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Falhas no lay-off e devaneios no investimento. PSD atira contra Governo

Manuel Fernando Araújo / Lusa

Não faltaram críticas ao Governo na primeira conferência online promovida pelo Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD, um órgão de aconselhamento da direção.

Ricardo Baptista Leite, deputado e vice-presidente da bancada social-democrata, apontou a “falta de planeamento” e defendeu que foram os portugueses que “pressionaram” o Governo a adotar uma estratégia de confinamento.

O presidente do CEN e porta-voz do PSD para as Finanças Públicas, Joaquim Miranda Sarmento, apenas fez a introdução do debate, com o tema “Saúde e Economia: Que equilíbrio possível?”, mas deixou a primeira crítica.

“Temos hoje a perfeita noção que, quer o regime de lay off quer as linhas de crédito criadas pelo Governo, falharam em toda a linha no apoio às empresas e no apoio aos trabalhadores e às famílias”, criticou, salientando que o PSD, através do CEN, já apresentou um primeiro conjunto de medidas e lançará um pacote global para recuperação da economia no final de maio ou início de junho.

Também Álvaro Almeida, deputado e coordenador no CEN para a área das Finanças Públicas, defendeu que “a capacidade de anúncios” do Governo se tem de traduzir “em capacidade de execução”.

“Se isso for feito – e até agora não tem sido -, se o Governo for capaz de emendar a mão e fazer chegar às empresas portuguesas tudo o que prometeu e não entrar em devaneios sobre grandes investimentos públicos numa altura em que os esforços devem estar concentrados em as empresas que existem, teremos uma crise, é inevitável, mas poderá ser curta e passageira. Se não for capaz, o futuro económico será negro”, vaticinou.

Do lado da saúde, Ricardo Baptista Leite, médico que tem representado o PSD nas sessões regulares informativas sobre a covid-19 com os epidemiologistas no Infarmed, criticou a atitude de Governo e das autoridades de saúde no início da pandemia, que classificou como “de negação“.

“Foram os portugueses que, vendo o que se estava a passar em Espanha e Itália, tomaram a decisão de ficar em casa, tirar os filhos da escola e fechar as portas das suas empresas. Isto levou a uma pressão social que fez com que o Governo e o Presidente da República, com o estado emergência, acabassem por avançar com medidas, mas eu não tenho dúvidas de que essa intervenção precoce da população portuguesa foi determinante nesta primeira onda”, afirmou.

Para o futuro, defendeu, o planeamento será também determinante, dizendo que “não haverá desculpas para o país não estar preparado para o próximo Inverno” e deixando um alerta para o que pode ser uma segunda onda de covid-19 em simultâneo com uma “má época” de gripe. “A maioria de países europeus aumentaram as suas requisições de vacinas de gripe – alguns fizeram pedidos 80% superiores ao normal – e, à data de hoje, Portugal ainda não fez uma encomenda de vacinas.”

Baptista Leite atribuiu ainda à “falta de planeamento” a menor resposta do Serviços Nacional de Saúde (SNS) a outros problemas: “Diminuiu radicalmente o diagnóstico do número de cancros em Portugal nos últimos dois meses, não me venham dizer que a Covid cura o cancro”, criticou.

“Não podemos voltar a ser apanhados de forma desprevenida (…) ficou mais do que claro que a atual Direção-Geral da Saúde não tem a mínima capacidade para este tipo de situação na forma como está estruturada hoje e que a Europa também não está capacitada para uma ação concertada”, afirmou, defendendo uma lógica de “tipo NATO” para lidar com pandemias.

Baptista Leite saudou ainda que o Governo tenha determinado a utilização das máscaras obrigatórias não só nos transportes públicos, como disse que inicialmente pretendia, mas também nas lojas, seguindo uma proposta do PSD, e referiu até que o executivo já decidiu cancelar “tudo o que são eventos de massas até 31 de agosto”.

“Até o presidente da Assembleia da República emitiu uma recomendação muito firme e convicta que todos temos de usar máscara em contexto parlamentar. A sociedade portuguesa evoluiu”, notou.

PSD terá “seguramente um papel” para ajudar Portugal

Esta quarta-feira, Rui Rio afirmou que o partido terá “seguramente um papel” para ajudar Portugal a sair de uma “situação muito difícil” devido à covid-19, na mensagem com que assinala os 46 anos dos sociais-democratas.

Numa mensagem em vídeo divulgada no site e nas redes sociais do PSD, Rui Rio refere que este ano o partido não poderá comemorar o seu aniversário nos moldes habituais, assinalando que esta pandemia o recorda de qual foi o papel do partido na história recente do país e que terá de “continuar a desempenhar”.

“O PSD, ao longo destes 46 anos, foi um partido absolutamente fundamental em momentos críticos desta história recente de Portugal, está outra vez a ser um partido fundamental neste momento de combate à doença e terá de ser também um partido fundamental depois, no relançamento económico”, defendeu.

“Em que papel? Naturalmente iremos ver, mas seguramente o PSD terá um papel para ajudar Portugal a sair desta situação muito difícil, talvez até mais difícil que outras situações que vivemos ao longo destes nossos 46 anos”, considerou.

Na mensagem, Rio assegurou que conta “com todos os militantes e simpatizantes do PSD para ajudarem Portugal a recuperarem desta situação muito difícil” e deixa uma mensagem de confiança sobre a integração europeia.

“A opção que Portugal fez, com grande apoio e liderança do PSD, pela Europa está agora mais uma vez mais à prova como uma opção muito acertada. Se neste momento não estivéssemos integrados na Europa, nós estávamos numa situação muitíssimo mais difícil, com a ajuda europeia vamos conseguir sair mais facilmente da crise”, sublinhou.

ZAP // Lusa

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