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Pai de aluna teria ligações ao assassino do professor decapitado em França

Yoan Valat / EPA

Os investigadores encontraram uma possível ligação entre o assassino do professor francês Samuel Paty, decapitado em Paris, e o pai de uma aluna.

Em declarações à AFP, citadas pelo Diário de Notícias, uma fonte próxima do caso disse que, entre as 16 pessoas sob custódia policial, cinco são alunos.

A polícia acedeu às mensagens trocadas no WhatsApp entre Abdullakh Anzorov, o checheno russo de 18 anos que decapitou o docente, e um pai de uma aluna de 13 anos que tinha apelado à ação contra Paty.

Brahim Chnina, pai de uma aluna, estava acompanhado pelo militante islamista Abdelhakim Sefrioui quando foi à escola falar com a direção e exigir a suspensão do professor e ameaçar com uma ação judicial contra o estabelecimento.

Segundo o jornal francês Le Monde, Sefrioui foi responsável por manifestações contra imãs com posições moderadas. Pró-palestiniano extremista, Sefrioui fundou o Collectif Cheikh Yassine. Na terça-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que aquela associação iria ser encerrada.

A investigação também está a tentar perceber como é que Anzorov identificou o professor: se foi “indicado” ao terrorista por um ou mais alunos, e se a troco de dinheiro.

O círculo familiar de Anzorov também se encontrava detido e a ser interrogado pela polícia.

Imã de Al Azhar condena decapitação de Paris

O imã Ahmed al Tayeb, xeque de Al Alzhar, instituição sunita de referência, condenou esta terça-feira a decapitação em Paris de um professor por mostrar caricaturas de Maomé e disse que o autor deste “horrendo” crime não representa o Islão.

“Declaro diante de Deus todo poderoso que separo a mim mesmo e os preceitos da religião islâmica e dos ensinamentos do profeta Maomé deste pecaminoso ato criminal e de todos que seguem esta ideologia perversa e falsa“, disse, numa mensagem lida num Encontro pela Paz em Roma, na qual não participou fisicamente.

O imã condenou deste modo a decapitação, na passada sexta-feira em Paris, do professor Samuel Paty, por mostrar caricaturas de Maomé numa aula sobre liberdade de expressão.

As suas palavras foram lidas pelo secretário-geral do Comité Superior da Fraternidade Humana, Mogamed Abdelsalam Adbellatif, durante um Encontro de Oração pela Paz em Roma, onde estiveram representantes religiosos, entre os quais o papa Francisco. No entanto, criticou ao mesmo tempo a religião seja ofendida.

“Insultá-la e abusar dos símbolos sagrados sob o slogan da liberdade de expressão representa uma forma de ambiguidade inteletual e um explícito ato de imoralidade“, considerou Ahmed al Tayeb.

“Este terrorista e a sua gente não representam a religião de Maomé, do mesmo modo que o terrorista neozelandês que assassinou muçulmanos na mesquita não representa a religião de Jesus”, apontou, numa referência ao ataque terrorista em março de 2019.

O homicídio de Samuel Paty ocorreu pelas 17h locais (16h em Lisboa) de sexta-feira, nas imediações do colégio de Bois d’Aulne, em Conflans-Sainte-Honorine, nos arredores de Paris.

A polícia chegou ao local depois de uma chamada sobre um indivíduo suspeito que vagueava perto da escola. Chegadas ao local, as autoridades francesas encontraram o corpo da vítima mortal e, mais tarde, avistaram o suspeito que se revelou agressivo e com uma arma branca.

Depois de recusar o pedido para baixar a arma, as autoridades abriram fogo sobre o suspeito.

ZAP // Lusa

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