O Ministério Público considera que os instrutores do 127.º Curso de Comandos “agiram conscientemente com o propósito de maltratarem fisicamente os recrutas”, sabendo que estes poderiam ficar “em perigo de vida”.
Segundo o Público, a procuradora do Ministério público Cândida Vilar, que lidera o inquérito-crime às mortes dos recrutas Hugo Abreu e Dylan Silva em Setembro de 2016, responsabiliza os principais arguidos no processo de agirem mesmo tendo conhecimento das lesões que seriam provocadas pelo tratamento a que foram sujeitos 67 comandos.
“Todos os arguidos agiram voluntária e conscientemente com o propósito de maltratarem fisicamente os ofendidos e instruendos do curso” sabendo que era “possível que da privação da água associada à exposição de elevadas temperaturas e à imposição de exercícios físicos violentos, resultasse doença particularmente dolorosa, e mesmo perigo para a vida dos ofendidos”, lê-se no processo consultado pelo Público.
Ainda que estivessem conscientes dos riscos de “lesão renal” e de possível “falência multi-orgânica e morte”, os instrutores conformaram-se “com esses resultados”, conclui a procuradora.
Até ao momento, foram já constituídos 20 arguidos no âmbito do inquérito crime: 17 instrutores, o médico e os dois enfermeiros que prestavam assistência.
Comandos registam 40 desistências no novo curso
O 128.º curso de Comandos iniciou-se a 7 de abril e terá a duração de 16 semanas, terminando em meados de julho. Segundo dados avançados à Lusa, dos 57 formandos que iniciaram o curso desistiram 40, a pedido dos próprios.
Estão na formação, no regimento da Carregueira, em Sintra, 17 formandos, dos quais três oficiais, dois sargentos e 12 praças, adiantou o Exército.
No curso anterior, do total de 67 formandos iniciais, receberam a boina e o crachá de Comando 23 militares. O 127.º curso ficou marcado pela morte dos recrutas Hugo Abreu e Dylan Araújo, em setembro do ano passado.
ZAP // Lusa
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