Plano de Costa saiu “furado”. Marques Mendes explica a irritação do PM

3

António Cotrim / Lusa

O conselheiro de Estado e antigo líder do PSD, Luís Marques Mendes

O comentador acredita que a irritação do primeiro-ministro se deve ao facto de ter de abortar o plano que tinha para sair para um cargo europeu em 2024.

No seu habitual espaço de comentário televisivo, Luís Marques Mendes falou do novo apoio extraordinário de 240 euros, que é “uma medida indiscutivelmente positiva”, mas “não é um favor do Governo“.

“É um acto da mais elementar justiça. Isto só acontece porque o Estado está com os cofres cheios. Cofres cheios porque a inflação garante mais receita fiscal ao Estado. Logo, se o Estado tem um lucro excessivo é justo que o partilhe com as famílias”, considera, frisando que, até outubro, a “receita fiscal do Estado estava 4,5 mil milhões de euros acima do previsto” e que o excedente orçamental era de 2,5 mil milhões.

Marques Mendes acredita, por esta razão, que o Governo podia ir mais longe. “Se o Estado está com uma folga orçamental tão grande por que é que o Governo só dá um apoio de 240 milhões? Por que não aproveitou esta folga excessiva para dar um aumento extra aos funcionários públicos? Ou para uma redução temporária de impostos, designadamente o IVA da alimentação, que penaliza os mais pobres? Ou para uma nova ajuda extraordinária aos pensionistas mais pobres?”, questiona.

O comentador abordou ainda a entrevista de António Costa, que teve como objetivo “reganhar a iniciativa política, depois de oito meses que correram manifestamente mal ao Governo”. Já “o tom” do primeiro-ministro “não foi feliz“.

“Apareceu na entrevista, como noutras declarações que fez esta semana, num tom irritado. Irritado com a IL, a quem criticou numa linguagem que não é própria de um PM. Irritado com jornalistas e comentadores, a propósito das polémicas do Governo, como se fossem eles a inventar a demissão de Marta Temido ou de Miguel Alves. Irritado, noutra declaração, com Carlos Moedas, a quem teve que pedir desculpa. Um PM irritado foi a imagem desta semana”, afirma.

O ex-líder do PSD acredita que esta atitude de Costa “não é normal”, dado ter conseguido uma maioria absoluta há poucos meses. Marques Mendes tem outra teoria sobre o que explica a irritação do chefe do Governo seu plano “furado” para sair em 2024 para um cargo europeu.

“A maioria absoluta, primeiro, e o PR a seguir, praticamente inviabilizaram essa saída. A não ser que o PM queira correr o risco de abrir uma crise política, o que não é provável”, atira, acrescentando que Costa “já não tem a paciência, a autoridade e a energia que tinha” e “sabe que vai ter mais problemas nos próximos quatro anos do que teve nos últimos sete”.

“Ninguém se pôs com a lengalenga de Portugal”

O comentador abordou ainda o Qatargate, o escândalo de corrupção que abalou o Parlamento Europeu. “Um suborno é sempre uma vergonha. Mas aqui tem a agravante de vir de deputados que ganham excelentes salários; que estão cheios de privilégios e mordomias e que devem ser um exemplo de integridade”, afirma.

No entanto, há um lado positivo na situação. “Primeiro, a justiça funcionou. Investigou, descobriu e prendeu. Segundo, a Presidente do PE e a Presidente da CE foram determinadas. Não tiveram papas na língua. Na condenação e no compromisso de novas reformas a favor da transparência”, sublinha.

Marques Mendes frisa ainda a “lição para Portugal” neste caso: “Ninguém se pôs com a lengalenga que existe em Portugal: à justiça o que é da justiça. Nada disso. Todos agiram como deve ser: condenando o comportamento e afastando a deputada, sem contemplações”.

Outro tema falado abordado foi o caso EDP. “Há um facto político que o ex-ministro Manuel Pinho tem o dever de explicar publicamente: por que é que enquanto esteve no Governo recebia cerca de 15 mil euros por mês do Grupo Espírito Santo? Qual a razão desta anormalidade? Um ex-ministro tem a obrigação de explicar. Tendo sido ministro tem especiais responsabilidades perante o país”, considera.

Balanço de 2022

Marques Mendes fez ainda um balanço dos acontecimentos e figuras que marcaram este ano que está rapidamente a chegar ao fim. O acontecimento internacional foi a guerra na Ucrânia que “começou por ser uma guerra de David contra Golias”, mas que está agora equilibrada.

A figura internacional do ano foi precisamente Volodymyr Zelenskyy, o presidente ucraniano que era um “ilustre desconhecido” antes do conflito.

Já cá dentro, Marques Mendes destaca o fim da geringonça como o maior acontecimento do ano. “Serviu no início para levar o PS ao poder; serviu no final para “arruinar” eleitoralmente PCP e BE. Mas não deixou qualquer marca forte na governação”, opina.

A figura portuguesa de maior destaque foi António Costa, que “ganhou inesperadamente uma maioria absoluta”. Na economia, o momento mais marcante foi o regresso da inflação.

Já a nível social, Marques Mendes destaaca o fim do uso de máscara e a investigação à pedofilia na Igreja. No desporto, o comentador considera que Cristiano Ronaldo foi a principal figura, mas “nem sempre por boas razões”.

Adriana Peixoto, ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

3 Comments

  1. Não notaram a pose majestosa de António Costa na fotografia para Visão ? O homem parece o marajá de Calcutá. Sim senhor… Mas não acham que está no local errado do mundo para a dita?????

  2. Nao ha nada melhor para Reforçar uma maioria absoluta para o Antonio Costa, que ter uma Uniao de Partidos da Oposiçao, da Extrema Esquerda á Extrema Direita, Liderada por Cavaco Silva e Passos Coelho. Estes partidos Politicos da Oposiçao nao Percebem nada, mesmo nada de Politica, continuando a dar tiros nos Pés, devem pensar que ainda manobram o Povo como ha 2030 anos, que o povo nao percebe os telejornais, as alianças, o que move os partidos.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.