O Governo não tem intenções, nem poder para limitar as celebrações religiosas do próximo 13 de Outubro no Santuário de Fátima. É a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, quem o diz depois da multidão que se juntou no recinto no último domingo.
O que aconteceu no domingo, 13 de Setembro, foi “um ajuntamento inesperado”, considera a ministra em entrevista à TVI, notando que “foram fechadas as entradas a partir desse momento”.
“Não se pode apontar à Igreja Católica nada que não tenha sido uma extrema colaboração com todas as cautelas que precisávamos de ter, encerrando praticamente todas as actividades antes do tempo em que tal foi estabelecido”, frisa ainda Mariana Vieira da Silva.
Quando se avizinha o 13 de Outubro, outra data simbólica do mundo católico que costuma reunir milhares de pessoas no Santuário de Fátima, a ministra da Presidência lembra que o Governo não tem “nenhumas condições” para limitar eventos políticos ou religiosos.
De resto, Mariana Vieira da Silva destaca que “fazem parte de liberdades que também temos de preservar”.
“Não há nenhuma regra que o Governo possa definir“, acrescenta, notando que cada qual deve agir “de forma consciente”.
A ministra salienta, porém, que o Governo vai “acompanhar as cerimónias [do 13 de Outubro] na medida em que as próprias instituições, muitas vezes, recorram à ajuda e à colaboração do Estado para essa organização”.
Num sinal de que a Igreja Católica pretende estabelecer essa parceria com o Governo, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, revela que “já chegou um pedido de reunião ao gabinete por parte da instituição, o que revela bem a preocupação acrescida”.
Essa reunião deve ocorrer nos próximos dias e Lacerda Sales aponta que é premente que o Santuário de Fátima esteja “devidamente prevenido e preparado” para o 13 de Outubro.
DGS não quer mais de 50 mil pessoas no Santuário
A Direcção-Geral da Saúde (DGS) estará a planear impor um máximo de 50 mil pessoas no recinto do Santuário, de acordo com o que apurou o Correio da Manhã (CM).
O jornal refere que a autoridade de saúde deverá impor “regras mais restritivas” para evitar aglomerados semelhantes aos de domingo passado.
Assim, o Santuário, cuja capacidade é de 300 mil pessoas, só deverá acolher “um sexto” dos visitantes, refere o mesmo CM.
Além disso, deverão ser impostas medidas como um “sistema de controlo de entradas”, o que implicará a colocação de uma “cerca em todo o recinto”, bem como sinalética que promova o distanciamento social.
O acesso ao Santuário de Fátima foi bloqueado no domingo quando o complexo religioso atingiu a lotação máxima permitida no contexto da pandemia de covid-19.
O secretário de Estado da Saúde constata que a Igreja Católica teve, num passado recente, “um comportamento exemplar e de diálogo constante e permanente com as autoridades de saúde”.
“Estou convencido que o que se passou [domingo] foi que a instituição não estaria à espera, porque não era habitual em outros anos, ter tanta gente e, provavelmente, quando se apercebeu do número de pessoas bloqueou as entradas”, sublinha.
A comparação (inevitável) com a Festa do Avante!
Depois das palavras do secretário de Estado, o ex-dirigente do Bloco de Esquerda Daniel Oliveira veio criticar “as reacções mediáticas e partidárias” que surgiram no âmbito da Festa do Avante! e que, agora, não se verificam relativamente a Fátima.
Num artigo de opinião no Expresso, Daniel Oliveira fala de uma “medida de emergência e improvisada” no Santuário de Fátima, considerando que, apesar disso, “teve um tratamento mais simpático do que todas as medidas preventivas do PCP, tratadas com desconfiança ou desdém”.
“A motivação contra o PCP nada teve a ver com saúde pública”, “o objectivo era calar o PCP”, considera ainda Daniel Oliveira, concluindo que “há quem use a pandemia para tentar limitar a liberdade política dos seus opositores”.
Quanto ao Santuário de Fátima, Daniel Oliveira escreve também que terão estado, no domingo, “cem mil pessoas” no local “que tem 7,2 hectares”. “O PCP propôs-se receber 33 mil (a DGS aconselhou 17 mil) num espaço de 30 hectares”, nota.
“Com uma área quatro vezes superior, a Quinta da Atalaia propôs-se receber um terço (a DGS aconselhou um sexto) das pessoas que estiveram no Santuário de Fátima”, reforça.
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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É uma vergonha esta dualidade de critérios, a quinta da atalaia, onde se realiza a festa do avante, é um espaço muito superior ao espaço de Fátima e a lotação permitida no joelhódromo é muito superior. Haja vergonha na cara!