Esta segunda-feira, pela segunda noite consecutiva, várias cidades dos Países Baixos estão a ser palco de confrontos após a imposição do recolher obrigatório. Madrid voltou a apertar as regras restritivas para combater a propagação da covid-19.
Nos Países Baixos, os confrontos estão a opor a polícia antimotim, que está a utilizar canhões de água, a grupos de manifestantes na cidade portuária de Roterdão, e também na pequena localidade de Geleen (sul, próximo de Maastricht) segundo reportam vários órgãos de comunicação social e a polícia holandesa.
Em curso estão confrontos em Geleen e, para já, uma pessoa foi detida, indicou a polícia local no Twitter. O presidente da Câmara de Roterdão, Ahmed Aboutaleb, autorizou, num decreto, a polícia a multiplicar as detenções. “As detenções estão em curso. Estamos a pedir que abandonem os locais”, escreveu a câmara de Roterdão, também no Twitter.
No domingo, os Países Baixos foram também assolados por confrontos que envolveram a polícia antimotim e grupos de manifestantes que protestavam pelas mesmas razões, naquela que foi a segunda noite do recolher obrigatório, incidentes criticados e condenados pelos políticos e líderes locais.
“É inaceitável”, considerou o primeiro-ministro, Mark Rutte, afirmando que a situação já “não tem nada a ver com protestos”, constituindo antes “violência criminosa“, pelo que será desta forma que vão tratar do assunto.
A região mais afetada foi Eindhoven, onde a polícia entrou em confronto com centenas de manifestantes que incendiaram um carro, atiraram pedras e foguetes contra polícias, partiram janelas e saquearam um supermercado na estação ferroviária da cidade.
“A minha cidade está a chorar e eu também”, disse então o presidente da câmara municipal de Eindhoven, John Jorritsma, numa conferência de imprensa improvisada e emotiva, considerando os manifestantes como “a escória da terra” e alertando para as consequências. “Receio que, se continuarmos por este rumo, estejamos a caminho de uma guerra civil”, disse.
O motim coincidiu com o primeiro fim de semana do novo recolher obrigatório – entre as 21:00 e as 04:30 -, mas os responsáveis municipais enfatizaram que a violência não foi obra de cidadãos preocupados com suas liberdades civis.
“Estas manifestações estão a ser usadas por pessoas que só querem uma coisa: revoltar-se”, afirmou Hubert Bruls, presidente da câmara da cidade de Nijmegen e líder de um grupo de organizações de segurança local.
A polícia de Amesterdão deteve, no domingo, 190 pessoas nos confrontos que resultaram de uma manifestação proibida, enquanto a polícia de Eindhoven avançou hoje já ter detido 62 suspeitos de violência e ter lançado uma investigação em grande escala para identificar e deter mais.
Na cidade de Enschede, no leste do país, os agitadores atiraram pedras às janelas de um hospital e, na noite de sábado, jovens da vila de pescadores de Urk incendiaram um edifício de realização de testes de coronavírus.
A polícia da província de Limburg, no sul dos Países Baixos, enviou agentes militares como reforços para controlar as duas cidades.
“Não há absolutamente qualquer desculpa“, sublinhou a ministra para a Cooperação e Desenvolvimento, Sigrid Kaag, à televisão holandesa. “Isto é violência e espero que a polícia apanhe todas as pessoas e haja punições pesadas”, concluiu.
Madrid proíbe visitas em casa
O El Mundo avança que, entre as medidas, está o confinamento de 56 zonas básicas de saúde e 25 municípios, que vai estar em vigor até 8 de fevereiro. A partir desta segunda-feira, as reuniões ou encontros passam a estar limitados ao agregado familiar (a exceção é quando se trata de cuidados).
O recolher obrigatório recua uma hora, passando das 23h para as 22h (até às 6h da manhã). As mesas de restaurantes, hotéis e bares passam a estar limitadas a quatro pessoas (em vez de seis), quer no interior, quer no exterior, e os estabelecimentos só podem estar abertos até às 21h, escreve o El País.
Teatros, cinemas e outros espaço culturais passam a ter uma limitação de 75% da lotação, enquanto que os centros desportivos, casinos e lugares de culto terão de estar a 50% da lotação máxima.
Farmácias, centros de saúde, veterinários e postos de abastecimento estão abertos sem restrições. A região recomenda ainda às empresas o teletrabalho e à população mais velha para sair de casa apenas por motivos de real necessidade.
Fronteiras da Nova Zelândia
As fronteiras da Nova Zelândia deverão permanecer fechadas durante grande parte do ano, para medir o impacto a nível mundial das campanhas de vacinação contra a covid-19, anunciou a primeira-ministra, Jacinda Ardern.
A governante explicou que a identificação, no fim de semana, de um primeiro caso de contágio em mais de dois meses mostra o risco que representa ainda o novo coronavírus para o arquipélago até aqui bem sucedido no controlo da doença. “Dados os riscos no mundo e a incerteza quanto às campanhas de vacinação internacionais, podemos esperar que as nossas fronteiras sejam afetadas durante grande parte do ano”, disse.
Desde março, as fronteiras neozelandesas estão fechadas aos estrangeiros. Apenas os neozelandeses podem entrar no território. Com cinco milhões de habitantes, o país contabilizou, desde o início da pandemia, menos de dois mil casos e 25 mortes causadas pela covid-19.
Por outro lado, Ardern indicou que a Nova Zelândia ia continuar a autorizar as entradas de estrangeiros chegados através de “bolhas de viagem” com a Austrália e nações do Pacífico onde o novo coronavírus está sob controlo.
No entanto, a responsável lamentou a decisão de Camberra de suspender “a bolha”, que permitia isenção de quarentena para os habitantes dos dois países, na sequência do registo de um caso de contágio local. Trata-se de uma neozelandesa recentemente chegada da Europa e que obteve um teste positivo para a covid-19 dez dias depois de ter terminado a quarentena de duas semanas num hotel.
Sobre este caso, Jacinto Ardern afirmou que a situação está “bem controlada” e lamentou a medida de Camberra. Com uma “bolha de viagem”, as pessoas devem ter a garantia de que as fronteiras não serão fechadas num curto prazo por casos que pensamos poder resolver bem a nível nacional”, acrescentou.
O ministro da Saúde neozelandês, Chris Hipkins, disse que os 15 contactos próximos da mulher infetada não são portadores do vírus, identificado como a variante sul-africana.
Para saber como a transmissão ocorreu, durante a quarentena de 14 dias, dados iniciais apontaram para o sistema de ar condicionado do hotel, acrescentou.
ZAP // Lusa