O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, que conduziu o PSD ao poder depois de 9 anos na oposição, e o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que volta à Casa Branca quatro anos e vários processos judiciais depois, são as figuras escolhidas pela Lusa como Personalidade do Ano.
O presidente do PSD, Luís Montenegro, foi eleito personalidade nacional de 2024 pelos jornalistas da agência Lusa.
Montenegro conduziu o PSD novamente ao poder, depois de nove anos de oposição, e nos primeiros oito meses de governação conseguiu fazer aprovar um Orçamento do Estado com que deverá evitar novas legislativas até 2026.
O antigo líder parlamentar chegou à liderança do PSD à segunda tentativa – tinha tentado e perdido em 2020 contra Rui Rio – em maio de 2023, derrotando Jorge Moreira da Silva por mais de 70% dos votos.
A inesperada demissão do então primeiro-ministro António Costa, em novembro de 2023 na sequência de um processo judicial em que o seu nome foi envolvido, levou Montenegro a disputar legislativas dois anos mais cedo do que o previsto, e numa altura em que alguns já admitiam a sua substituição após as europeias de junho por Pedro Passos Coelho.
Nas eleições de 10 de março, Montenegro reedita a Aliança Democrática de 1979 com o CDS-PP e com o PPM, conseguindo uma vitória tangencial sobre o PS.
Numa eleição em que o Chega elegeu 50 deputados, o líder do PSD manteve o “não é não” ao partido liderado por André Ventura, com quem falha logo o entendimento para aprovar o presidente da Assembleia da República.
Foi um acordo com o Partido Socialista que permitiu a eleição do social-democrata José Pedro Aguiar-Branco por meia legislatura e, no OE para 2025, depois de conversas iniciais com todos os partidos (algumas até discretas com Chega e IL), acaba por ser com os socialistas que as negociações foram mais longe.
Apesar de não ter havido acordo total nos encontros entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, o PS acabou por abster-se e viabilizar o documento, invocando o pouco tempo passado sobre as eleições e a improbabilidade de novo sufrágio resultar numa clarificação.
Com esta aprovação, o Governo minoritário PSD/CDS-PP ganhou um fôlego de mais de um ano: mesmo que a próxima proposta orçamental seja rejeitada, o atual Presidente da República estará impedido de dissolver o parlamento e convocar eleições nos últimos seis meses de mandato (a partir de 09 de setembro).
Só o novo chefe de Estado, que tomará posse em março de 2026, o poderá fazer, o que atira eventuais legislativas antecipadas para nunca antes de maio/junho.
Nos oito meses de governação, os principais problemas registaram-se na Administração Interna, com os incêndios de setembro nas regiões Norte e Centro de Portugal a resultarem na morte de nove pessoas, e na Saúde, com inquéritos ainda em curso sobre a morte de 11 pessoas alegadamente associadas a falhas no atendimento do Instituto Nacional de Emergência Médica durante uma greve.
Também ainda sob investigação está a morte de Odair Moniz, um cidadão cabo-verdiano de 43 anos baleado por um agente da PSP na madrugada de 21 de outubro no Bairro da Cova da Moura, que gerou uma vaga de distúrbios na Grande Lisboa.
Montenegro tem mantido a confiança política nas ministras Ana Paula Martins e Margarida Blasco e, apesar de prometer o apuramento de responsabilidades políticas, já defendeu que tal nem sempre tem de significar demissões.
O primeiro-ministro tem conseguido evitar fugas de informações nos momentos cruciais, deu apenas uma entrevista à comunicação social, privilegiando as intervenções formais, em que dá a cara por áreas setoriais, como a segurança, com uma conferência de imprensa às 20:00 a partir da residência oficial, que lhe valeu críticas unânimes da oposição.
Sem vozes críticas a perturbarem a sua liderança no PSD – mesmo depois de perder as europeias -, Montenegro terá no próximo ano de enfrentar o desafio das autárquicas, que já assumiu querer vencer, e, pouco depois, as presidenciais, onde se comprometeu a apoiar a candidatura de um militante do PSD.
