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Meios de comunicação do Brasil unem-se para divulgar dados sobre a pandemia

Tânia Rego / Agência Brasil

Os principais media do Brasil divulgaram esta segunda-feira uma parceria para recolher e divulgar dados da pandemia de covid-19 no país, colocados em causa por mudanças promovidas pelo Governo brasileiro, que divulgou dados divergentes no domingo.

A parceria contará com os jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, Extra, empresas do Grupo Globo (jornal O Globo, portal de notícias G1, TV Globo e Globonews) e do portal da Internet UOL, que decidiram colaborar na recolha de informações necessárias nos 26 estados do Brasil e no Distrito Federal.

Os meios de comunicação social informaram que a parceria é uma resposta à decisão do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, de restringir o acesso a dados sobre o avanço da pandemia provocada pelo novo coronavírus no país.

O Ministério da Saúde deveria ser a fonte natural destas informações, mas os media destacaram que atitudes recentes tomadas pelo Governo colocam em causa a disponibilidade e precisão dos dados.

“Numa sociedade organizada como a brasileira, é praticamente impossível omitir ou desfigurar dados tão fundamentais quanto o impacto de uma pandemia. Com essa iniciativa conjunta de levantamento de dados com os estados, deixamos claro que a imprensa não permitirá que nossos leitores fiquem sem saber a extensão da covid-19“, afirmou Sérgio Dávila, diretor de redação da Folha.

Já Murilo Garavello, diretor de conteúdo do UOL, frisou a responsabilidade dos jornalistas em transmitir informações confiáveis para a sociedade durante a pandemia. “E, agora, no momento mais agudo da pandemia, precisamos assegurar à população o acesso a dados corretos o mais rápido possível, custe o que custar”, afirmou Garavello.

Alan Gripp, diretor de redação do jornal O Globo, avaliou que o país vive um momento crucial e as empresas de comunicação social deixaram de lado a concorrência por um bem comum: “Levar à sociedade o dado mais preciso possível sobre a pandemia. Essas informações orientam as pessoas e as políticas públicas. Sem elas, o país mergulha em um voo cego”.

O diretor-geral de jornalismo da TV Globo, GloboNews e G1, Ali Kamel, explicou que “em que pese a disputa natural entre veículos [media], o momento de pandemia exige um esforço para que os brasileiros tenham o número mais correto de infetados e óbitos”.

Na madrugada desta segunda-feira, o governo brasileiro divulgou dois dados diferentes sobre o número de mortes e de casos registados da covid-19 nas últimas 24 horas. Numa lista dos dados enviado aos jornalistas, o Ministério da Saúde brasileiro informou que o país registou um total de 37.312 mortes provocadas pelacovid-19, dado que indicou um acréscimo de 1.382 óbitos nas últimas 24 horas.

No sábado, o país registou 35.930 mortes provocadas pelo vírus. Já o site oficial do governo apresentou informações diferentes sobre a pandemia e indicava, numa atualização às 21h50 de domingo, a confirmação de 525 mortes causadas pela covid-19 no país em 24 horas. Ou seja, menos 857 mortes do que na lista enviada à comunicação social. Deste modo, o total de mortes confirmadas no Brasil em 24 horas seria de 36.500.

// Lusa

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