Em entrevista ao podcast “Perguntar Não Ofende”, de Daniel Oliveira e João Martins, Marcelo Rebelo de Sousa revelou que o desconfinamento no Natal foi uma solução “de equilíbrio” entre o Presidente da República e o primeiro-ministro, que se sabia ter “um preço a pagar”.
Aliviar as regras no período do Natal não foi uma decisão tomada de ânimo leve. Em entrevista ao podcast “Perguntar Não Ofende”, gravada na segunda-feira e divulgada hoje, Marcelo Rebelo de Sousa realça que houve “uma unanimidade” por parte dos partidos e que se avançou “com dúvidas, com hesitações”.
“Eu tinha sempre uma predisposição menos aberta, o Governo tinha uma predisposição mais aberta, e aqui chegou-se a um equilíbrio que já se sabia que tinha muitos riscos”, referiu o Presidente da República. “Há que fazer uma descompressão e pagar o preço, esperemos que não seja muito elevado.”
Na mesma entrevista, o Presidente, que está em isolamento no Palácio de Belém, disse não temer que um provável confinamento geral tenha fortes efeitos na participação eleitoral nas eleições de 24 de janeiro.
“O voto antecipado está a ter uma adesão massiva, muito grande”, salientou o candidato a Belém, revelando que ele próprio se inscreveu.
“E eu devo dizer que eu próprio me inscrevi para utilizar o voto antecipado. Utilizarei ou não, mas é uma arma que tenho para ver até ao dia 17. Eu, se votar, votarei em Lisboa, na Reitoria da Universidade, mas devo dizer que guardo sempre a hipótese de votar em Celorico de Basto”, disse, ainda antes de ter testado positivo à covid-19.
Costa na Autoeuropa: “Criou-me um problema”
Oito meses depois, Marcelo Rebelo de Sousa recordou o momento em que foi apanhado de surpresa na Autoeuropa pelo primeiro-ministro. Na altura, António Costa deu apoio indireto à sua reeleição.
“Foi assim em 2016, no primeiro ano de mandato do Presidente da República, e foi agora no último ano do seu atual mandato. Tenho uma boa data simbólica a propor para fazermos uma terceira visita em conjunto e para partilharmos uma refeição com os colaboradores da Autoeuropa: A terceira data é no primeiro ano do próximo mandato do senhor Presidente da República”, declarou o governante.
Questionado se ficou agradado ou desagradado com as palavras de António Costa, Marcelo confessou que “evitava”. “Por mim, eu evitava aquilo. Se ele, por exemplo, me tivesse perguntado: olhe, o que é que acha de eu dizer isto? Eu dizia-lhe, não diga isso, porque pode ter resolvido um problema seu, mas criou-me um problema a mim.”
Sobre se não considera que António Costa contribuiu para que fosse visto por pessoas de direita como um candidato do PS, Marcelo respondeu que “é evidente”, apesar de não ter “percebido isso no momento em que ele falou”.
“Estava feito. No momento em que ele falou estava feito, e eu não tinha podido evitar.”
Marcelo rejeita ter insinuado a demissão de Cabrita
Quanto ao caso da morte Ihor Homenyuk, em março do ano passado, nas instalações do Serviço e Estrangeiros e Fronteiras (SEF) no aeroporto de Lisboa, o chefe de Estado voltou a insistir que não comunicou com a família do ucraniano porque estava em curso um processo criminal.
Já em relação ministro da Administração Interna, e sobre a “pressão mediática” ao “insinuar que queria a demissão”, Marcelo contrapôs para sublinhar que não a insinuou. “Até já me perguntaram se eu falava do ministro, e eu disse: não.”
“Não estava a falar do ministro. Há que fazer-lhe essa justiça, é um lutador por natureza, faz disso uma causa fundamental, dos direitos humanos, e no meio da pandemia e num momento em que a pandemia dominava todas as atenções, ele desencadeou as investigações internas”, disse.
Sobre o fim do SEF, Marcelo remeteu a decisão para o Governo, mas deixou claro que considera que o que está em causa é “um problema de cultura cívica, que não é necessariamente de uma instituição”.
O natal tinha um preço?
Gostava que fossem dizer isto aos que faleceram porque as medidas foram aliviadas e deram uma ideia de que estava tudo ultrapassado.
