Tecnicamente fora da corrida à presidência do Conselho Europeu, António Costa procura cimentar a sua posição na liderança do PS com as escolhas dos novos ministros.
As escolhas de António Costa para os novos ministros das Infraestruturas e da Habitação foram questionadas em várias frentes. Depois de o líder do PSD, Luís Montenegro, dizer que o primeiro-ministro “perdeu a capacidade de recrutamento”, o próprio Presidente da República avisou que “se não funcionar, tiraremos as conclusões”.
O politólogo José Filipe Pinto disse até que o líder do Executivo foi aos “saldos e às promoções”. Ou seja, encontrou soluções mais fáceis, quem já conhecia e quem já estava dentro da “máquina governativa”.
Dentro do PS, as escolhas de Costa são vistas como estratégia para acomodar o grupo de Pedro Nuno Santos, refere o dirigente Daniel Adrião ao Jornal de Notícias. Assim, as escolhas de “prata da casa” têm como objetivo começar a solidificar a sua continuidade na liderança do PS.
No seu habitual espaço de comentário, Luís Marques Mendes chegou a dizer que o plano de António Costa de ir para um cargo europeu em 2024 saiu “furado”.
“A maioria absoluta, primeiro, e o PR a seguir, praticamente inviabilizaram essa saída. A não ser que o PM queira correr o risco de abrir uma crise política, o que não é provável”, explicou o comentador político.
As escolhas de António Costa também não são propriamente consensuais dentro do partido. Para Daniel Adrião, que defende um vice-primeiro-ministro, “deveria ter tido havido uma remodelação profunda” e “mexidas estruturais para responder às críticas do Presidente”.
O dirigente socialista sublinhou que o secretário-geral do PS “teve a preocupação” de “deixar confortável a tendência” liderada por Pedro Nuno Santos, escolhendo pessoas que lhe são próximas.
A demissão de Pedro Nuno Santos não é um adeus; é um até já. O ex-ministro deverá seguir como deputado para o Parlamento e está de olhos postos na liderança do PS. Pedro Nuno apresentou a demissão na sequência da polémica em torno da saída de Alexandra Reis da TAP e a consequente indemnização de meio milhão de euros à agora ex-secretária de Estado do Tesouro.
Os “casos e casinhos”, como António Costa os batizou, não são suficientes para travar o poder de Pedro Nuno Santos no PS, mais especificamente a influência que o ‘jovem turco’ tem na ala esquerda do partido.
É precisamente esta ala esquerda que António Costa quererá agradar com as escolhas de João Galamba para ministro das Infraestruturas e de Marina Gonçalves para ministra da Habitação.
Espremendo bem, cada vez se vê melhor o pouco que vale este A. Costa.
Só é razoável em retórica mentirosa. Em termos executivos é de uma fraqueza confrangedora.