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Levantar restrições antes do tempo? “É a última coisa de que qualquer país precisa”

Jean-Christophe Bott / EPA

Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus

A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou, esta quarta-feira, contra o levantamento das restrições antes do tempo, salientando que o contágio com a Covid-19 pode regressar se não se tomarem outras medidas ao mesmo tempo.

Em conferência de imprensa, o diretor geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, reconheceu que em muitos se países se tomaram “medidas sem precedentes com custos económicos e sociais significativos”, o que dá pelo menos tempo para conter a expansão da pandemia.

A última coisa de que qualquer país precisa agora é reabrir escolas e negócios e ser forçado a fechá-los novamente por causa de um ressurgimento do vírus”, considerou, salientando que “medidas agressivas para encontrar, isolar, testar e tratar casos são a maneira melhor e mais rápida de sair das restrições sociais e económicas e de as evitar”.

“Esta é uma segunda oportunidade que não devemos desperdiçar”, afirmou Ghebreyesus, salientando os “cerca de 150 países com menos de 100 casos” que podem ainda evitar o contágio comunitário.

Contudo, são necessárias “medidas mais precisas”, sobretudo encontrar casos suspeitos, isolá-los e ter uma força de profissionais de saúde e saúde pública capaz de os tratar, “a melhor maneira de conter e evitar a transmissão, para que quando as restrições forem levantadas o vírus não regresse”.

A OMS recomenda o aumento da força de trabalho em saúde e saúde pública e a criação de “um sistema que permita encontrar todos os casos suspeitos”, bem como a preparação de instalações capazes de acolher doentes e conter o contágio de forma eficaz.

Tedros Ghebreyesus apelou ainda para o aumento da produção e realização de testes à doença e para a criação de “um plano claro e um processo para colocar em quarentena” pessoas que tenham tido contacto com o novo coronavírus.

Os Governos devem ser completamente reorientados para se concentrarem na supressão e contenção da pandemia de Covid-19, referiu ainda. Sem isso, corre-se o risco de entrar num círculo vicioso de aplicar restrições, levantá-las, o vírus ressurgir e serem necessárias restrições novamente, alertou.

As declarações do diretor-geral da OMS surgem numa altura em que vários chefes de Estado pedem que as restrições comecem a ser levantadas. É o caso de Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos, que disse que gostaria de ver o país voltar à normalidade, com igrejas “cheias a transbordar”, até 12 de abril, domingo de Páscoa.

No Brasil, Jair Bolsonaro também foi contra todas as recomendações do seu Governo, tendo pedido às autoridades estaduais e municipais que reabram escolas e o comércio e que ponham fim ao “confinamento em massa”. “A vida tem de continuar”, disse mesmo.

ZAP // Lusa

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