O ex-Presidente do Brasil Lula da Silva foi detido para interrogatório, esta sexta-feira, por suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato.
Luiz Inácio Lula da Silva foi alvo de um mandato de busca e apreensão e de condução coercitiva, o que significa que o investigado é obrigado a depor.
Membros da defesa do ex-Presidente confirmaram ao jornal Folha de São Paulo que o ex-Presidente foi levado para o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para prestar declarações.
A Polícia Federal brasileira realizou esta manhã buscas na residência de Lula da Silva em São Bernardo do Campo, cidade da região metropolitana de São Paulo, e do seu filho, Fábio Luis Lula da Silva – também conhecido como Lulinha – em Moema, arredores de São Paulo, assim como ao Instituto Lula, cujo presidente Paulo Okamoto também é alvo de um mandado de condução.
A Polícia Federal informou que cerca de 200 agentes federais e 30 auditores da Receita Federal cumpriram 44 ordens judiciais, sendo 33 mandados de busca e apreensão e 11 mandados de condução coercitiva.
Em comunicado, o Ministério Público brasileiro explicou que a ordem de buscas e detenções foi determinada pelo juiz Sérgio Moro, de Curitiba, “para aprofundar a investigação de possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro oriundo de desvios da Petrobras, praticados por meio de pagamentos dissimulados feitos por José Carlos Bumlai e pelas construtoras OAS e Odebrecht ao ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e pessoas associadas”.
Corrupção e lavagem de dinheiro
Lula está a ser investigado no âmbito da Operação Lava Jato por ter recebido vantagens indevidas durante o seu mandato, que terminou em 2011. A investigação, que começou em março de 2014, investiga um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro ligado à petrolífera Petrobras.
Esta 24ª fase da Operação Lava Jato – que recebeu o nome de “Aletheia” em referência a uma expressão grega que significa busca da verdade – pretende descobrir se algumas empresas de construção e o empresário José Bumlei favoreceram ou não o ex-presidente ao entregar-lhe vários imóveis, acusações que Lula nega.
De acordo com o MP brasileiro, “há evidências de que o ex-Presidente Lula recebeu valores oriundos do esquema Petrobras por meio da destinação e reforma de um apartamento triplex e de um sítio em Atibaia, da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da armazenagem de bens por transportadora. Também são apurados pagamentos ao ex-Presidente, feitos por empresas investigadas na Lava Jato, a título de supostas doações e palestras”.
“O ex-Presidente Lula, além de líder partidário, era o responsável final pela decisão de quem seriam os diretores da Petrobras e foi um dos principais beneficiários dos delitos. De fato, surgiram evidências de que os crimes o enriqueceram e financiaram campanhas eleitorais e o caixa de sua agremiação política”, revela o MP.
O comunicado acusa ainda que, recentemente, “surgiram, na investigação, referências ao nome do ex-Presidente Lula como pessoa cuja atuação foi relevante para o sucesso da atividade criminosa, tanto no tocante à quitação do empréstimo obtido pelo Partido dos Trabalhadores junto ao Banco Schahin, por meio do direcionamento ilícito de contrato da Petrobras ao grupo Schahin, a pedido de José Carlos Bumlai, como para que um negócio entre OSX e Sete Brasil se efetivasse. No último caso, há notícia de pagamento de propina que seria destinada, segundo Bumlai teria informado, para parente do ex-Presidente”.
Testemunhas compradas
As buscas acontecem um dia depois de a revista Isto É ter revelado que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinham conhecimento do esquema de corrupção na Petrobras.
De acordo com a revista, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) chegou a um acordo de delação premiada (com redução de pena) com a Justiça para denunciar que o ex-presidente Lula comprou o silêncio de testemunhas no processo.
Dilma Rousseff também teria usado a sua influência para evitar a punição dos empresários Marcelo Odebrechet e Otávio Marques de Azevedo (CEOs das construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez respectivamente), pedindo ao senador que interviesse junto do juiz Marcelo Navarro, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), para garantir que votaria pela libertação dos empreiteiros presos no âmbito da Operação Lava Jato.
Delcídio do Amaral foi o primeiro senador na história da democracia brasileira a ser detido em exercício de funções, em novembro, quando foi revelada uma gravação na qual oferece 50 mil reais por mês e um plano de fuga ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, para que este não fizesse um acordo de delação premiada com o Ministério Público. Terá sido Lula quem ordenou o pagamento do suborno a Cerveró.
Numa nota divulgada pelo Instituto Lula esta quinta-feira, o ex-presidente tinha afirmado que “jamais participou, direta ou indiretamente, de qualquer ilegalidade, seja nos fatos investigados pela Operação Lava Jato, ou em qualquer outro, antes, durante ou depois de seu governo”.
AF, ZAP
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