A União Europeia (UE) estima que dentro de duas a três semanas “tudo vai funcionar normalmente” na produção e distribuição de vacinas nos Estados-membros. Entretanto, o primeiro-ministro húngaro já foi vacinado (mas com uma vacina chinesa).
“A nossa expetativa é que dentro de duas, três semanas, tudo vá funcionar normalmente com os níveis de produção e de distribuição muito mais fortes do que até agora”, sublinhou a comissária da Coesão e Reformas, a portuguesa Elisa Ferreira, em entrevista à agência EFE.
A comissária portuguesa acredita que à medida que se alcance a “velocidade de cruzeiro”, os países terão de concentrar-se na “capacidade” de administrar as vacinas à população, porque irão “chegar, chegar e chegar”.
Elisa Ferreira rejeitou ainda a ideia de que a UE esteja muito atrasada na campanha de vacinação relativamente a outros países, como os Estados Unidos, o Reino Unido ou Israel.
“Quero divergir um pouco dessa ideia de que estamos muito atrasados, estamos a trabalhar com grande segurança para que os cidadãos possam ter confiança”, frisou, numa alusão ao trabalho da Agência Europeia do Medicamento (EMA), que avalia e autoriza as vacinas que se administram na UE.
As vacinas que estão aceites na Europa “passam por um procedimento muito cuidadoso, muito detalhado de verificação, de teste e de confirmação da segurança da vacina.”
A responsável lembrou ainda que “a Europa está disponível também para aceitar a vacina russa”, se quiser solicitar a licença de utilização na UE, mas que terá de “sujeitar-se à mesma disponibilização de dados, de informação, com o mesmo critério”, que as restantes farmacêuticas.
Presidente do PE insta países a acelerarem vacinação
“As empresas farmacêuticas devem ser severamente sancionadas se violaram contratos ou cometeram fraudes, mas (…) os planos nacionais devem acelerar-se. A UE tem o objetivo de vacinar 70% dos europeus até ao final do verão, o que significa 225 milhões de cidadãos. Até agora, foram vacinados 10%, o que equivale a 25 milhões”, afirmou David Sassoli numa entrevista publicada, este domingo, pelo diário italiano Il Messaggero.
O responsável europeu questionou: “Por exemplo, por que não vacinar os idosos e vulneráveis durante o dia e os jovens e saudáveis à noite? O que o impede? Os governos devem apressar-se. Neste momento, foram entregues 51 milhões de doses na União Europeia e foram administradas 29 milhões”.
O presidente do Parlamento Europeu mostrou-se muito crítico com os líderes europeus após o último conselho que, segundo o próprio, “pôs em relevo problemas comuns, assinalou os riscos de uma terceira vaga da pandemia e deixou claro as disfunções e os atrasos”.
“Esperava ver alguns líderes assumirem o verdadeiro desafio deste momento dramático e levantarem a cabeça para dizerem que é preciso construir uma verdadeira política de saúde europeia. Ninguém, por outro lado, disse que estava disposto a transferir poderes nacionais para a União Europeia”, explicou.
“Depois das ‘vacas loucas’, pôs-se em marcha uma política europeia de saúde animal que deu resultados importantes. Não merece a saúde humana a mesma proteção? É hora de tomar decisões e os Governos nacionais devem ser muito claros“, acrescentou.
Viktor Orbán vacinado com a chinesa Sinopharm
Entretanto, esta manhã, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, partilhou várias fotografias no seu Facebook onde se vê o próprio a ser vacinado, percebendo-se que recebeu a primeira dose de uma vacina chinesa, a Sinopharm.
Recorde-se que esta não é uma das vacinas aprovadas pela EMA. A Hungria já administrou pelo menos uma dose das vacinas provindas principalmente da Pfizer/BioNTech, AstraZeneca e Moderna, mas também da russa Sputnik V.
Esta semana, o país também começou a administrar esta vacina chinesa, da qual a Hungria encomendou cinco milhões de doses. O Governo húngaro espera elevar o número de pessoas vacinadas com pelo menos uma dose, até este domingo, para 800 mil.
A Hungria é o único membro da UE que adquiriu vacinas contra a covid-19 russa e chinesa, tendo justificado a sua decisão unilateral com os atrasos na distribuição de vacinas por parte das autoridades da comunidade europeia.
No entanto, o Presidente da República Checa, Milos Zeman, também já defendeu o recurso à vacina russa e a Croácia está a negociar com a Rússia a compra desse medicamento.
ZAP // Lusa
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