Galamba acha que pode ficar. Mas “alguém está a mentir” e Costa tem que falar

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André Kosters / Lusa

O Ministro das Infraestruturas, João Galamba

O ministro das Infraestruturas considerou hoje ter “todas as condições” para estar no Governo, negou contradições e realçou que os factos mostram que houve cooperação com a comissão de inquérito à TAP.

“Eu entendo que tenho todas as condições para participar neste Governo e estou aqui de facto como ministro das Infraestruturas neste Governo”, afirmou João Galamba, em conferência de imprensa, em Lisboa, após o caso da divulgação de notas do adjunto exonerado Frederico Pinheiro.

O ex-adjunto do ministro João Galamba saltou para a ribalta mediática num caso que envolve a TAP, agressões, uma acusação de roubo e até assessoras escondidas na casa de banho.

Na sexta-feira conheceu-se a exoneração de Frederico Pinheiro por “comportamentos incompatíveis com os deveres e responsabilidades” e as suas acusações a João Galamba, negadas categoricamente pelo ministro, de que tinha procurado omitir informação à comissão de inquérito (CPI) à TAP.

“Os factos mostram que não se trata aqui de haver versões contraditórias“, diz Galamba. “Os factos são claros, diria mesmo cristalinos, e demonstram à saciedade os esforços de todos os elementos da minha equipa, nas insistências reiteradas para que tudo fosse recolhido”, acrescentou.

Mas a oposição não está satisfeita com as explicações do ministro.

“Alguém está a mentir”

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, afirmou hoje que quem está a mentir vai ter que dar explicações.

De visita à feira agropecuária Ovibeja, Paulo Raimundo recorreu ao provérbio “quando maio chegar quem não arou, vai ter que arar” ao ser questionado pelos jornalistas sobre a polémica em torno da reunião preparatória com a ex-CEO da TAP.

E acrescentou: “Há três coisas que temos certas: primeiro é que maio vai chegar, nesses acontecimentos todos, houve quem mentiu e vai ter que se explicar e a TAP, que é aquilo que está no alvo disto tudo, querem que seja privatizada”, afirmou.

Aludindo ainda ao mesmo provérbio, Paulo Raimundo admitiu que o primeiro-ministro, António Costa, “está à espera de maio” para falar sobre o assunto e voltou a dizer que “quando maio chegar alguém vai ter que se explicar”.

“Há um problema, que é uma evidência e já vale a pena perguntas, respostas ou combinações. A questão de facto é que alguém mentiu, alguém está a mentir, nesta situação toda e é preciso saber quem mentiu e isso é que deve ter explicação”, disse.

O líder comunista considerou que “o crime de grande dimensão que está em curso é a privatização da TAP” e defendeu que esse processo tem que ser travado e que a companhia aérea deve ter uma gestão pública.

Na comissão de inquérito, há “tanta berraria, tanto barulho, tantos casos se sucedem, é uma evidência e não há como esconder isso, mas, no fim do dia, o caminho acelerado é a privatização da TAP”, referiu.

Governo fragilizado

A coordenadora do BE, Catarina Martins, considerou hoje que o ministro das Infraestruturas “tem muito poucas condições para continuar no Governo”, acusando-o de mentir sobre reunião preparatória com a ex-CEO da TAP, e criticou o silêncio do primeiro-ministro.

“Acabei de ouvir o senhor Presidente da República dizer que quer falar com o primeiro-ministro. Eu percebo que o senhor Presidente da República queira primeiro falar com o senhor primeiro-ministro. O que eu não percebo e é inexplicável é que o primeiro-ministro não fale ao país sobre todo este caso”, disse Catarina Martins, em conferência de imprensa na sede do BE, em Lisboa.

Na opinião de Catarina Martins, “todo o Governo está fragilizado” e é urgente que o primeiro-ministro, António Costa, “fale ao país”, deixando claro que “o ministro João Galamba tem muito poucas condições para continuar no Governo”.

“Ficámos a saber que o ministro João Galamba mentiu porque foi ele que convidou a CEO da TAP para uma reunião com o grupo parlamentar do PS e ficamos a saber só agora. Tinha sido negado esse convite até há pouco tempo. Omitiu que antes disso ele próprio tinha reunido com a CEO da TAP”, acusou, em referência à conferência de imprensa do ministro desta tarde.

Segundo a líder do BE, “este não é caso único” porque “o ministro João Galamba e o ministro Fernando Medina fizeram uma conferência de imprensa ao país dizendo que havia um despedimento com justa causa da CEO da TAP cuja fundamentação jurídica só foram pedir depois”.

ZAP // Lusa

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