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“Difamaram um inocente”. Sócrates vai ser julgado por 6 crimes, mas deixa o regresso à política em aberto

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António Cotrim / Lusa

José Sócrates no final da sessão instrutória sobre a Operação Marquês

Na tarde desta sexta-feira, José Sócrates foi ilibado de todos os crimes de corrupção de que era acusado pelo Ministério Público, mas vai ser julgado por branqueamento e falsificação. À saída do Tribunal, o ex primeiro-ministro garante que é inocente e afirma que não vai desistir de o provar.

Depois da sessão no Campus da Justiça, o antigo primeiro-ministro atacou o Ministério Público, por o ter acusado de crimes de corrupção pelos quais esteve preso preventivamente.

“Tudo isto é uma gravíssima injustiça. A acusação teve uma motivação política que é muito clara”, disse aos jornalistas que o esperavam no exterior do edifício.

“A acusação da fortuna escondida é uma mentira”, afirmou no final da leitura da decisão do juiz Ivo Rosa, prosseguindo na sua defesa. “A acusação da corrupção é mentira. A acusação de uma ligação com Ricardo Salgado é completamente mentira. Todos vocês puderam ouvir as palavras do juiz”, argumentou, repetindo algumas das expressões usadas por Ivo Rosa para se referir aos argumentos do Ministério Público.

Acusou ainda o MP de “manipular” e “viciar” a distribuição do processo da Operação Marquês para cair nas mãos do juiz Carlos Alexandre.

“Não confio no MP para investigar essa distribuição do caso, que foi viciada. O MP escolheu o juiz. Este nunca foi imparcial. Agiram de forma conluiada para me prenderem. Difamaram durante 7 anos um inocente. Todos esses crimes não existiram. Eram falsidades. Só tenho receio das manipulações”, alegou.

Ainda assim realça que “alguma coisa de singular aconteceu. Todas as grandes mentiras da acusação caíram. Tudo ruiu”. Já sobre a ida a julgamento pelos 6 crimes de branqueamento e falsificação de documento frisa que as acusações não são verdade e garante que se vai defender. “A justiça estava errada”, enfatizou.

Durante todo o processo, José Sócrates afirmou que houve “especulação, efabulação, construção de suposições em cima de suposições”.

Francisco Proença de Carvalho, advogado de Ricardo Salgado, também falou aos jornalistas.

“Não tinha expectativas nem tenho surpresas. E isso é que nós devemos valorizar na justiça, quando não sabemos aquilo que vai ser o resultado quando vimos para um tribunal, e nem sempre isso acontece, é o que todos devemos valorizar na justiça”, referiu.

Questionado sobre a queda do crime de corrupção, considerou que a única palavra que lhe ocorre é “serenidade“, argumentando que “o processo não termina aqui, a nossa confiança mantém-se desde o início igual”, disse, pedindo que a justiça continue a mostrar “distanciamento” em relação a “coisas que se dizem sem saber o que se está a dizer”.

Ivo Rosa quer agora que todos os arguidos sejam julgados em separado, por considerar que não há conexão entre todos os crimes.

Assim, o magistrado pretende que João Perna, Ricardo Salgado e Armando Vara sejam julgados em tribunais distintos, em processos autónomos.

Já José Sócrates e Carlos Santos Silva, que juntam três crimes de branqueamento capitais e três de falsificação de documentos relacionados, seguem no mesmo julgamento.

Os arguidos aguardarão com a medida de coação de termo de identidade e residência.

O Ministério Público já informou que vai recorrer para a Relação de Lisboa.

Regresso à política

À saída da sessão no Campus da Justiça onde foi lida, pelo juiz Ivo Rosa, a decisão instrutória da Operação Marquês, José Sócrates foi questionado sobre um eventual regresso à política.

Na resposta, deixou a porta aberta para tudo: “Quanto ao regresso à política, isso diz-me respeito a mim. Não é algo que queira partilhar convosco“.

A TVI anunciou uma entrevista com José Sócrates que vai ser conduzida por José Alberto Carvalho e ocorrer na próxima quarta-feira, 14 de abril.

Ana Isabel Moura, ZAP //

6 Comments

  1. O lápis azul a funcionar.
    Não se pode falar de Sócrates, André Ventura, etc…
    Seria bom tornar público os assuntos que podem ser comentados.

    Lisboa, século XXI

    • Oh… Tão Xuxalista… E agora quer dizer que não é… O que é que aconteceu com António José Seguro?? Pois… O mesmo que o apoiou foi quem o empurrou do navio!! Tudo farinha do mesmo saco!!

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