Direção da bancada do PSD coloca lugares à disposição de Montenegro. Transição de pastas já começou

Mário Cruz / Lusa

Luís Montenegro

Membros da direção da bancada não consideram pedidos de demissão, mas estão recetivos à disponibilização de lugares após o fim do mandato de Rui Rio.

Após anos de divergências internas, o PSD parece apostado em manter a união, mesmo no seio da bancada parlamentar. O dia de ontem foi marcado por reuniões — primeiro entre os responsáveis do grupo parlamentar e depois entre a nova e a cessante direção (Luís Montenegro, Paulo Mota Pinto e Rui Rio) —, que serviram para encontrar pontos comuns e chegar a consensos para tornar o mandato do líder eleito mais fácil. De acordo com o Público, o resultado foi positivo, com alguns dos principais parlamentares a oferecerem os seus ligares à nova direção.

Segundo a mesma fonte, não estão em cima da pedidos de demissão, mas a manifestação de disponibilidades para que os lugares da direção da bancada, eleita no início de abril e com um mandato previsto de dois anos, passem para as mãos de Montenegro — uma posição que terá merecido a concordância generalizada.

Prova de que a direção da bancada apoia a postura de Paulo Mota Pinto foi a comparência de quase todos os vice-presidentes num almoço-conferência — promovido pelo International Club of Portugal. A ausência mais notada foi a de Ricardo Batista Leite, que mesmo assim discursou à distância.

A questão das trocas de lugares só deverá surgir após o congresso dos sociais-democratas, já que até aí Rui Rio continua a ser líder. O tema não foi sequer discutido no referido almoço, onde foram abordados assuntos internos como o sentido de voto da bancada à proposta do Chega sobre o referendo à eutanásia — uma questão que ficou sem resposta.

Quanto à reunião de Rui Rio, Paulo Mota Soares e Luís Montenegro, esta foi tornada pública na página oficial do PSD. “O presidente do PSD, Rui Rio, recebeu esta tarde o líder eleito, Luís Montenegro, na sede do partido em Lisboa. Em cima da mesa esteve todo o processo de transição da liderança, tanto do ponto de vista logístico como político. Os dois abordaram ainda temas relacionados com a atualidade política nacional e do partido”.

O Expresso descreve o encontro como uma transição de pastas “à moda dos homens bons”, tal como referiu Luís Montenegro no seu discurso de vitória no passado sábado.

Rio de saída com alfinetada a Cavaco

Dias após o polémico artigo de Cavaco Silva ter sido publicado no Observador, as ondas de choque provocadas pelo texto continuam a fazer-se sentir, nomeadamente no seio do PSD. Um dos episódios marcantes da novela tem que ver com um “gosto” deixado por Rui Rio numa publicação do comentador Pedro Marques Lopes, onde este questiona o porquê de o antigo primeiro-ministro e Presidente da República ser “uma pessoa tão azeda e ressabiada“.

O gesto, sem importância para muitos, foi usado por Duarte Marques, um dos críticos do líder cessante para lhe deixar mais críticas. “O pior deste tweet é mesmo o like do ainda Presidente do PSD”, escreveu na mesma rede social. No entanto, aponta o Expresso, horas depois o “gosto” de Rio já não constava na lista, o que quer dizer que foi retirado pelo ainda líder dos sociais-democratas.

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