O Governo insiste em manter as escolas abertas, apesar de especialistas, professores, sindicatos e os próprios alunos desejarem o encerramento devido ao agravar dos números da pandemia. Já entre os pais, há muita divisão…
“Estamos a bater-nos para manter escolas abertas, porque sabemos o custo social de fechar”, reforça o primeiro-ministro, salientando, contudo, que se se confirmar que “a estirpe inglesa se tornou dominante no nosso país vamos ter de fechar as escolas”.
A posição do Governo é de que o ensino à distância tem “um custo irreversível para a vida”, agravando as “desigualdades de aprendizagem”, em especial para os estudantes mais carenciados, como já vincou António Costa.
Também o Presidente da República já veio notar que “atropelar este ano lectivo era dramático“. Porém, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu o encerramento das escolas, apontando que o assunto será novamente abordado na próxima reunião do Infarmed, a 26 de Janeiro.
“Adiar aquilo que parece ser inevitável”
A temática não é consensual e até entre os especialistas há divergências. Contudo, para o epidemiologista Manuel Carmo Gomes, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, “estamos só a adiar aquilo que parece ser inevitável”, ou seja, o encerramento das escolas.
Em declarações à TSF, aquele que é um dos peritos com assento nas reuniões do Infarmed considera que, numa situação “de emergência sem precedentes” como a que vivemos, o fecho das escolas é fundamental.
“Não é tempo para estarmos em discussões académicas sobre onde os jovens se infectam. Temos de manter a protecção relativamente aos mais idosos”, aponta Carmo Gomes.
Também o coordenador do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos, Filipe Froes, entende que o encerramento das escolas ajudará a conter a progressão do número de novas infecções.
Este pneumologista refere, em declarações à Antena 1, que há dados que demonstram que “a partir dos 13 anos de idade, os níveis de incidência da infecção estão entre os mais elevados” e que “o mais elevado até é dos 18 aos 24 anos”.
“É com base nestes critérios que outros países fecharam as escolas”, sustenta Filipe Froes, frisando que “não é compreensível que numa situação de grande sacrifício para a população”, se mantenham as escolas abertas, “prejudicando o combate à pandemia”.
Pais preferem aulas presenciais, mas…
Porém, do outro lado da barricada, a Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) defende a posição do Governo, considerando os “impactos negativos” da suspensão das aulas presenciais, “nomeadamente ao nível da saúde mental das crianças”, como nota o líder da entidade, Jorge Ascenção, em declarações ao Público.
“Não é garantido que, com o fecho das escolas, as pessoas não saiam de casa”, diz ainda o líder da Confap.
Um inquérito feito pela Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) junto de cinco mil pessoas também revelou que “cerca de 50% dos pais que participaram, querem as escolas abertas“, como nota esta entidade.
Os resultados do inquérito revelados pela Lusa registam que 46,4% dos participantes defendem o encerramento das escolas e o ensino à distância, enquanto apenas 18,3% defendem o ensino exclusivamente presencial. Mas 11,8% querem os alunos mais velhos (do 3.º ciclo e do secundário) em regime de ensino online, enquanto 8% preferem um regime misto, com aulas presenciais e outras à distância.
“Os pais estão divididos quanto às medidas que devem ser aplicadas às escolas durante o confinamento”, aponta na Lusa o presidente da CNIPE, Rui Martins.
A posição generalizada dos pais é que “o ensino presencial é aquele que serve melhor as necessidades educativas e sociais” dos alunos, mas desde que sejam implementadas “todas as medidas que permitam a protecção da comunidade educativa, nomeadamente o aumento de meios materiais e humanos nas escolas”, regista, por seu turno, a Associação de Pais das Escolas do Agrupamento Dr. António Augusto Louro, no Seixal, distrito de Setúbal, numa nota no Facebook.
Entre as dúvidas com a saúde dos filhos e da família, devido ao medo do vírus, os pais também ficam preocupados por não saberem o que fazer aos menores se estes tiverem que ficar em casa.
Há quem não possa fazer teletrabalho, o que os coloca numa encruzilhada difícil. E mesmo que haja apoios do Governo, há sempre receios de perder o emprego.
“Reféns” das decisões do Governo
A reabertura dos ATL, espaços de Actividades de Ocupação de Tempos Livres, para crianças com idade até aos 11 anos que foi decretada pelo Governo, nesta semana, após o anúncio de novas medidas para o confinamento, foi aplaudida por muitos pais que não tinham onde deixar os filhos para ir trabalhar.
Mas mesmo os que fazem teletrabalho se deparam com os dilemas que o ensino à distância coloca, pois, além de terem que cumprir as suas tarefas laborais, acumulam ainda o fardo de fazerem de professores dos filhos, apoiando-os nas tarefas escolares ou tendo que resolver os problemas informáticos que aparecem sempre quando menos são desejados.
Além disso, há as tarefas domésticas essenciais à rotina dos miúdos, como os jantares, os lanches, bem como as inevitáveis brigas entre irmãos.
