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Governo assegura que diminuição dos casos não decorre de menos testes

José Sena Goulão / Lusa

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales

O secretário de Estado da Saúde assegurou, esta segunda-feira, que a diminuição dos novos casos de infeção, registada nos últimos dias, não decorre de uma quebra no número de testes realizados.

“Na semana que findou, Portugal fez, em média, mais de 13.300 testes por dia, não há qualquer orientação para testar menos”, garantiu António Lacerda Sales, durante a habitual conferência de imprensa sobre a covid-19 em Portugal.

O secretário de Estado referia-se a uma norma publicada pela Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre o rastreio de contactos por covid-19, que prevê que deixe de ser obrigatório realizar testes aos contactos de alto risco com infetados.

No sábado, o semanário Expresso noticiou que “os contactos de alto risco deixam de ser testados” com esta norma, uma situação que a DGS negou no mesmo dia, assegurando que “não é verdade” que “Portugal vá reduzir o número de testes” e que a norma “exclua ou restrinja o universo de pessoas sujeitas à realização de testes”.

Lacerda Sales referiu o tema durante a sua intervenção inicial, afirmando que a nova norma mais não faz do que formalizar e normatizar aquilo que já eram os procedimentos habituais.

“A realização de testes a contactos de casos confirmados de covid-19 sempre dependeu e continua a depender da estratificação do risco efetuada pelas autoridades de saúde”, disse.

O governante considerou ainda que, apesar de ser uma ferramenta determinante, a eficácia a testagem é limitada se não houver, paralelamente, um trabalho de identificação de cadeias de transmissão, através de inquéritos epidemiológicos que permitam identificar e isolar os contactos.

Secretário de Estado emociona-se

Olhando para os dados mais recentes, que hoje apontam para a inexistência de óbitos registados no último dia, pela primeira vez desde 16 de março, António Lacerda Sales mostrou-se emocionado.

“Para nós é um motivo de grande satisfação, tem sido muito difícil nos últimos tempos. Queria dizer que estamos muito felizes que isto tenha acontecido”, afirmou, relembrando, porém, que é preciso continuar a olhar para os números com “cautela”.

“Temos analisado os números sempre com a maior cautela, sem euforias desmedidas quando a situação aparenta estar mais controlada, nem negativismos exacerbados quando as coisas não correm como gostaríamos”, sublinhou.

“Sabemos que continuamos a tomar as melhores decisões com base na melhor evidência científica disponível em cada momento e gerindo os recursos de que dispomos de forma proporcional, dinâmica e procurando sempre a melhor eficiência”, disse ainda.

O governante aproveitou a conferência de imprensa também para apelar novamente ao comportamento responsável dos portugueses, em particular, daqueles que estão neste momento de férias, sublinhando que “o sucesso coletivo continua a depender das ações individuais de cada um”.

Lacerda Sales revelou que, a 30 de julho, havia um total de 4195 profissionais de saúde infetados pelo novo coronavírus: 553 médicos, 1289 enfermeiros, 1227 assistentes operacionais, 166 assistentes técnicos, 129 técnicos superiores de diagnostico e tratamento e 831 outros profissionais. 3559 já recuperaram da doença.

Na mesma conferência de imprensa, o novo subdiretor-geral da Saúde, Rui Portugal, afirmou que as pessoas com contrato de trabalho que tenham de ficar em isolamento por terem contactado com infetados terão um certificado que lhes garante apoio da Segurança Social.

O responsável frisou que as pessoas que “vivem da economia informal” dependem dos municípios, a quem reconheceu o esforço que têm feito para “reter em isolamento” essas pessoas, “garantindo-lhes alimentação e algum rendimento base para pagar contas e o mínimo para um determinado bem-estar”.

O subdiretor-geral de Saúde frisou que o isolamento é “o instrumento mais forte” no combate à pandemia e que é possível “porque há uma solidariedade dos portugueses através da Segurança Social”, mas admitiu que o processo ainda é demasiado burocrático.

“Exige algum procedimento administrativo e burocrático, que tenderá a aliviar-se assim que consigamos automatizar alguns dos procedimentos que têm que ser feitos”, referiu.

Portugal regista, hoje, mais 106 novos casos de infeção em relação a domingo e nenhuma morte, segundo o boletim diário da Direção-Geral de Saúde (DGS). De acordo com o mesmo relatório da situação epidemiológica, desde o início da pandemia até hoje registaram-se 51.569 casos de infeção confirmados e 1738 mortes.

ZAP // Lusa

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