O antigo chanceler alemão Gerhard Schröder considerou hoje numa entrevista que a União Europeia (UE) é a principal responsável da crise ucraniana por ter obrigado Kiev a escolher entre um futuro com a UE ou com a Rússia.
Numa entrevista ao jornal alemão Welt am Sonntag, Schröder, amigo de longa data do presidente russo, Vladimir Putin, defendeu que “o erro fundamental resulta da política da UE a favor de um tratado de associação” que Bruxelas queria assinar com a Ucrânia.
“A UE ignorou o facto de a Ucrânia ser um país profundamente dividido culturalmente. Desde sempre, as pessoas do sul e do leste do país estão mais viradas para a Rússia e as do ocidente mais para a UE”, recordou.
“Podia-se falar de um tratado de associação, mas era preciso fazê-lo com a Rússia ao mesmo tempo. O erro de partida foi dizer que seria um tratado de associação com a UE ou uma união aduaneira com a Rússia”, adiantou.
Assegurando, por outro lado, que “erros foram cometidos por todas as partes”, Schröder não condena a anexação da Crimeia à Rússia, na sequência do referendo considerado ilegal pela comunidade internacional.
“A anexação da Crimeia é contestada no plano do direito internacional, mas agora é uma realidade. A Crimeia decidiu em referendo que queria ser uma região russa. E isso foi aplicado”. sublinhou.
Schröder também relativizou a influência de Moscovo sobre os separatistas pró-russos ucranianos.
Mais de sete milhões de ucranianos do leste são chamados a pronunciar-se hoje sobre a “independência” das “repúblicas populares” autoproclamadas de Donetsk e de Lugansk, duas regiões fronteiriças da Rússia, onde os separatistas controlam as principais cidades.
Durante a entrevista ao Welt am Sonntag, Schröder também falou sobre a festa organizada para celebrar os seus 70 anos em São Petersburgo e na qual esteve presente o presidente russo, Vladimir Putin, razão pela qual foi vivamente criticado na Alemanha.
“Desde que conheço Vladimir Putin, há mais de 14 anos, cumprimentamo-nos assim. Não vou mudar isso, mesmo nos períodos difíceis”, precisou Schröder.
Schröder também rejeitou as críticas daqueles que o acusam de tomar partido por ser presidente do grupo de acionistas da Nord Stream.
A Nord Stream, fundada para construir um gasoduto para transportar gás russo para a Europa via Báltico e, portanto, evitando a Ucrânia, é detida pela Gazprom, controlada pelo estado russo, com uma participação de 51%.
“A Nord Stream é uma empresa europeia, cuja sede é na Suíça”, e tem como acionistas os grupos alemães Eon e BASF, bem como a Gaz de France, recordou ainda o ex-chanceler alemão.
/Lusa
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