No meio disto tudo, há também aquelas crianças que não querem ir à escola que se tornou numa zona pouco amigável, devido a todos os condicionamentos associados à pandemia. A agravar isso tudo, está ainda o frio que sentem nas salas de aula por estes dias, uma vez que as escolas são aconselhadas a manterem as janelas e portas abertas para evitar a propagação do vírus.
“As escolas deviam perguntar aos pais e ter oportunidade de ter escolha”, defende uma encarregada de educação num comentário na página da CNIPE no Facebook. O facto de não poderem expressar-se deixa os pais a sentirem-se “reféns” das decisões do Governo, pois não podem “deixar de levar as crianças à escola”, conclui esta mãe.
Enquanto isso ficam atormentados com a forma como as coisas estão organizadas nas escolas. Há vários encarregados de educação que se queixam de que os estabelecimentos de ensino não enviam qualquer informação quando surgem casos positivos.
Por outro lado, há várias turmas onde surgiram casos positivos e onde não houve isolamento profiláctico de alunos, nem tão pouco se realizaram testes de despistagem.
Entretanto, há uma semana, a Direcção-Geral de Saúde (DGS) revelou que havia 63 surtos activos em estabelecimentos de ensino, num total de 467 infecções.
Agora, há 78 surtos activos, entre creches, escolas e Ensino Superior, abrangendo um total de 610 pessoas, conforme dados avançados pela TV124.
Há agrupamentos escolares, em diferentes pontos do país, com vários surtos, como são os casos de estabelecimentos em Ponte da Barca, no distrito de Viana do Castelo, com 260 alunos em isolamento em casa, e em Loures, no distrito de Lisboa, com 520 estudantes confinados.
Estudantes também querem encerramento
Pelas redes sociais, também é possível constatar os desabafos dos alunos que desejam o encerramento das escolas, entre piadas e considerações sérias, nomeadamente recordando o facto de o Governo ter decidido que é proibido as pessoas sentarem-se em bancos de jardim.
https://twitter.com/RitaCasal7/status/1351261651878764544
Em Lisboa, alguns alunos do 12º ano da Escola Padre António Vieira fizeram um protesto, defendendo o ensino à distância por temerem pela sua integridade física.
“Estamos muito preocupados, não só com a nossa saúde, mas também com a dos nossos professores (muitos deles já são idosos) e das nossas famílias”, como referiu uma aluna em declarações à TVI24, notando que há estudantes que precisam de fazer viagens de mais de uma hora em transportes públicos.
Também a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) defende o encerramento das escolas, depois de ter pedido mais testes e vacinação para os docentes.
A Federação Nacional da Educação (FNE), o Sindicato de Todos os Professores (Stop) e a Associação Sindical de Professores Licenciados estão igualmente do lado do encerramento.
A Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais reforça, igualmente, que é preciso encerrar escolas, até porque nota que muitas “não estão a cumprir as regras de segurança, porque as salas não estão a ser desinfectadas“ devido à “falta de funcionários”, como vinca a sindicalista Francelina Pereira em declarações à TSF.
A hora de fechar as escolas irá chegar não adianta negar, é inevitável, apelo ao Sr. Primeiro Ministro e ao Sr. Presidente por favor sejam sensatos e sigam as recomendações dos especialistas o quanto antes , por todos nós.
Deves ser Professor
que pena nao teres sido escolhida para governar o país…país governado por jornalistas….
Acho que os Jornalistas, as Televisões é que são a oposição, não são governantes, ainda ontem estávamos uns amigos a tentar contar quantos Reformados e Desempregados analistas Políticos de extrema Direita e Direita do PSD CDS estavam na TVI e não conseguimos todos, mas já quase dava para formar um governo de direita, não é fácil contar todos, não sei em que favoreceram a TVI com as suas influências Políticas, mas que parece haver uma combinação de terem lugar na TVI, isso parece.
E…. onde anda Tiago Brandão Rodrigues?…
Quando 2 alunas estão a beber cerveja numa esplanada de um jardim do Funchal e a mandar calar pessoas à sua volta, por estarem a ter aulas à distância, fazer o quê?
Lembrem-se como começou o primeiro confinamento. O governo era contra e já estava o povo todo trancado em casa a sete chaves. Passado uns dias o governo “oficializou” a decisão do povo.
Agora terá de ser o mesmo. O povo tem de deixar levar os filhos à escola e o governo uma vez mais vai atrás. Foi o povo que conseguiu os resultados da primeira vaga e não este governo. Seremos novamente nós a salvar o país nesta nova vaga. Se esperarmos pelo governo isto vai ser uma catástrofe, ou melhor, já está a ser.
O Marcelo já mudou de ideias.
O Marcelo vai sempre pela maioria dos comentários, depois se o governo tem sucesso vem sempre dizer que estão juntos, e lá aparece para as fotos e em todas as televisões, populismo.