Após a polémica levantada pela exclusão da Iniciativa Liberal do cortejo, o presidente da Associação 25 de Abril (A25A), Vasco Lourenço, convocou uma reunião da comissão promotora do tradicional desfile comemorativo do 25 de Abril, na Avenida da Liberdade, em Lisboa.
De acordo com o jornal Público, a controvérsia gerou ondas de choque no núcleo da comissão promotora do tradicional desfile comemorativo do 25 de Abril.
O presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, disse ao matutino que a polémica pode mesmo levar ao cancelamento da comemoração. “Todas as hipóteses estão em aberto”, disse.
Em declarações à SIC Notícias, na quinta-feira, o presidente Vasco Lourenço admitiu a saída da Associação 25 de Abril da Comissão Promotora das Comemorações onde participam cerca de 40 organizações. “Vamos ter de refletir muito na nossa continuação na comissão promotora. Está a fazer-se uma radicalização, há pouca abertura”, disse.
Vasco Lourenço convocou uma reunião para esta sexta-feira para “analisar a situação e exigir que todos assumam as responsabilidades pelos seus atos”.
Em causa está a exclusão da Iniciativa Liberal do desfile, que foi aprovada pela comissão promotora, contra a vontade do presidente da Associação 25 de Abril, que ficou furioso quando percebeu que alguns membros da comissão estavam “a sacudir a água do capote”, explicou ao mesmo jornal.
Em cima da mesa está também a a decisão do partido Livre de anunciar a cedência de quatro dos seus dez lugares à Iniciativa Liberal e ao Volt.
Em declarações à TSF, o dirigente do Bloco de Esquerda Fabian Figueiredo também disse que “não passa pela cabeça de ninguém que quem se apresente para participar nas comemorações do 25 de Abril seja excluído e barrado à porta”.
A Iniciativa Liberal, que recusou a “oferta” do Livre, vai fazer um desfile autónomo.
Segundo o semanário Expresso, desde 1977 que a tarefa de organizar as comemoraçõe do 25 de Abril foram entregue a uma designada Comissão Promotora das Comemorações Populares do 25 de Abril.
De acordo com Vasco Lourenço, a Associação 25 de Abril tem sempre uma palavra a dizer sobre o desfile da Avenida da Liberdade, mas no final, “a organização é da CGTP e a segurança do PCP”.
“Sejam bem-vindos aqueles que vierem por bem”
O líder comunista citou esta quinta-feira o músico e cantor de intervenção Zeca Afonso para dar boas-vindas a quem quiser desfilar “por bem”, no domingo, nas várias celebrações da Revolução de 25 de Abril de 1974, por todo o país.
“Domingo, nas comemorações populares, evoco a canção de Zeca Afonso: sejam bem-vindos aqueles que vierem por bem. Na véspera das comemorações do 47.º aniversário do 25 de Abril, quando nos aproximamos do 1.º de Maio, é hora de participação e de luta nas empresas e locais de trabalho”, declarou Jerónimo de Sousa, adaptando assim o verso do tema “Traz outro amigo também”.
O secretário-geral do PCP improvisou a frase que não constava do discurso de encerramento de uma sessão virtual transmitida pela Internet, a partir da Casa do Alentejo, na baixa lisboeta, na qual se defendeu a redução dos horários de trabalho para “combater a desregulação e valorizar a vida”.
Esta semana, a Iniciativa Liberal e o Volt acusaram a comissão promotora do tradicional tradicional da avenida da Liberdade, em Lisboa, de impedir a presença daquelas forças políticas no evento.
Vasco Lourenço explicou que, devido à pandemia, há restrições sanitárias e, após consultar a Direção-Geral da Saúde (DGS), só foi permitida a participação das forças políticas, associações e outras entidades que fazem parte da comissão.
São mais de 40 instituições, designadamente todos os partidos da esquerda parlamentar, as centrais sindicais CGTP-IN e a UGT, mas também a associação Renovação Comunista, a associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados (APRE!), os Precários Inflexíveis (PI), entre muitas outras, nomeadamente antifascistas.
Maria Campos, ZAP // Lusa