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Familiar denuncia sobrelotação no submarino desaparecido

O número de tripulantes a bordo terá alegadamente ultrapassado a capacidade do submarino ARA San Juan, da Armada Argentina, em sete pessoas, afirmou o irmão de um dos oficiais que desapareceu com a embarcação.

“O submarino tem um total de 37 lugares para a tripulação permanente, mas desta vez havia 44 pessoas a bordo”, disse à Sputnik News um parente de um dos oficiais a bordo da embarcação, que afirma que soube da sobrelotação do ARA San Juan pela mulher de um agente dos serviços secretos que faz parte da tripulação desaparecida.

O ARA San Juan desapareceu no dia 15, quando viajava de Ushuaia para Mar de la Plata. A Marinha da Argentina afirma que uma provável explosão foi registada na região onde o último contacto foi feito e nega qualquer irregularidade na embarcação.

Este sábado, a Armada Argentina reiterou que o submarino desaparecido se encontrava em boas condições quando iniciou a sua missão, apesar das dúvidas levantadas pela possível explosão que terá ocorrido na embarcação.

As esperanças para os sobreviventes diminuem cada vez mais. Já passaram 10 dias desde o desaparecimento — período de tempo suficiente, de acordo com os especialistas, para que o suprimento de oxigénio tenha acabado, mesmo que o submarino esteja intacto.

Há um esforço multinacional de busca e resgate em curso. Apesar das condições climáticas muito adversas, um navio norueguês está a transportar para o local do desaparecimento um módulo de resgate submarino dos EUA que irá realizar buscas em profundidade.

Juan Kulichevsky / Wikimedia

Submarino ARA San Juan da Armada Argentina desapareceu com 44 tripulantes a bordo

O ARA San Juan partiu a 8 de novembro do porto de Ushuaia a caminho de Mar del Plata.

“Dois dias antes de navegar, houve uma verificação de todo o sistema operacional”, disse o porta-voz da Marinha, Enrique Balbi, em conferência de imprensa. “O submarino não zarparia se isso não tivesse sido feito. Se partiu de Ushuaia, era porque estava em condições de o fazer”.

Balbi adiantou que o capitão informou no dia 15 que havia um problema eléctrico num compartimento da bateria, mas que depois comunicou por telefone satélite que o problema tinha sido resolvido e que continuaria viagem em direção a Mar de la Plata.

Desde então, não houve mais qualquer contacto com o San Juan, e não foi encontrado nenhum detrito ou sinal da embarcação, apesar de uma busca intensiva.

No entanto, no mesmo dia 15 de novembro, tanto a Marinha dos Estados Unidos como a agência internacional de monitorização de testes nucleares detectaram o que parecia ser uma explosão submarina na área onde o ARA San Juan estava em operação.

A informação sobre a explosão causou comoção entre os familiares dos marinheiros, reunidos na base naval de Mar del Plata, onde esperavam informações. Alguns ajoelharam-se a chorar, outros deram murros nas paredes ou abraçaram-se a outros familiares.

Acabo de saber que sou viúva“, disse na altura Jessica Gopar, mulher do cabo Fernando Santilli. “Vim pendurar um cartaz que dizia que estamos à espera dele, quando alguém saiu da base e fez um gesto negativo com o rosto. Percebi logo que tudo tinha acabado“, disse, chorando.

Os familiares da tripulação, que aguardam ainda por informações em Mar del Plata, afirmam que a embarcação, de 33 anos, estava em mau estado de conservação.

“Nós sentimo-nos apoiados pelas pessoas”, diz Zulma de Vallejos, mãe de um dos tripulantes, Celso Oscar Vallejos. “Eu sei que o meu filho vai voltar. Eu sei que ele vai voltar vivo. A última palavra não foi falada”.

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