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DGS recomenda AstraZeneca só a pessoas com mais de 60. Vacinação de docentes adiada uma semana

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Miguel A. Lopes / Lusa

Graça Freitas, Rui Ivo e Henrique Gouveia e Melo em conferencia de imprensa sobre a vacina da Astrazeneca

A vacina da AstraZeneca será administrada apenas a pessoas com mais de 60 anos. A informação, tomada pela Direção-Geral da Saúde, o Infarmed e a task force para a vacinação contra a Covid-19, foi avançada em conferência de imprensa, esta quinta-feira ao final da tarde.

O presidente do Infarmed, Rui Ivo, deu início à conferência de imprensa referindo as conclusões da Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês), que defendeu a administração da vacina a todas as idades, tendo em conta que os seus benefícios continuam a ser maiores do que os riscos.

“A decisão de vacinar deve ter sempre em conta os balanços entre os benefícios de prevenir a doença e os riscos”, disse Rui Ivo.

Além de não ter sido identificada a ocorrência de fenómenos trombóticos associados à vacina em pessoas acima dos 60 anos, o presidente do Infarmed explicou que “à medida que a idade avança”, os riscos associados à infeção por covid-19 são maiores, enquanto que o risco “desses fenómenos trombóticos diminui”.

O objetivo da vacinação é “salvar vidas e prevenir a doença grave, objetivo que é alcançado com qualquer uma das vacinas”, reiterou a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.

No entanto, a Direção-Geral da Saúde recomenda que a vacina da AstraZeneca seja dada apenas a maiores de 60 anos, enquanto não são recolhidos mais dados sobre o assunto.

Graça Freitas diz que as pessoas que já foram vacinadas com esta vacina devem sentir-se seguras porque até tomarem a segunda dose já haverá mais informação sobre os potenciais riscos.

Em relação a quem tomou a vacina há menos de duas semanas, deve permanecer “tranquilo” e manter-se atento aos sinais que podem indicar um potencial evento secundário adverso, tais como falta de ar, dor no peito, inchaço nas pernas, dor de barriga persistente, sintomas neurológicos (dores de cabeça graves e persistentes ou visão turva) ou pequenos pontos de sangue por baixo da pele no sítio onde foi dada a injeção.

“Estas reações adversas são extremamente raras. No entanto, nos sete a 14 dias após a administração, devem estar atentos a sintomas, a dores de cabeças persistentes, hematomas, manchas vermelhas na pele”, disse Graça Freitas.

A vacinação de docentes e não docentes vai, assim, ser adiada uma semana, disse o almirante Gouveia e Melo, coordenador da task force do Plano de Vacinação Covid-19.

Isto significa que, em vez de a vacinação decorrer este fim de semana, será feita no próximo fim de semana – de 17 e 18 de Abril -, com as vacinas que forem mais adequadas, sem que o plano seja significativamente afetado.

Em Portugal ainda só se registaram dois casos de eventos tromboembólicos depois da vacinação contra a Covid-19, um deles depois da vacina da AstraZeneca e outro depois de outra vacina. Nenhum dos casos resultou na morte dos doentes.

Os casos podem relacionar-se com os que aconteceram noutros países da Europa, mas não são exatamente iguais, disse Rui Ivo.

O vice-almirante Gouveia e Melo, coordenador da task force, diz também que já foram administradas 400 mil doses da AstraZeneca e estão 200 mil de reserva.

Durante o segundo trimestre serão recebidas 1,4 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, num total de 8,8 milhões de doses de vacinas contra a covid-19.

Considerando que durante o segundo trimestre ainda estaremos a vacinar sobretudo pessoas com mais de 60 anos, não haverá um impacto significativo no Plano de Vacinação Covid-19, rematou.

A Direção-Geral da Saúde (DGS), a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) e a task force para a vacinação estiveram reunidos esta tarde para tomar decisões quanto à imposição de restrições na administração da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca.

Na conferência de imprensa estiveram presentes a diretora-geral da saúde, Graça Freitas, o presidente do Infarmed, Rui Ivo, e o coordenador da task force, Henrique Gouveia e Melo.

“As decisões técnicas cabem aos serviços da DGS e Infarmed. Cabe-nos aguardar e reagiremos, se necessário”, defendeu Mariana Vieira da Silva, durante a tarde desta quinta-feira, após reunião do Conselho de Ministros, remetendo as decisões para a DGS e para o Infarmed.

A vacina da farmacêutica AstraZeneca tem estado envolta em polémica e tanto a Agência Europeia do Medicamento (EMA) como a Organização Mundial de Saúde (OMS) concluíram esta semana existir ligações entre a toma do produto e o aparecimento de coágulos sanguíneos.

Sofia Teixeira Santos, ZAP //

6 Comments

    • Impressionante !!! Até há pouco tempo as pessoas com mais de 60 anos não podiam tomar essa vacina porque não tinha sido suficientemente testada para essas idades. Agora só as pessoas com mais de 60 anos tomam.
      Sinceramente ! Qual a credibilidade destes artistas ?

  1. Os vários países estão a aplicar esta vacina a pessoas acima de 60 anos (num dos países, acima de 55 anos e noutros acima dos 65), porque só apareceram reações negativas sérias em pessoas abaixo dos 45 anos. A percentagem de pessoas que em todo o mundo tiveram essas reações foi 0,0003% do total das pessoas vacinadas com esta vacina. Os antibióticos e as estatinas (contra o colesterol) têm percentagens maiores de reações adversas.
    Também tem havido reações adversas a outras vacinas, em pequeníssima percentagem, mas por motivos que desconheço não têm tido a publicidade que a Astrazeneca teve.

  2. Inicialmente era desaconselhada para os mais idosos porque diziam não ser eficaz, como parece agora ter alguma eficácia pela negativa, impõem-na aos mais velhos, pelo menos talvez venha a fazer algum efeito desejado, os cangalheiros agradecem!

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