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Não há qualquer hipótese de resgatar os corpos dos 44 tripulantes do ARA San Juan

Armada Argentina / Twitter

O ARA San Juan afundou-se a 15 de novembro do ano passado

O ministro de Defesa da Argentina, Oscar Aguad, afirmou este domingo que não há tecnologia capaz de resgatar do mundo do mar o submarino ARA San Juan, localizado este sábado a 900 metros de profundidade no Oceano Atlântico.

Enquanto as famílias dos 44 tripulantes do Ara San Juan pressionam o governo a trazer o submarino à superfície, para resgatar os corpos das vítimas, o ministro da Defesa argentino, Oscar Aguad, afirmou este domingo que não vê “nenhuma viabilidade técnica” na operação.

“A Argentina não tem meios técnicos para resgatar ou emergir o submarino”, afirmou Oscar Aguad. “Não deve haver no mundo tecnologia capaz de retirar 2,3 mil toneladas de peso do fundo do mar”, acrescentou o ministro de Defesa argentino.

O ministro explicou que o governo tem dinheiro para contratar uma empresa especializada nesse tipo de operação, caso seja necessário, mas realçou que, se houver tecnologia para fazer a retirada, o processo deve demorar muitos anos. “É um equipamento de 2,3 mil toneladas”, reiterou o ministro.

Criticado pelos parentes dos 44 tripulantes que estavam a bordo do submarino na hora do desaparecimento, há mais de um ano, Aguad salientou que sempre disse a verdade aos familiares das vítimas e que a localização da embarcação é uma prova disso.

“O ARA San Juan afundou-se após uma implosão, não por factores externos. Não estou nem nunca estive em condições de mentir aos familiares. Não temos capacidades técnicas para trazê-lo do fundo do mar”, afirmou.

O ministro salientou que as imagens do robô vão ser minuciosamente analisadas. “Na próxima semana vamos receber um relatório técnico com detalhes suficientes e vamos ver como a investigação será realizada”, explicou.

Apesar da desconfiança das famílias das vítimas, que suspeitam que o governo possa estar a esconder informações que poderiam ser comprometedoras para a Marinha, o ministro reafirmou que o governo quer “saber a verdade” do que aconteceu.

Juíza prefere não remover submarino

A juíza federal Marta Yáñez, encarregada das investigações sobre o acidente, também não demonstra grande entusiasmo com a possibilidade de remover o submarino do local onde os seus destroços foram encontrados, receando que a remoção possa afectar a investigação das causas do acidente.

Prefiro não correr o risco de o rebocar até à superfície. É uma embarcação que está repleta de água e pode pesar até 2.500 toneladas, poderia partir-se em pedaços“, declarou a juíza.

A magistrada pressionou entretanto os oficiais da Marinha que estão a bordo do navio Seabed Constructor, da Ocean Infinity, empresa americana responsável pela localização do submarino, a entregar à justiça as 67 mil imagens recolhidas pelo robô submarino que encontrou os destroços. As fotos podem ajudar a esclarecer as causas do acidente.

Primeiras fotos dos destroços

A Marinha Argentina mostrou este domingo as primeiras imagens dos destroços do ARA San Juan. O submarino foi descoberto esta sexta-feira, ao largo da Patagónia, por um robô submarino da Ocean Infinity equipado com câmaras subaquáticas.

As três fotos recolhidas pelo robô da Ocean Infinity mostram alguns detalhes da proa do submarino, dos tubos lança-torpedos, da hélice propulsora e da torre superior. A empresa norte-americana foi contratada pela Marinha argentina, que não dispunha de meios para realizar as buscas em profundidade, para encontrar o submarino desaparecido.

As 3 fotos divulgadas pela Armada Argentina. O robô da Ocean Infinity recolheu cerca de 67 mil imagens

Os destroços encontravam-se a 907 metros de profundidade, na região onde a embarcação militar deveria encontrar-se às 10:53h da data do seu desaparecimento.

As buscas pelo Ara San Juan começaram 48 horas depois do seu desaparecimento, sem sucesso. Desde o fim do ano passado e ao longo de 2018, 13 países reuniram esforços para participar nas operações, com navios, aviões e submarinos.

A embarcação tinha zarpado a 7 de setembro de 2017, com quatro familiares das vítimas a bordo. Esta semana, a Ocean Infinity tinha anunciado que iria suspender as buscas até fevereiro, para realizar uma operação de manutenção na África do Sul.

Mas a juíza encarregada do caso, Martha Yáñez, ordenou que antes do regresso fosse inspeccionada uma zona mais longínqua, onde um navio tinha captado ruídos que poderiam ser compatíveis com pancadas de um casco.

“O Ara San Juan está numa cavidade a mais de 907 metros de profundidade, o que impediu a sua localização pelos radares”, disse Gabriel Attis, comandante da base naval de Mar de la Plata, após a descoberta dos destroços da embarcação.

O ARA San Juan era um dos três submarinos da armada argentina. Fabricado na Alemanha e lançado ao mar em 1983, a embarcação tinha 65 metros de comprimento e sete de largura. Entre 2007 e 2014, foi sujeito a intervenções de manutenção que prolongaram o seu uso por mais 30 anos.

A 15 de novembro de 2017, o submarino, de fabrico alemão, comunicou pela última vez a sua posição, quando regressava do porto austral de Ushuaia à sua base no mar da Prata.

Antes de desaparecer, o comandante relatou um problema com as baterias, que não constituía obstáculo à navegação para a base em Mar de la Plata. A entrada de água numa válvula defeituosa do sistema de ventilação dos motores durante as subidas para a superfície é a hipótese privilegiada pelos especialistas para explicar o acidente.

ZAP // EFE / RFI

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