Afastado de Passos Coelho, Montenegro aponta Cavaco Silva como “referência política maior” e acredita que este governo minoritário pode ser o início do regresso do PSD a anos no poder.
Trump: divisivo como sempre, ainda mais polémico
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, regressa em janeiro à Casa Branca com as mesmas características politicamente divisivas e com um programa ainda mais polémico, depois de ter refinado as suas técnicas de retórica inflamada.
Escolhido personalidade internacional do ano pelos jornalistas da Lusa, Trump, antigo 45.º Presidente dos Estados Unidos e prestes a tornar-se o 47.º, sempre cultivou a sua imagem, o que apenas amplificou a controvérsia, celebridade e turbulência política a que está associado.
O regresso de Trump à Casa Branca amplificou a sua tendência de sempre para gerar opiniões contraditórias: os seus críticos olham-no como uma figura divisiva, enquanto os seus apoiantes elogiam a sua postura intransigente em questões nacionais e a sua capacidade de afrontar o ‘establishment’ político.
Nascido a 14 de junho de 1946, no bairro de Queens, em Nova Iorque, Trump foi o quarto filho de Fred Trump, um bem-sucedido empresário imobiliário.
Apesar de crescer numa família rica, a sua juventude não lhe foi facilitada: foi enviado para a Academia Militar de Nova Iorque aos 13 anos, após começar a mostrar comportamentos rebeldes na escola, mas acabou por tomar o controlo da empresa imobiliária da família, em 1971, renomeando-a como Trump Organization.
Ao lado desta carreira empresarial, Trump cedo se mostrou atraído pelo mundo dos ‘media’ e procurou tornar-se uma figura de presença regular nos tabloides e na televisão, onde ganhou maior fama como apresentador do programa The Apprentice.
Os seus comentários controversos — como referir-se a imigrantes mexicanos como “violadores” – e a promessa de construir um muro na fronteira sul — geraram tanto fortes críticas quanto amplo apoio, especialmente entre eleitores que se sentiam marginalizados pelos políticos tradicionais.
Apesar de ser um ‘outsider’ político, sem qualquer experiência governamental, em 2016 Trump derrotou facilmente um vasto campo de candidatos republicanos para assegurar a nomeação do partido, acabando por vencer a candidata democrata, Hillary Clinton.
O primeiro mandato foi marcado por decisões e ações divisivas, tanto no plano interno quanto internacional, com cortes fiscais significativos, retirada dos EUA do Acordo Climático de Paris e tarifas sobre os produtos chineses, iniciando uma guerra comercial com a China.
Um dos momentos mais significativos e controversos da presidência de Trump foi a insurreição do Capitólio, a 6 de janeiro de 2021, quando, depois de perder as eleições de 2020 para Joe Biden, continuou a alegar fraude eleitoral.
Apesar da controvérsia em torno da sua presidência e da sua derrota nas eleições de 2020, Trump manteve uma base de apoiantes leais e uma grande influência no Partido Republicano, o que o catapultou para uma vitória, este ano, sobre a atual vice-presidente democrata, Kamala Harris.
O regresso de Trump ao poder fica marcado por múltiplos desafios legais, incluindo o seu envolvimento em vários processos criminais, mas a sua popularidade política manteve-se forte, particularmente em estados-chave como a Pensilvânia e a Geórgia.
A sua candidatura teve como principais bandeiras o fim da guerra na Ucrânia, o endurecimento das políticas de imigração e o restabelecimento da supremacia económica dos EUA com políticas protecionistas.
Depois de uma campanha eleitoral marcada por uma tentativa de assassinato, Trump promete um segundo mandato ainda mais polémico do que o primeiro e com uma administração recheada de figuras escolhidas a dedo pela sua lealdade para “voltar a tornar a América grande”.
ZAP // Lusa
E a Palavra do Ano , pode ser “Habituem-se” e poderá complementar a Eleição destas duas Criaturas ! …..Obrigado Ti Costa !