as deslocações nessa noite, mas tendo em conta a regra das seis pessoas por casa”, disse o primeiro-ministro.

Ainda ao contrário do que estava previsto, cinemas, teatros e museus não vão reabrir até dia 7 de janeiro. Já os restaurantes e bares vão continuar fechados até 20 de janeiro.

Suécia em situação “muito grave”

A Suécia, que adotou uma estratégia mais distendida contra o coronavírus que os restantes países nórdicos, tem registado nos últimos dias um elevado número de infeções e de mortes.

“A situação é muito grave, há muitos casos em todo o país”, admitiu em conferência de imprensa Karin Tegmark Wisell, chefe de departamento da Agência de saúde pública (FHM), apesar de sublinhar que a subida tem diminuído nos últimos dias.

Das 21 regiões suecas, oito reforçaram o pessoal médico e apesar de nenhuma estar em emergência extrema, aguarda-se um agravamento da situação, segundo dados da direção-geral de Assuntos sociais.

As autoridades regionais de Estocolmo tinham alertado na quarta-feira que estavam no limite da capacidade nas Unidades de Cuidados Intensivos e que necessitavam de reforços, mas uma responsável dos Assuntos sociais garantiu hoje que ainda existe 22% de capacidade disponível em todo o país e que podem disponibilizar mais meios se necessário.

A Suécia tem sido o país da Escandinávia mais afetado, apesar de permanecer longe de países como Espanha, Itália, França ou Reino Unido. A sua taxa de mortalidade de 71,65 por 100.000 habitantes é cinco vezes superior à da Dinamarca e dez em comparação com Noruega e Finlândia.

ZAP // Lusa

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