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Tudo a postos para a JMJ. Nem foi preciso o “improviso português”

Tiago Petinga / Lusa

O Presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas

A menos de uma semana da Jornada Mundial da Juventude, Carlos Moedas garantiu que está “tudo preparado”, e reforçou que o evento vai trazer um “retorno absolutamente extraordinário”, para a cidade de Lisboa.

A abertura oficial da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023, na próxima terça-feira, dia 1 de agosto, será feita no Parque Eduardo VII, no coração de Lisboa.

Nesse mesmo local, Carlos Moedas fez um balanço “positivo” do trabalho feito para acolher este evento organizado pela Igreja Católica, que contará com a presença do Papa Francisco.

Em entrevista à Lusa, o autarca reitera o otimismo relativamente ao sucesso do evento e manifesta “orgulho” perante o trabalho do município.

“Há mais de 3.500 pessoas da câmara” a trabalhar todos os dias na JMJ, “para que tudo corra bem (…) a preocupação é diária e será sempre até ao fim da Jornada”, garantiu o autarca.

Moedas diz que Lisboa conseguiu transmitir ao Mundo que Lisboa é “uma cidade que muito antes do evento já tinha tudo preparado”, contrariando a ideia de que em Portugal, “muitas vezes, tudo é feito à última hora, que é preciso o improviso”.

Moedas referiu que, quando tomou posse, a 18 de outubro de 2021, “sabia que este era um dos maiores desafios do meu mandato”, frisou, sublinhando que a preparação da JMJ foi “uma grande experiência profissional”.

Em quase dois anos de mandato foi possível fazer “algo de absolutamente extraordinário”, nomeadamente a transformação do Tejo-Trancão num parque verde, com mais de 30 hectares, com uma ponte ciclo-pedonal e com um altar-palco, infraestruturas construídas a propósito da JMJ, mas que irão ficar para fruição da cidade”, apontou.

Carlos Moedas destacou ainda o investimento em equipamentos para os bombeiros, para a polícia municipal e proteção civil, que ficarão após o evento como “um legado à cidade”.

São esperadas, em Lisboa, entre os dias 1 e 6 de agosto, para a JMJ, mais de um milhão de pessoas – e o Papa Francisco é uma delas.

“Um retorno absolutamente extraordinário”

O presidente da Câmara de Lisboa assegura que o investimento municipal no evento se mantém dentro do limite de 35 milhões de euros – dos quais 25 milhões são investimento na cidade e 10 milhões no evento.

Procurando fazer contas ao retorno económico, o autarca de Lisboa indicou que, se um milhão de jovens participar na JMJ, estiver na cidade sete ou oito dias e gastar 40 ou 50 euros por dia, resultará numa “quantia de 200 a 300 euros, no mínimo, que cada pessoa destas traz para Lisboa, multiplicado por um milhão, são 200, 300 ou 400 milhões” de euros.

“Estamos a falar aqui em centenas de milhões de euros [….]. Neste caso, podemos retirar o fator religioso, até porque eu penso que o Papa quer que seja um evento para todos os lisboetas, e, retirando esse fator, nós temos aqui um retorno que é muito maior do que qualquer outro evento teve alguma vez para a cidade”, reforçou Moedas.

Relativamente a custos indiretos associados à JMJ, como o desconto de 50% no acesso a espaços culturais da cidade para os peregrinos, o autarca diz que se trata de receita que a câmara abdica e não de “investimento puro e duro”, considerando que esse montante “é marginal”.

Sobre o impacto da JMJ no aumento da procura turística, que pode ter consequências no acesso à habitação, o autarca defendeu que “o turismo é importante para cidade, mas não é o turismo que está a retirar casas às pessoas”.

“Se a Jornada Mundial da Juventude tem um impacto negativo na habitação em Lisboa? Não, não tem. A Jornada Mundial da Juventude é um evento durante sete dias, em que as pessoas vêm a Lisboa, estão cá sete dias, depois vão-se embora, e nesses sete dias vão gastar 200 ou 300 milhões de euros a consumir e, portanto, com impacto económico direto positivo na cidade”, frisou o presidente da câmara.

“O turismo dá trabalho às pessoas, cria empregos. Depois, há pessoas que vêm do estrangeiro, que se instalam em Portugal e que podem pagar preços de imobiliário mais altos e que podem fazer subir os preços, isso é outro tema…”, atirou.

O autarca do PSD realçou a prioridade que tem em investir em habitação municipal, dispondo de 800 milhões de euros, verba que diz que não tem comparação, nem mesmo na altura do PER – Programa Especial de Realojamento, iniciado em 1993.

“Ajudo, mas não participo religiosamente”

Questionado sobre a disponibilidade para apoiar eventos de outras religiões, Carlos Moedas assegurou que “a câmara municipal tem feito eventos de variadíssimas regiões”, sublinhando que a ideia do Papa Francisco na JMJ é “honrar outras religiões, com encontros inter-religiosos, com encontros ecuménicos entre várias religiões e, também, de jovens que não têm religião”.

“Essa é a grande marca desta Jornada Mundial da Juventude”, explicou.

“O Estado português é um Estado laico e o presidente da câmara deve manter essa postura de Estado e essa postura da câmara municipal […]. Eu ajudo ao evento, mas eu não participo religiosamente”, declarou o social-democrata, referindo que as convicções religiosas de cada um são do foro pessoal, ainda que as suas sejam publicamente conhecidas como “agnóstico convicto”, mas que, até pela força política que representa – PSD –, tem “profundos valores cristãos”.

O autarca de Lisboa reforçou que participa na JMJ como já participou em eventos da religião muçulmana, como no Iftar, afirmando que, quando foi o “romper do jejum dos muçulmanos em Lisboa, estava na mesquita”.

O autarca disse que também esteve na celebração da Hanukkah para os judeus e assegurou que estará noutras religiões, porque deve “manter essa equidistância”.

Para o presidente da câmara, “ser laico não é estar contra as religiões, é estar com as religiões e aqueles não têm religiões”.

“Hoje em dia, esta fricção em que vivemos, constante na sociedade, em que temos de estar contra uns ou contra outros, o meu papel é ao contrário, é estar com todos”, reiterou.

Considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, a jornada nasceu por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso de um encontro com jovens em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.

As principais cerimónias, em Lisboa, da jornada decorrem no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures, e no Parque Eduardo VII, no centro da capital.

ZAP // Lusa

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