Israel mata 31 palestinianos em centro de ajuda em Gaza, diz o governo do palestiniano

1

HAITHAM IMAD/EPA

Israel matou pelo menos 31 pessoas após disparar sobre palestinianos em centros de distribuição de ajuda humanitária em Gaza. O acordo para o cessar-fogo está parado, com Israel a recusar os termos exigidos pelo Hamas.

O exército israelita matou hoje de madrugada 31 pessoas que aguardavam por alimentos em pontos de distribuição de ajuda humanitária em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, anunciou o governo do enclave palestiniano.

Testemunhas disseram que as forças israelitas dispararam contra multidões a cerca de um quilómetro de um local de ajuda gerido por uma fundação apoiada por Israel, segundo a agência norte-americana Associated Press (AP).

Além dos mortos, mais de 150 pessoas ficaram feridas, segundo o governo do grupo extremista Hamas, que controla Gaza desde 2007.

“As forças de ocupação israelitas cometeram um novo massacre contra civis esfomeados que se tinham reunido em pontos designados para a distribuição da chamada ‘ajuda humanitária’”, declarou o governo de Gaza num comunicado.

O exército israelita ainda não se pronunciou sobre o incidente, de acordo com a agência de notícias espanhola EFE.

Fontes locais disseram que tanques israelitas abriram fogo contra “todos os civis” que se tinham aproximado de um ponto de distribuição no bairro de Tel al Sultan, em Rafah.

A Defesa Civil de Gaza advertiu que as equipas de socorro não podiam chegar ao local do ataque “devido ao perigo extremo”, porque as forças israelitas estavam a abrir fogo contra as zonas próximas dos centros de distribuição.

O hospital Al Wada, em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, registou a morte de um cidadão de Gaza e 18 feridos, incluindo três crianças, perto de outro ponto de ajuda na zona de Netzarim, na sequência de ataques israelitas hoje de manhã.

“Está provado pelo sangue, por testemunhas oculares, por relatórios de campo e até por avaliações internacionais que o projeto de ‘distribuição de ajuda humanitária através de zonas tampão’ é uma iniciativa falhada e perigosa”, acrescentou o governo do Hamas.

O número de mortos nos pontos de distribuição geridos pela Fundação Humanitária de Gaza, apoiada pelos Estados Unidos e por Israel, subiu para 39 e o número de feridos para mais de 220 em menos de uma semana, segundo as autoridades palestinianas.

As organizações internacionais, como as Nações Unidas, têm alertado para a situação de fome que se vive em Gaza devido ao bloqueio imposto por Israel ao enclave palestiniano de 2,4 milhões de habitantes.

Hamas faz 3 exigências para o cessar-fogo

O Hamas também já respondeu a uma proposta de cessar-fogo negociada pelos EUA, oferecendo-se para libertar 10 reféns israelitas vivos e 18 mortos em troca de um número não especificado de prisioneiros palestinianos.

No entanto, o grupo também exige alterações ao plano, incluindo um cessar-fogo permanente, uma retirada total de Israel de Gaza e garantias de ajuda humanitária contínua. Nenhuma destas medidas está incluída na atual proposta dos Estados Unidos.

A resposta do Hamas não foi nem uma clara rejeição nem uma aceitação da proposta, que Israel já aprovou. Steve Witkoff, enviado especial de Donald Trump para o Médio Oriente, descreveu a contraproposta do Hamas como “totalmente inaceitável” e instou o grupo a aceitar o quadro original para finalizar um acordo de cessar-fogo de 60 dias dentro de dias.

A proposta apresentada por Washington inclui uma interrupção dos combates durante 60 dias, a libertação de 28 reféns israelitas na primeira semana e a libertação de 1236 palestinianos e 180 cadáveres palestinianos em troca. Promete também a entrega de ajuda humanitária através da ONU e de outras agências.

O gabinete do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu reiterou que Israel já aceitou os termos atualizados, mas acusou o Hamas de se recusar a cumpri-los. Netanyahu afirma que qualquer cessar-fogo deve ser temporário e que a guerra só terminará quando o Hamas se render e abandonar o controlo de Gaza.

Já Basem Naim, funcionário do Hamas, acusou Israel de ignorar os pontos previamente acordados com o mediador americano, afirmando que esta abordagem unilateral viola a integridade do processo de mediação.

Desde que o conflito eclodiu em 7 de outubro de 2023, na sequência do ataque transfronteiriço do Hamas que matou cerca de 1200 pessoas e fez 251 reféns, o Ministério da Saúde de Gaza afirma que mais de 54 000 palestinianos morreram, incluindo mais de 4000 só desde março.

ZAP // Lusa

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.