O comentador Luís Marques Mendes afirmou que preferia que Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e o Augusto Santos Silva não estivessem presentes no mundial de futebol no Qatar, “para dar um sinal claro de condenação da situação” de violação de direitos humanos.
Na sua opinião, este será o mundial “mais polémico de sempre. Primeiro, a polémica que lhe deu origem, a da corrupção; depois, a polémica em torno de um país que não respeita os direitos humanos”.
“Por tudo isto, gostava que PR [Presidente da República], o PAR [presidente da Assembleia da República] e o PM [primeiro-ministro] não fossem ao Qatar. Para dar um sinal claro de condenação da situação”, continuou.
“E não me digam que ir é necessário por causa do apoio a Seleção. Há milhões de portugueses que não vão ao Qatar e estarão à mesma a torcer pela Seleção”, frisou.
Ainda a nível do desporto, e relativamente à entrevista de Cristiano Ronaldo – que considera “absolutamente surpreendente” -, referiu que se trata de “uma grande operação de marketing”.
“Neste mundial as atenções iam estar focadas em Mbappé, Neymar e Messi. Ronaldo estaria “fora” das atenções. Agora tudo mudou. Os holofotes passaram a estar também centrados em Ronaldo”, notou.
Se “o mundial lhe correr bem, a entrevista passa como tendo sido um grande golpe de asa de Cristiano Ronaldo; se o mundial lhe correr mal, Ronaldo vai ser muito criticado. Até vai ser acusado de com esta entrevista ter desestabilizado a Seleção”.
“Surpreendente, finalmente, porque Ronaldo com esta entrevista despede-se do Manchester United. Nunca mais tem condições para lá voltar. Mas não é uma forma bonita e elegante de se despedir. Este não é o Ronaldo a que estávamos habituados”, comentou ainda.
“Cristiano Ronaldo está a viver o drama do fim da carreira. Sair é sempre difícil. Mais difícil ainda para estes “craques”. Mas alguém, amigo de Ronaldo, devia explicar-lhe: saber sair é uma arte. E ele, por tudo quanto fez, merece sair pela porta grande. Para isso, deve sair antes que seja tarde de mais”, finalizou.
Quanto à “Operação Teia”, indicou que esta “já fez uma baixa política – Miguel Alves que saiu do Governo. E esta semana – ainda que em assunto distinto, a CM [Câmara Municipal] de Caminha anulou o negócio que Miguel Alves tanto defendeu”.
“Afinal era tudo tão claro, tão transparente, tão estratégico, tão importante e agora anula-se tudo? E, aqui chegados, a última pergunta: o negócio foi anulado. Muito bem. E os 300 mil euros adiantados ao empresário? Como é que o Município os vais reaver? Convinha explicar”, rematou.
Sobre o facto de Luísa Salgueiro, a presidente da Câmara de Matosinhos e da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), ser constituída arguida, Marques Mendes disse que “na política, não vale tudo”.
“Luísa Salgueiro nomeou a sua chefe de gabinete sem concurso. Como fizeram dezenas de autarcas do PSD pelo país fora. E todos fizeram bem. Por lei, os Presidentes de Câmara têm direito à livre nomeação dos seus chefes de gabinete. Tal como os ministros. São pessoas da sua confiança pessoal e política”, notou
E acrescentou: “o que deve exigir, neste caso, não é a saída de Luísa Salgueiro: é que o MP [Ministério Público] corrija o erro “grosseiro””.
No que toca às reportagens sobre a PSP e a GNR, defendeu que essas “atitudes não são próprias de servidores do Estado. São atos próprios de verdadeiros energúmenos. Quem serve as Forças de Segurança não pode ter este tipo de comportamentos” – “o discurso do ódio, do racismo e da violência é crime”.
“Punir estes atos não é limitar o direito à liberdade de expressão. É defender os valores da Constituição. Não servem de justificação as condições dos agentes da PSP e GNR, designadamente os baixos salários. O que aqui está em causa não é a falta de condições. É a falta de idoneidade para servir na PSP e GNR”, indicou.
Relativamente ao míssil que caiu na Polónia, disse que “é preciso mais cuidado nas notícias sobre a guerra” e que “as audiências e o sensacionalismo não podem valer tudo”. “A Rússia é a grande criminosa desta guerra, mas isso não nos dá o direito de lhe assacarmos instantaneamente todas as responsabilidades”, referiu.
“Confirmam-se claramente os sinais de que a Rússia e a NATO estão a fazer tudo para não escalar o conflito. Para que a guerra não tenha dimensão maior. No meio de tanta tragédia, este cuidado é importante. Mostra algum bom senso”, concluiu.
Sobre o livro de Luís Rosa, “é um grande sucesso. Primeiro, pelo vendaval político que gerou. Depois, porque é um trabalho sério e profissional. Finalmente, porque não deixa ninguém indiferente. Pode-se concordar ou discordar, mas ninguém passa ao lado do livro”.
“O processo que o PM anunciou contra o ex-Governador. Muita gente achou um exagero e intimidação. Mas o PM tem direito a fazê-lo. É legítimo; os pedidos ao PM para que explique por que é que achava inoportuna a saída de Isabel dos Santos do BIC. São pedidos igualmente legítimos. O PM devia responder. É um dever”.
Já quando ao BANIF, Marques Mendes mantém o que disse em 2015, quando criticou o Governo PSD/CDS por ter adiado as eleições da venda do BANIF. “Só que agora há documentos novos sobre a forma como “se vendeu” o Banco, já depois das eleições”.