Montenegro vai mudar o símbolo do Governo

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António Cotrim / Lusa

Crítico do novo logótipo desde a sua adoção, em dezembro, Montenegro vai resgatar elementos históricos como o escudo com as quinas e a esfera armilar — uma promessa que deixou durante a campanha.

O novo primeiro-ministro, Luís Montenegro, toma posse esta terça-feira a par dos seus 17 ministros no Palácio da Ajuda e quebra um silêncio de quase duas semanas — a última vez que falou aos jornalistas foi no dia em que bebeu um café com o ex-primeiro-ministro António Costa, em Bruxelas.

A entrada em funções do novo executivo assinala várias mudanças, mas uma delas é certa, garante o Observador: Montenegro vai mesmo mudar o símbolo do governo.

O novo Governo pretende alterar a imagem institucional do Executivo o mais rápido possível, substituindo o logótipo minimalista — e muito criticado — que foi adotado pelo Governo anterior de António Costa e tanta polémica levantou (não só pelo design “simplista”, como pelos 74 mil euros que custou).

Montenegro, que já tem vindo a criticar o logótipo desde que este foi adotado, em dezembro, prepara-se para resgatar elementos históricos como o escudo com as quinas e a esfera armilar, uma promessa que deixou durante a campanha.

“Com o meu governo, deixaremos de usar o novo símbolo. No nosso projeto não fazemos sucumbir as nossas referências históricas e identitárias a uma ideia de sofisticação”, afirmou o primeiro-ministro indigitado.

Também o líder do CDS, Nuno Melo, expressou críticas semelhantes. Considera o novo símbolo “ridículo e um apoucamento quase criminoso” que simplifica os elementos históricos no símbolo anterior.

“A Nação transcende um executivo transitório” e que “na simbologia não está em causa um governo, mas sim a Nação; não está em causa uma maioria, mas todo um povo”, disse o líder do CDS.

“Inclusivo, plural e laico”

A mais recente imagem gráfica, composta por dois retângulos, um verde e outro vermelho, separados por uma bola amarela, não chateou apenas a AD.

Também no Chega se criticou, em dezembro, a alteração, com o deputado Diogo Pacheco de Amorim a referir a intenção de “colocar a filosofia woke no próprio cerne dos nossos símbolos nacionais”, conforme declarações ao Observador.

Pacheco de Amorim também está contra a retirada da esfera armilar que “dá o sentido da universalidade e das descobertas e da tão decantada questão da colonização”. “Querem reduzir toda a história da nossa expansão”, conclui.

Aliás, várias figuras da direita criticaram a mudança do logótipo, que se desfez totalmente de elementos da bandeira como a esfera armilar, os castelos e as quinas. Personalidades como Paulo Portas, José Miguel Júdice, Manuela Ferreira Leite, Nuno Melo e André Ventura expressaram descontentamento.

O logótipo, descrito como “inclusivo, plural e laico”, foi alvo de um coro de críticas nas redes sociais e Eduardo Aires, o seu autor, inclusive a ser alvo de ameaças, e a apresentar queixa às autoridades judiciais.

Já o livreiro e Investigador em História Moderna e Contemporânea Francisco Brito reduz o novo símbolo a uma “gema de ovo, ladeada por porção de grelos e tomate em campo de estupidez”. “Esta seria a interpretação de um heraldista para o novo logo escolhido por um Governo em fim de ciclo”, reforça o investigador numa publicação no Facebook.

A controvérsia intensificou-se com acusações de a nova imagem mais minimalista refletir uma ideologia “woke”, considerada por alguns como uma traição à história portuguesa.

Segundo Eduardo Aires, o objetivo era criar um símbolo que não fosse uma cópia da bandeira, mas que ainda assim a evocasse de forma abstrata e isenta. O designer cita ainda o Reino Unido e os Países Baixos como exemplos de países que fizeram algo semelhante com os logótipos dos seus Governos.

O símbolo foi introduzido durante eventos como a Jornada Mundial da Juventude e a apresentação do Orçamento do Estado. No entanto, as críticas só emergiram após a demissão do primeiro-ministro em novembro, levantando questões sobre se a reação negativa está vinculada à atual fase política do país.

João Adelino Maltez, politólogo, argumentou na altura que o novo símbolo serve para distinguir claramente o Governo da nação, um aspeto técnico e não ideológico.

ZAP //

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6 Comments

  1. Normalíssimo. Sem estranheza.
    Todos os novos governos o têm feito.
    António Costa alterou-o, não só quando chegou, mas também entre os governos a que presidiu.

  2. É realmente uma primeira prioridade (Vital) na vida dos Portugueses , mas além disso e ter a minha aprovação , há outras prioridades sem dúvida , como o acesso a Saúde para todos , que é un direito e un dever , por ex: !

  3. Parece-me que a política não se faz com “símbolos”! Isso pouca importância tem, vai-se na espuma dos dias! Introduzir o governo com um tema de “lana caprina” como este, talvez tenha sido para distrair o povo de forma a não darem a devida importância à nomeação de secretários ,com passado político pouco “simbólico”, para fazerem parte de um governo que se diz ser anti corrupção! Não dá a bota com a perdigota!

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