O número de infetados pelo novo coronavírus pode ser seis vezes superior ao conhecido, revela o primeiro inquérito serológico nacional. Quase metade dos infetados é assintomática.
Os resultados preliminares do Inquérito Serológico Nacional Covid-19, promovido pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), revelam que cerca de 300 mil portugueses já terão sido infetados pelo novo coronavírus. Para piorar a situação, quase metade (44%) é assintomática.
“Portugal regista uma seroprevalência global de 2,9% de infeção pelo novo coronavírus”, conclui o INSA. Isto significa que o valor real de infetados em Portugal é seis vezes superior ao conhecido, escreve a Renascença.
Os resultados agora divulgados confirmam a “evidência de subcaptação de casos ligeiros ou assintomáticos pelos sistemas de vigilância”. De acordo com os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS), desde o início da pandemia registaram-se 51.072 casos de infeção pelo novo coronavírus e 1.735 mortes.
Além disso, a seroprevalência foi mais elevada nas pessoas que relataram ter tido um contacto prévio com um caso suspeito ou confirmado de covid-19 (22,3% versus 2,0%) e naqueles com sintomatologia compatível com a doença (6,5% contra 2,0%).
Os resultados mostram que a seroprevalência é duas vezes mais elevada nos homens que nas mulheres, embora haja mais homens infetados do que mulheres.
A seroprevalência é também três vezes superior em indivíduos com menor escolaridade. “Interpretamos isto como poderem ter sido estas pessoas a trabalhar mais durante este período e ter maior nível de contactos”, revelou a coordenadora do inquérito, Ana Paula Rodrigues.
“É esta diferença de escolaridade que explica também a diferença entre homens e mulheres. Encontramos número de anticorpos mais elevado no sexo masculino – 4.1%, uma diferença que está relacionada com o nível de escolaridade, já que se verifica uma diferença também entre homens e mulheres na nossa amostra”, acrescentou.
Em abril, Jaime Nina, médico infecciologista do hospital Egas Moniz, já garantia que “a esmagadora maioria” dos casos de covid-19 vão acabar por não ser notificados no Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE).
“Há uma subnotificação massiva. As autoridades têm tentado melhorar o sistema. Só que, em vez de o melhorarem do ponto de vista informático, tentam penalizar os profissionais quando não preenchido devidamente”, explicou.
Coronavírus / Covid-19
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Tendo em conta a característica assintomática desta estirpe, pensar que pode ser seis vezes superior ao conhecido, é pura incerteza. Não ficaria surpreendido em saber que todos nós albergamos de forma latente este bicharoco, no imediato letal para alguns !