Exército pessoal, limousine à prova de bomba e um provador de comida. A obsessão de Putin com a segurança

Não se sabe onde Vladimir Putin estará a residir, nesta altura, mas presume-se que seja num dos seus oito palácios debaixo de fortes medidas de segurança. Enquanto isso, desloca-se num verdadeiro “bunker” móvel, uma limousine blindada, feita à medida do presidente da Rússia, e que inclui armas integradas.

Enquanto milhares de ucranianos estão deslocados do seu país, tendo fugido à guerra sem nada, Putin continua a sua vida confortável, provavelmente num dos seus oito palácios, uma vez que não se sabe o real paradeiro do presidente russo. Esta é apenas uma das extremas medidas de segurança que protegem Putin de eventuais ataques.

A guerra na Ucrânia terá levado a um reforço ainda maior das preocupações em torno do líder da Rússia, até porque têm surgido rumores de que haverá espiões a estudar como o assassinar e de que oligarcas russos estão a planear a sua morte.

Como um ex-espião do KGB, os antigos serviços secretos russos, Putin conhece bem o tipo de armadilhas de que pode ser alvo. Até porque o seu regime tem sido envolvido em vários casos de envenenamento de opositores.

Portanto, não é de estranhar que Putin tenha um provador oficial de tudo o que come e bebe. E quando viaja para fora da Rússia, o que vem sendo cada vez menos habitual, a sua equipa fica encarregue de tudo o que consome.

“Levam toda a comida e toda a bebida que ele vai consumir. Assim, por exemplo, se há um brinde oficial com champanhe, ele bebe da bebida que a sua equipa lhe traz, não da do resto [das pessoas]”, revela à BBC Mundo o especialista em segurança russa Mark Galeotti, director da consultora Mayak Intelligence.

Os guarda-costas de Putin também acompanham de perto a forma como a sua comida é confeccionada.

“É um estilo que mais se aproxima de um monarca medieval do que de um presidente moderno”, nota Galeotti.

Mas a segurança de Putin envolve ainda bloquear smartphones dentro do Kremlin, ou colocar “bloqueadores electrónicos” em torno de onde quer que Putin esteja para “neutralizar” eventuais ameaças remotas e telemóveis nas proximidades, segundo dados divulgados na imprensa mundial.

Conhecidas são também as grandes distâncias entre Putin e os seus interlocutores nas reuniões oficiais. A pandemia veio reforçar ainda mais essa medida e durante esta fase, estava imposta no Kremlin uma quarentena obrigatória de duas semanas para quem o quisesse ver, bem como testes PCR para os que o rodeiam.

Putin vive “muito isolado” e só “um círculo de pessoas” muito restrito contacta com ele, aponta Galeotti à BBC Mundo. “Os guarda-costas são as poucas pessoas com as quais Putin tem uma relação pessoal”, nota ainda este especialista.

Exército pessoal liderado por ex-guarda-costas “leal”

Putin é protegido directamente pelo esquadrão do Serviço de Segurança Presidencial da Rússia que está integrado nos actuais serviços secretos russos, o FSO que sucedeu ao KGB.

Este Serviço de Segurança da Presidência é apoiado pela Guarda Nacional da Rússia, ou Rosgvardia, que foi formada por Putin há cerca de seis anos e que é vista como uma espécie de “exército pessoal” do presidente russo.

O actual dirigente da Rosgvardia é um antigo guarda-costas de Putin, Viktor Zolotov, e, portanto, um elemento “aliado” e leal”, como atesta a BBC, frisando que, nos últimos anos, aumentou em cerca de 400 mil efectivos os elementos desta Guarda Nacional.

Trata-se de um número enorme em comparação com as equipas de segurança dos presidentes de outros países, incluindo os EUA, como atesta Galeotti na publicação.

A Rosgvardia tem autonomia relativamente às Forças Armadas e a sua principal missão é proteger Putin, embora, oficialmente, também combata o terrorismo e proteja a ordem pública.

Os elementos do esquadrão de protecção de Putin organizam-se em vários círculos em torno dele, sendo que os que surgem na primeira linha, ou seja, mais próximos do presidente russo, são os seus guarda-costas pessoais que estão prontos a levar um tiro por ele.

Num segundo círculo surgem agentes que se misturam com o público, enquanto um terceiro círculo de elementos rodeia o perímetro da multidão, para evitar a aproximação de pessoas suspeitas.

Finalmente, há um quarto e último círculo que é composto por atiradores furtivos que são colocados nos tectos dos edifícios circundantes ao local onde Putin esteja.

Limousine à prova de bomba e com armas integradas

Mas a segurança de Putin também inclui duplos e pastas à prova de balas, em cenas que lembram os filmes de James Bond!

De filme é também a limousine especial em que Putin costuma deslocar-se e que é “um bunker ambulante”, como dizem os russos.

Trata-se de um modelo personalizado da Aurus Senate L700, uma limousine fabricada na Rússia, mas que foi especialmente adaptada para Putin num projecto da companhia russa NAMI em parceria com a Porsche.

Esta limousine blindada tem 6,7 metros de comprimento e pesa 7,2 toneladas, sendo a estrela da frota pessoal de carros de Putin que está avaliada em mais de 142 milhões de euros.

Só a limousine Aurus Senat é avaliada em mais de um milhão de euros. Trata-se de um veículo blindado, com vidros reforçados e piso protegido que lhe permite resistir a pequenas bombas.

Até o tanque de combustível é blindado para evitar uma explosão em caso de ataque e inclui também armas integradas e oxigénio para situações de emergência.

Os pneus incluem uma camada de aço para maior protecção e podem continuar a rodar, mesmo em caso de furo, por exemplo, se forem atingidos com um disparo.

Além disso, tem também protecção contra os ocupantes mesmo em caso de queda na água, pois pode flutuar, numa funcionalidade inspirada na tecnologia submarina.

Trata-se de um autêntico tanque de guerra com uma potência de 598 cavalos que pode atingir uma velocidade de 250 km/hora – e consegue ir dos 0 aos 100 km/hora em apenas seis segundos.

Para lá destas funcionalidades, deve ter outras que ninguém conhece e incluirá até uma saída de emergência na parte traseira (não se sabe bem onde).

E para evitar ataques de espionagem informática, não inclui softwares da Apple ou Android.

A limousine foi apresentada ao público, pela primeira vez, em 2018 quando Putin tomou posse como presidente da Rússia para o mais recente mandato.