O secretário-geral da Fenprof afirmou, este sábado, que ainda não estão asseguradas as condições que minimizem o risco de contágio por covid-19 nas escolas, acusando a DGS de incoerência ao validar recomendações do Governo que vão contra o que definiu.
Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, acusou, este sábado, a Direção-Geral de Saúde (DGS) de incoerência ao validar recomendações do Governo que vão contra o que definiu.
“Em relação ao documento [referencial para as escolas] não há muito a dizer. Não vem dar resposta ao problema a montante […]. Continuamos sem ter asseguradas as condições que minimizem as possibilidades de covid-19 na sala de aula”, assegurou, em declarações à Lusa.
Segundo a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), a decisão de encerrar uma escola ou de isolar um aluno ou qualquer outra pessoa infetada cabe à autoridade de saúde local, entidade que deveria realizar uma vistoria aos estabelecimentos de ensino antes da respetiva abertura.
Mário Nogueira sublinhou ainda que esta não é uma decisão fácil, tendo em conta que um professor infetado “já teve contacto com outros colegas e com várias turmas” e um aluno infetado “também já contactou com outros alunos e com a família”.
Para a Fenprof, o referencial da Direção-Geral da Saúde para as escolas não permite minimizar a possibilidade de “aparecer um caso de covid” nas estabelecimentos de ensino.
Pais veem “com bons olhos”
As confederações de pais veem com “bons olhos” o encerramento de escolas apenas em casos excecionais no contexto da pandemia, considerando que o ensino presencial é “fundamental” para os alunos em termos de saúde física e psicológica.
O presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) disse à Lusa ser “bom” que o regresso às escolas não seja “muito extemporâneo” e que tudo seja feito para que o regime presencial decorra até ao final do ano letivo. “Por isso, parece-me natural que só se feche uma escola em caso de exceção, o que não quer dizer que não se faça sempre que se justifique”, referiu Jorge Ascensão.
Manter uma escola a funcionar é, no seu entender, bom por todas as razões, sobretudo pela importância da saúde física e psicológica dos alunos.
Afirmando que as escolas não estão isoladas – logo, não são imunes aos contágios -, o dirigente considerou que na presença de um caso de infeção a primeira decisão não pode ser fechar o estabelecimento. Por vezes, acrescentou, o alarmismo para a situação é pior do que o problema em si.
“Pararmos não vai ser solução e vai trazer consequências gravíssimas para toda a gente, sobretudo ao nível da saúde”, reforçou.
A título de exemplo, Jorge Ascensão afirmou que as estradas têm perigos, mas não é por esse motivo que as pessoas deixam de andar nelas.
Partilhando da opinião, o presidente da Confederação Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) frisou que o ensino presencial é “indispensável”, sobretudo para assegurar a igualdade. “Não há risco zero, por isso, cada um de nós deve agir como um agente de segurança”, ressalvou Rui Martins.
Em jeito de crítica, o responsável sublinhou que se os pais deixam os filhos irem para os bares e praias à noite com os amigos, mais rapidamente devem confiar nas escolas e nos mecanismos traçados para agir em caso de identificação de um caso de infeção.
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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Para além das máscaras, da desinfeção das salas e lavabos e da higienização das mãos, nada mais garante a diminuição do risco de contágio nas escolas. Nenhuma escola a funcionar em pleno pode garantir distanciamento físico nem na sala de aula, nem nos corredores, nem nos pátios e recreios. Aliás, vai chegar-se ao rídiculo de estarem em permanência 29 pessoas numa sala de aula que não se poderão juntar nesse número num espaço público exterior à escola, onde o limite estabelecido, em estado de contingência, é de 10. Porque é que isto acontece? Simplesmente porque os pais tem de se deslocar para os seus locais de emprego.