… quem é que deu ideia que “isto” estava ultrapassado? As benesses natalícias com todas as regras (que possivelmente ninguém cumpriu) vieram da choradeira de grande parte da população que queria (arriscar) estar com a família. As consequências sempre foram bem claras e óbvias. Manter a distancia sempre foi uma opção que quem quis seguiu (como eu que pela primeira vez em 50 anos passei o Natal longe de quem só vejo uma vez no ano) quem quis manter a tradição arriscou a sua vida e a dos outros, as consequências estão aí e não adianta passar a responsabilidade para o poder político (desta vez).
Tem razão meu caro. O “Tretas” é que tem treta a mais.
Ja aqui o referi que quem está no governo tem por obrigação e dever p/ c/ o povo português tomar atitudes que sejam as mais corretas p/ todos os Portugueses, não é deitar o barro á parede p/ ver o que acontece.
A atitude q governo tomou relativamente ao Natal foi dizer aos Portugueses que as coisas até não estavam mal. Ora os Portugueses(pelo menos uma %) não tem inteligência nem discernimento p/ ler nas entrelinhas.
Srs governantes até quando é necessário que vejam que c/ o povo que temos não podem facilitar Nunca.
PF sejam mais inteligentes e protejam, defendam o que é melhor p/ os Portugueses e não por conveniência.
Era mt melhor termos um Natal diferente este ano e não termos as consequências que estamos a ter . Sejam governantes c/ letra maiúscula.
Mas alguém acha que foi por causa das medidas no Natal que temos estes casos ? Isto só serve de desculpa. Não foram as medidas do Natal que criaram isto, os casos já vinham subindo, e durante esse periodo o que aconteceu foi que não fizeram testes e as pessoas não detectadas acabaram contagiando mais,foram festas ilegais e outras coisas que nada tiveram a ver do a reunião das familias no Natal. É a incompetência disfarçada de acto de boa vontade que foi traido por quem dele beneficiou, transferindo assim uma responsabilidade do Governo para as pessoas e branqueando o que de mal fizeram, sobretudo a falta de testes. Não esqueçam que no inicio a solução segundo diziam era : Testar, Testar, Testar .
Bem… Se “já se sabia que o Natal tinha um preço a pagar”, só há uma coisa a fazer. Processar a Assembleia, o Governo e o Presidente da República de homicídio por negligência (e estou a ser “simpático…) e propagação de vírus em larga escala. Mas… Isto é assim?! Temos pena? Como é? Assumir a responsabilidade não é só dize-lo! É assumir e sofrer as consequências! Mas ninguém as assume.
Para poder justificar o meu comentário vou ter que me assumir como negativista, preferia assumir-me como verdadeiro mas isso iria levantar muita polémica.
Esta tentativa de colar o aumento de infectados ao “desconfinamento” do Natal está muito mal contada. Se já sabiam que isto iria acontecer e o povo já estava acomodado com “um Natal diferente” porque mudaram de opinião? Será porque as eleições estão perto e querem fugir a este assunto? Será porque querem dar cabo do que resta da economia e procuraram um argumento para o fazer sem grandes críticas da oposição? Será por outro motivo que ainda não percebi?
E o “brutal” aumento de óbitos é assim tão grave? Os que morreram com Covcid19 morreram devido à acção principal do vírus ou foram contabilizados como óbitos Covid19 apenas porque testaram positivo ou estiveram em contacto com pessoas positivas e hav ia fortes probabilidades de serem infectados?
A mim parecem-me mais umas tentativas desajeitadas de manter o embuste que criaram e aproveitarem-se do mesmo para retirarem dividendos…
Também têm o argumento futuro de que
“se não confinássemos é que tinha morrido muito mais gente (Milhões)”,
e o problema maior é que há muita gente a acreditar piamente nisso.
Só por curiosidade, imaginem que a partir de hoje morriam 155 pessoas por dia e não havia mais nascimentos nem mortes por outras patologias, o último português morreria daqui a mais de 176 anos, isso se não morresse de velhice antes.
Pensem nesta porcaria, mediante uma comparação tristemente “engraçada*:
Paciente: Estou quase a morrer. Porque é que não me dá um medicamento que reverta essa situação?
Médico: Isso não é comigo, senhor (a). A questão é a seguinte: eu sei que você está a morrer, mas não há muitos medicamentos, portanto, você tem de morrer para dar lugar a outras pessoas.
Transpondo isto para a realidade, o senhor presidente (” “) andou a dormir no Natal, e é agora um vigarista que sabia daquilo que iria acontecer com o alívio das restrições, mas está calado que nem um rato. Quem irá substituir este trafulha?