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Estados Unidos compram quase todo o stock mundial de remdesivir para três meses

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Mohamed Hossam / EPA

Os Estados Unidos compraram à empresa Gilead Sciences praticamente toda a reserva para três meses do medicamento remdesivir, o primeiro aprovado no país no tratamento de covid-19.

Em comunicado esta terça-feira divulgado, o departamento de saúde dos Estados Unidos informa que “assegurou mais de 500 mil ciclos de tratamento do medicamento para hospitais americanos até setembro”, o que equivale a “100% da produção prevista da Gilead para julho (94.200 ciclos), 90% da produção em agosto (174.900 ciclos) e 90% da produção em setembro (232.800 ciclos), além de uma verba para ensaios clínicos”.

Num ciclo de tratamento são utilizadas em média 6,25 ampolas de remdesivir, acrescenta o departamento de serviços de saúde e humanos (HHS, na sigla em inglês).

“O Presidente [Donald] Trump conseguiu um acordo espantoso para assegurar que os americanos tenham acesso à primeira terapêutica autorizada para a covid-19”, disse o secretário do HHS Alex Azar. “Na medida do possível, queremos assegurar que qualquer paciente americano que precise de remdesivir possa obtê-lo”, acrescentou.

A antecipação norte-americana significa que, nos próximos três meses, nenhum outro país terá acesso a este medicamento antiviral, cuja utilização foi recentemente recomendada pela Agência Europeia do Medicamento para adultos e jovens com mais de 12 anos que sofram ainda de pneumonia e necessitem de receber oxigénio.

Cada frasco de remdesivir da farmacêutica Gilead vai custar 347 euros, segundo uma carta publicada no site da empresa por Daniel O’Day, CEO da Gilead Sciences.

Tendo em conta que, em média, os tratamentos com o medicamento têm demorado cinco dias, ao longo dos quais cada paciente recebe seis frascos, no total cada doente tratado deverá custar 2.082 euros, refere ainda o jornal Observador.

De acordo com o diário britânico The Guardian, há muitos especialistas, cientistas, médicos e ativistas preocupados com esta ação unilateral dos Estados Unidos, alertando que esta poderá ser um exemplo do que acontecerá quando se criar a vacina contra a covid-19.

“Os [Estados Unidos] têm acesso à maior parte do stock de remédios [de remdesivir], e por isso não sobra nada para a Europa”, disse Andrew Hill, investigador da Universidade de Liverpool, citado pelo jornal inglês.

O medicamento já é utilizado em Portugal, sob condições estritas, e a Comissão Europeia poderá aprovar a recomendação da agência esta semana.

A pandemia do novo coronavirus já provocou quase 507 mil mortos e infetou mais de 10,37 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. Os Estados Unidos são o país com mais mortos (126.512) e mais casos de infeção confirmados (mais de 2,61 milhões).

Seguem-se Brasil (59.594 mortes, mais de 1,40 milhões de casos), Reino Unido (43.730 mortos, mais de 312.500 casos), Itália (34.767 mortos e mais de 240 mil casos), França (29.843 mortos, mais de 201 mil casos) e Espanha (28.355 mortos, mais de 249 mil casos). Em Portugal, morreram 1.576 pessoas das 42.141 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

ZAP // Lusa

6 Comments

    • Porque é que tinham que prestar contas a quem quer que fosse? A Gilead é uma empresa Americana. Numa situação como a que vivemos, faz todo o sentido que dê preferência a satisfazer a procura interna antes de exportar.

  1. Não digo que não, mas entre as várias milhares de farmacêuticas mundiais, não há nenhuma que fabrique o medicamento equivalente com a mesma composição? E depois, não é nenhuma cura, é apenas tratamento.

    • A hidrocloroquina era baratíssima. não dava lucro sem aumentar exponencialmente o preço.
      O redemsivir já vai dar muito lucro, principalmente ao Fauci.
      Pesquisem e verão.
      As máscaras continuam caíndo.

      • E estudar primeiro um pouco aquilo de que fala antes de vir aqui mandar postas de pescada? Hidrocloroquina?! O que é isso? Não seria antes hidroxicloroquina?
        E depois “caíndo”?! Ou seria “caindo”?!
        Arrume melhor as ideias e depois volte cá.

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