O bairro do Zambujal está a ferro e fogo, depois da morte de um morador, às mãos da PSP, esta segunda-feira. Incêndios, paragens de autocarro destruídas, um autocarro apedrejado e muita gente na rua marcaram a noite desta segunda-feira.
Tudo começou na madrugada desta segunda-feira, quando um homem em fuga da polícia morreu após ser baleado por um agente, na Cova da Moura, na Amadora.
Em comunicado, a direção nacional da força de segurança adianta que o Comando Metropolitano de Lisboa intercetou o homem, de 43 anos, às 05h43, quando tentava resistir à detenção e agredir os agentes com uma arma branca.
“Minutos antes, na Avenida da República, na Amadora, o suspeito, ao visualizar uma viatura policial, encetou fuga para o interior do Bairro Alto da Cova da Moura, também na Amadora”, refere a PSP.
No local, acrescenta, “o condutor entrou em despiste, abalroando viaturas estacionadas, tendo o veículo em fuga ficado imobilizado”.
De acordo com a PSP, na Rua Principal daquele bairro do distrito de Lisboa, os agentes abordaram o suspeito, Odair Moniz, que “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.
“Esgotados outros meios e esforços”, indica, um dos polícias recorreu à arma de fogo e acabou por matar o homem.
De acordo com o Jornal de Notícias, Odair foi baleado duas vezes no peito. Dois outros tiros foram atirados para o ar.
Como escreve o Público, o cidadão cabo-verdiano, de 43 anos, era cozinheiro num restaurante em Lisboa e tinha três filhos.
Amadora a ferro e fogo
O clima ficou muito tenso na Amadora, particularmente no bairro do Zambujal, onde morava a vítima mortal.
A revolta dos moradores levou-os a fazer desacatos, com vários focos de incêndio, nomeadamente em caixotes do lixo, paragens de autocarro destruídas, um autocarro apedrejado e muita gente na rua.
O bairro também foi cercado e a polícia não conseguiu entrar.
Zambujal! Retaliação pela morte na Kova da Moura! pic.twitter.com/Ox3GCbGuQK
— (@Alentej4n0) October 21, 2024
As equipas de intervenção rápida e do corpo de intervenção da PSP conseguiram entrar no bairro pelas 22h30 de segunda-feira.
Antes, a PSP tinha explicado que estava a coordenar com os bombeiros para que os operacionais entrassem no bairro para apagar os focos de incêndio, tendo também proibido a entrada e saída de viaturas do bairro do Zambujal, continuando a autorizar a circulação dos habitantes.
Para o local foram destacados os bombeiros da Amadora e pelo menos uma equipa do INEM.
Pelas 23h45, continuava no local um forte dispositivo da PSP, que informou que não vai tolerar “comportamentos de uma minoria que ponham em causa a segurança de uma maioria”, adiantando que vai manter um reforço de meios no bairro do Zambujal.
Os polícias foram recebidos com hostilidade no Bairro do Zambujal, com a PSP a afirmar que não tolerará “comportamentos de uma minoria que ponham em causa a maioria”.pic.twitter.com/u31zbr5Weg
— Mundo Vivo (@mundo__vivo) October 22, 2024
Segundo a SIC Notícias, pelo menos uma pessoa ficou ferida. Terá sido agredida pela polícia quando chegava a casa vinda do trabalho. A PSP diz desconhecer, no entanto, essa suposta agressão.
Noite de Terror no Bairro do Zambujal, Amadora … foi desta maneira que os moradores mostraram o seu valor … com violência e destruição!
Quero deixar o meu total respeito e apoio a todas as Forças de Segurança!#SalvarPortugal #umdiaseratardedemais… pic.twitter.com/UYOuNmnp2V
— RUI PAULO SOUSA (@rpdsousa) October 22, 2024
Na manhã desta terça-feira, a polícia continuava acompanhar a situação no bairro.
A ministra da Administração Interna determinou, ainda esta segunda-feira, à Inspeção-Geral da Administração Interna a abertura de um inquérito “com caráter de urgente” sobre a morte deste cidadão.
Além deste inquérito na IGAI, a PSP já tinha anunciado a abertura de um inquérito interno junto dos polícias e de testemunhas para apurar as circunstâncias que originaram esta ocorrência.
ZAP // Lusa