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De trunfo político a pesadelo. LMM fala de Centeno e diz que falta “marca” de Costa no OE

Mário Cruz / Lusa

Luis Marques Mendes

Luís Marques Mendes considerou este domingo, no seu habitual espaço de comentário na SIC, que o ministro das Finanças, Mário Centeno, que já foi um “trunfo político e eleitoral” para o primeiro-ministro, é agora “cada vez mais um pesadelo para os seus colegas e mesmo para o PS”. 

“[Mário Centeno] não tem mais nada a conquistar”, apontou. “Depois de acabar com o défice e conquistar um superávit, já tem o seu lugar na história”.

Quanto mais tarde Centeno sair [do Governo], pior” será para o governante, disse o antigo presidente do PSD, dizendo que o ministro “vai ser cada vez mais contestado e fragilizado” internamente, até porque está “em rota de colisão” com António Costa”.

“é cada vez mais fator de problema do que fator de solução”, disse, antecipando por onde passará o futuro do titular das Finanças. “Se sair no próximo ano, irá seguramente para governador do Banco de Portugal”, apontou.

Em entrevista ao semanário Expresso, este sábado divulgada, Mário Centeno disse que não pensa, para já, recandidatar-se à presidência do Eurogrupo, deixando em aberto uma eventual saída para o Banco de Portugal.

Não vejo nenhum conflito de interesses“, começou por dizer. Dou dois exemplos: um dos vice-presidentes do BCE foi ministro das Finanças de Espanha. E o meu colega eslovaco também transitou das Finanças para o banco central. Estou só a dar exemplos”, disse Mário Centeno quando questionado sobre eventuais incompatibilidades caso o ministro das Finanças saia da Governo para o Banco de Portugal.

Orçamento sem marca de Costa

Durante o seu comentário, Luís Marques Mendes, que é também Conselheiro de Estado, analisou a proposta de Orçamento de Estado, que na semana passada foi entregue na Assembleia da República e apresentada por Mário Centeno.

Na sua opinião, falta ao documento a “marca” de António Costa, embora tenha a marca de Centeno. “Falta um rumo, um objetivo estratégico, uma causa”.

“Mal ou bem, os orçamentos da geringonça tinham um rumo, o rumo da recuperação de rendimentos”, enquanto o Orçamento para 2020 “não tem qualquer rumo, esgota-se nas contas certas” e o “resto é navegação à vista, é tudo avulso”, disse, elogiando o excedente orçamental e criticando o “novo aumento da carga fiscal”.

O OE2020 é  “um aglomerado de medidas” para obter votos a favor de PAN, Livre, PSD Madeira, BE e PCP. “É navegação à vista”, insistiu. “Se houvesse uma oposição, o Governo assustava-se com este constante aumento da carga fiscal” e “arrepiava caminho”.

No seu entender, o líder do PSD, Rui Rio, já devia ter anunciado o seu voto contra. “Parece que está a hesitar”, disse, constatando que este OE traz “aumento da carga fiscal, crescimento medíocre, não tem medidas, não tem reformas” e, por isso, Rio já o devia ter chumbado. “Dá imagem de um líder frouxo (…) “Parece um aliado do Governo”.

Apesar de considerar que o documento vai passar, o comentador político tem dúvidas quanto à solução que Costa vai encontrar: se “tem uma aprovação pífia, ou seja, aprovado pelo PAN, Livre e PSD Madeira”, ou se vai mais além.

“Para ter aprovação política tem de ter o voto de PCP e BE. PCP e Bloco de Esquerda só têm uma opção: absterem-se. Se votassem a favor, é um triplo erro, sendo o principal o voto num Orçamento de Estado que tem excedente. Já engoliram sapos com redução do défice, agora era engolir um zoo inteiro. Votar contra? Não faz sentido. Apesar de tudo, este orçamento é uma lógica de continuidade”.

Se comunistas e bloquistas optarem por votar contra, “ninguém os vai compreender”, porque “passar da aprovação no passado para a rejeição no presente é passar do 8 para o 80” e, “apesar de tudo, este Orçamento do Estado tem muito de continuidade”, insistiu.

ZAP //

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