Governo prepara limpeza de primavera: Blasco em risco, ministra da Saúde a salvo

António Pedro Santos / LUSA

O primeiro-ministro Luís Montenegro e a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco.

Polémicas acumulam-se na Saúde, mas será a ministra da Administração Interna a mais fragilizada do Executivo. Ana Paula Martins poderá demonstrar resultados positivos nos próximos momentos críticos, acredita o Governo.

O Governo está concentrado numa eventual remodelação no Executivo na próxima primavera e numa avaliação mais detalhada no outono, quando as eleições autárquicas e a aprovação do Orçamento de Estado estiverem à porta.

Quase um ano após a sua posse, o Governo liderado por Luís Montenegro enfrenta pressões políticas de vários cantos, especialmente no que diz respeito às ministras da Saúde e da Administração Interna.

Segundo fontes do Expresso, Margarida Blasco, da Administração Interna, é vista como a figura mais fragilizada do Governo, mas Ana Paula Martins, dona da pasta da Saúde, poderá demonstrar resultados positivos nos próximos momentos críticos, acreditará o Governo.

As polémicas acumuladas

As duas ministras são as governantes que mais polémicas acumulam.

A mais recente a atingir Ana Paula Martins ocorreu há dias, com a demissão do diretor-geral do SNS, Gandra D’Almeida, acusado de acumulação de funções e rendimentos. A ministra da saúde Ana Paula Martins teria conhecimento e ignorou a situação.

A ministra viu também uma série de mortes serem associadas à incapacidade de resposta do INEM numa altura de greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar (sobre a qual a ministra disse que não estava a par, tendo sido desmentida pela secretária de Estado).

Por mentir e não atuar no caos no INEM, vários partidos e o sindicato dos dentistas pediram a demissão de Ana Paula Martins, que disse que a sua continuidade “dependia dos resultados da investigação” às mortes alegadamente provocadas por ineficácia de resposta do INEM, mas que assumiu controlo da IGAS, que coordena a investigação, o que levou a acusações de “conflito de interesses“.

 

Margarida Blasco também tem somado momentos polémicos, com a sua ausência e silêncio em três casos: nos grandes incêndios da Madeira (tinha “o telemóvel desligado”, acusaram alguns autarcas), na morte de Odair Moniz, cabo-verdiano baleado por um polícia, e no assalto à Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna em Lisboa.

Blasco também foi desmentida pelo próprio Governo na discussão do direito à greve das forças de segurança, quis “tirar a fruta podre do cesto” que são as forças de segurança (frase que não caiu bem entre os polícias) e foi acusada de desvalorizar a manifestação dos bombeiros sapadores.

Apesar de tudo, Luís Montenegro não deixou cair nenhuma das duas. No caso de Ana Paula Martins, recusou-se a falar da sua demissão.

“Os ministros estão no Governo para resolver problemas. Não é para se arrastarem e tentarem, no fundo, contornar os problemas para que, eventualmente, mudando os protagonistas, os problemas subsistam”, disse na altura o chefe do Governo.

Autárquicas preocupam

Apesar das dificuldades, o núcleo próximo do primeiro-ministro mantém a narrativa de que o Governo está comprometido com a estabilidade e com o cumprimento do programa.

A remodelação governamental na primavera é um cenário discutido, com possíveis alterações dependentes da saída de figuras chave para a corrida autárquica. Este é o caso de Pedro Duarte, que será o preferido do primeiro-ministro para a Câmara do Porto. Ainda assim, a estratégia do Governo visa manter o foco na resolução de problemas estruturais e reforçar a confiança do eleitorado, dizem as fontes do semanário.

Dentro do PSD, a escolha tardia de candidatos para as autárquicas preocupa as estruturas locais, avança ainda o Expresso, especialmente em cidades importantes como o Porto, onde o adversário já está em campanha ativa. Lisboa, Figueira da Foz e Oeiras serão agora os principais focos de esperança para os sociais-democratas, algo que também se deve ao crescimento do Chega, particularmente a sul do Tejo.

ZAP //

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