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Governador admite voltar a analisar idoneidade de Ricciardi

Banco Central Europeu

Carlos Costa, governador do Banco de Portugal

Carlos Costa, governador do Banco de Portugal

O processo de análise da idoneidade dos gestores de instituições financeiras está sempre em aberto, salientou esta segunda-feira o governador do Banco de Portugal, admitindo voltar a avaliar a liderança de José Maria Ricciardi no BES Investimento.

Questionado na comissão de inquérito parlamentar à gestão do BES/GES sobre as razões que levaram o Banco de Portugal a insistir no afastamento dos elementos da família Espírito Santo dos órgãos sociais do Banco Espírito Santo (BES), mas permitindo a permanência de Ricciardi na liderança do BES Investimento, Carlos Costa deixou no ar a possibilidade de voltar a analisar a matéria.

“Ricciardi, tal como os outros elementos da famílias Espírito Santo, foram afastados dos órgãos de gestão do BES. [Ficou decidido que] os elementos da família que continuavam nas filiais, enquanto não fosse provada a falta de idoneidade, ficavam”, afirmou.

Mas realçou: “Isso não invalida que o processo de idoneidade seja retomado. Isso, a seu tempo, se verá”.

A audição de Carlos Costa marca o arranque dos trabalhos da comissão de inquérito à gestão do BES e do GES.

A comissão terá um prazo de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado, e tem por intuito “apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades”.

Será também avaliado, por exemplo, o funcionamento do sistema financeiro e o “processo e as condições de aplicação da medida de resolução do BdP” para o BES e a “eventual utilização, direta ou indireta, imediata ou a prazo, de dinheiros públicos”.

A 03 de agosto, o BdP tomou o controlo do BES, após o banco ter apresentado prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades.

No chamado banco mau (“bad bank”), um veículo que mantém o nome BES, ficaram concentrados os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas, enquanto no banco bom, o banco de transição que foi designado Novo Banco, ficaram os ativos e passivos considerados não problemáticos.

/Lusa

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