Autarca de Arouca diz que não conseguiu falar com Margarida Blasco, ministra diz o inverso. Castro Daire foi o último cenário resolvido.
Os incêndios em Castro Daire, no distrito de Viseu, eram às 07:00 os fogos que mais meios mobilizavam, com mais de 800 operacionais no terreno, de acordo com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
Os dois fogos em Castro Daire eram os que mais preocupavam e mais meios mobilizavam, apesar da mudança no estado do tempo, com alguns aguaceiros registados na região.
O fogo que deflagrou às 21:23 de quinta-feira em Mões/Soutelo, no concelho de Castro Daire, mobilizava 726 operacionais, com o apoio de 231 meios terrestres.
Já o incêndio que deflagrou às 12:46 de terça-feira em Pinheiro, Moção, em Castro Daire, estava a ser combatido por 86 operacionais, com o apoio de 30 veículos.
Num ponto de situação, cerca das 00:50, o comandante sub-regional de Emergência e Proteção Civil de Viseu Dão Lafões, Miguel Ângelo David, disse que “há muito trabalho pela frente” no incêndio de Castro Daire e que “não é por caírem umas pinguinhas que poderemos considerar as coisas resolvidas”.
“Não choveu em todo o lado. […] Caíram umas pingas nalguns sítios, em alguns sítios também tenho reporte que choveu muito, mas as equipas continuam a fazer os trabalhos”, disse Miguel Ângelo David à agência Lusa.
Mas, já na manhã desta sexta-feira, os bombeiros anunciaram que os incêndios estavam dominados.
Refira-se que, nesta quinta-feira, Castro Daire chegou a ter 12 frentes ativas de fogos. Ardeu uma impressionante percentagem de 41,5% da área total do concelho, contabilizou a RTP.
Em Arouca, o outro local que mais preocupava, o incêndio ficou controlado nesta madrugada e já está em fase de resolução. Ardeu 16,5% da área do município. Os famosos Passadiços do Paiva arderam ao longo de 2km, cerca de 25% do total do percurso.
Vila Pouca de Aguiar, Penalva do Castelo, Peso da Régua ou Alijó também têm situações mais calmas, com incêndios dominados.
O telemóvel desligado
Precisamente em Arouca, a presidente da Câmara Municipal estava à hora de almoço a actualizar a situação dos incêndios, quando deixou uma crítica à ministra da Administração Interna, Margarida Blasco
Quando falava da falta de apoios, a autarca Margarida Belém diz que a população local esteve “isolada” na primeira noite de combate aos incêndios.
“Mas, já agora, deixem-me também dizer que, na primeira noite, senti falta de apoio, nomeadamente de quem lidera estas matérias. A senhora ministra tinha efetivamente o telemóvel desligado e não tínhamos a quem recorrer”, atirou a presidente da Câmara Municipal de Arouca.
Horas depois, o ministério da Administração Interna apresentou a versão contrária: garantiu que a ministra Margarida Blasco tentou contactar diretamente a presidente Margarida Belém, “quer para o seu telemóvel, quer para os Paços do concelho de Arouca. No entanto, em momento algum os telefones foram atendidos, pese embora a insistência”.
O mesmo comunicado indica que não há registo de qualquer telefonema por parte da presidente da Câmara de Arouca.
“Foi com total surpresa que tomámos conhecimento de uma notícia em que se relata que a senhora presidente da Câmara Municipal de Arouca terá tentado contactar a senhora ministra da Administração Interna, sem temporalizar o momento em que tal terá acontecido, e não terá conseguido o contacto”, acrescenta o ministério.
Já à noite, em conferência de imprensa, a ministra Margarida Blasco repetiu a versão do ministério: “Verifiquei que não tenho esse telefonema. O número de telefone que lhe foi dado não era o meu. O secretário de Estado (Paulo Simões Ribeiro) falou com ela”.
(artigo atualizado)
ZAP // Lusa