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“Não há razão para ser deixado de fora”. Superior quer programa de compra de computadores igual ao das escolas

O Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) vai propor várias alterações ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), entre as quais o alargamento do programa Escola Digital ao Ensino Superior.

De acordo com o jornal Público, o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) tem vários reparos a fazer ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) no âmbito do Ensino Superior em Portugal.

Em primeiro lugar, António Sousa Pereira, presidente do CRUP, explicou, em declarações ao matutino, que as universidades consideram que o programa Escola Digital, através do qual estão a ser compradas centenas de milhares de computadores para os alunos da escolaridade obrigatória, deve ser alargado ao Ensino Superior.

Segundo o responsável, “também existem problemas tecnológicos” nas universidades, uma vez que, nos últimos, anos foi escasso o investimento em equipamento, e existem igualmente “dificuldades em chegar a alguns estudantes” por não terem computador ou ligação à Internet, à semelhança do que acontece no ensino básico e secundário.

Para além disso, o CRUP entende que as universidades também precisam de um programa de formação dos professores para o ensino digital, semelhante ao que tem vindo a ser feito pelo Ministério da Educação.

“Não há razão para que o ensino superior seja deixado de fora”, disse Sousa Pereira. As instituições de ensino pretendem “concorrer em igualdade de circunstância com os outros organismos da administração pública e com outros graus de ensino” ao financiamento que venha a estar disponível.

O PRR, recorde-se, prevê 2,8 mil milhões de euros para a transição digital.

O CRUP vai também propor a inclusão de “agendas mobilizadoras de interesse público”, um conjunto de áreas consideradas estratégicas para as quais deve ser canalizado investimento em investigação básica.

Segundo Sousa Pereira, são “problemas que podem surgir de um dia para o outro e que, quando surgirem, precisam que haja trabalho feito”, como é o caso das vacinas contra a covid-19 que ficaram prontas em tempo recorde porque, na década anterior, tinha havido investimento no desenvolvimento da tecnologia do RNA mensageiro em que se baseiam algumas das opções que chegaram ao mercado.

Outra das alterações ao plano prende-se com a componente de investimento e inovação. As universidades querem poder também liderar projetos, uma prerrogativa reservada às empresas na atual versão do documento.

Estas propostas vão ser apresentadas ao Governo, no âmbito da consulta pública do PRR, que está aberta até 1 de março, e num webinar esta segunda-feira, onde estarão presentes o ministro da Ciência e Ensino Superior, Manuel Heitor, a comissária europeia Elisa Ferreira e o próprio coordenador do PRR, António Costa e Silva.

Quando tomou posse como presidente do CRUP, em novembro, Sousa Pereira já tinha criticado o documento que, na primeira versão, deixava as universidades completamente de fora. Nos últimos meses, as negociações com o Governo permitiram incluir 375 milhões de euros para criar 15 mil camas no alojamento estudantil.

Além disso, as universidades também passaram a candidatar-se a financiamento no âmbito do programa de melhoria da eficiência energética de edifícios públicos e das iniciativas Impulso Adultos (atualização de competências de trabalhadores no ativo) e Impulso Jovem STEAM (aumento do número de jovens com formação superior em áreas de ciências, tecnologias, engenharias, artes e matemática.

Maria Campos, ZAP //

 

 

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