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Apenas 2,9% dos portugueses tem anticorpos à covid-19

Andrea Fasani / EPA

A percentagem da população portuguesa com anticorpos (seroprevalência) ao coronavírus SARS-Cov-2 é estimada em 2,9%, um valor inferior ao necessário para alcançar uma potencial imunidade de grupo, revelam os resultados preliminares do Inquérito Serológico Nacional Covid-19 hoje divulgados.

Os resultados do primeiro Inquérito Serológico Nacional Covid-19 concluem que “Portugal regista uma seroprevalência global de 2,9% de infeção pelo novo coronavírus na sua população [perto de 300.000 pessoas], não tendo sido encontradas diferenças significativas entre regiões e grupos etários, refere em comunicado o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), promotor do estudo.

A seroprevalência foi mais elevada nas pessoas que relataram ter tido um contacto prévio com um caso suspeito ou confirmado de covid-19 (22,3% versus 2,0%) e naqueles com sintomatologia compatível com a doença – febre, arrepios, astenia, odinofagia, tosse, dispneia, cefaleias, náuseas/vómitos e diarreia – (6,5% contra 2,0%).

Cerca de 44% das pessoas com anticorpos específicos contra o novo coronavírus não referiram qualquer sintoma anterior de covid-19.

As conclusões apontam que as diferenças entre a percentagem da população com anticorpos à covid-19 e o número de casos de infeção reportados se devem à dificuldade dos sistemas de vigilância em captarem casos ligeiros ou assintomáticos da doença.

O inquérito teve como objetivo “caracterizar a distribuição dos anticorpos específicos contra SARS-CoV-2”, determinar a extensão da infeção na população residente em Portugal, determinar e comparar a seroprevalência por grupo etário e por Região de Saúde e a fração de infeções assintomáticas.

Relativamente à distribuição por sexo, o estudo indica que a seroprevalência estimada foi mais elevada nos homens (4,1%) do que nas mulheres (1,8%).

Analisando as idades, verificaram-se valores semelhantes para os grupos etários em estudo, variando entre 2,2% (dos 10 aos 19 anos) e 3,2% (dos 40 aos 59 anos).

Entre as diferentes Regiões de Saúde, a percentagem da população com anticorpos ao SARS-Cov-2, que causa a doença covid-19, variou entre 1,2% no Alentejo e 3,5% em Lisboa e Vale do Tejo, “embora sem significância estatística”.

Por nível de escolaridade observaram-se “diferenças estatisticamente significativas” entre os valores de seroprevalência estimados, que se revelou mais elevado nas pessoas que completaram o ensino secundário (6,4%) e mais baixo nos que concluíram o ensino superior (1,4%).

Para a coordenadora do inquérito, Ana Paula Rodrigues, os resultados encontrados “aconselham a manutenção das recomendações de proteção individual e coletiva para todos os indivíduos, independentemente do respetivo nível de anticorpos específicos contra SARS-CoV-2”.

Mostram também “a necessidade de monitorizar a evolução da seroprevalência destes anticorpos na população, de acordo com a evolução da epidemia em Portugal”, afirma Ana Paula Rodrigues citada no comunicado.

O trabalho de campo do inquérito decorreu entre 21 de maio e 08 de julho, tendo sido recrutados 2.301 participantes, com idade superior a um ano, distribuídos por todas as regiões de saúde do continente, Açores e Madeira.

Os resultados revelam também uma seroprevalência global de acordo com valores obtidos noutros estudos seroepidemiológicos de base populacional e âmbito nacional realizados noutros países, acrescenta.

Os testes foram feitos em 96 laboratórios de análises clínicas 18 hospitais do Serviço Nacional de Saúde parceiros no Inquérito serológico Nacional.

Em Portugal, segundo a Direção-Geral da Saúde há cerca de 51.000 pessoas confirmadas com a infeção.

// Lusa

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