Dois dias após o incêndio mortal que atingiu algumas regiões perto de Atenas, as autoridades gregas continuam a procurar dezenas de pessoas desaparecidas.
Pelos menos 82 pessoas morreram neste incêndio – o pior da última década – e continua agora a busca por sobreviventes que poderão ter fugido das chamas, incluindo os que escaparam pelo mar.
A proteção civil grega ainda não avançou um número oficial de pessoas desaparecidas, mas os bombeiros dizem ter recebido dezenas de chamadas de pessoas desesperadas à procura de familiares e amigos, sem conseguir precisar um número exato. Parte dos desaparecidos podem ser vítimas mortais.
Nesta quarta-feira, havia 70 pessoas a ser tratadas nos hospitais, dez das quais em estado grave. Outras pessoas foram evacuadas temporariamente das suas casas.
Barcos da patrulha costeira continuam a revistar a costa, em busca de sobreviventes ou vítimas mortais. Enquanto isso, as equipas de resgate continuam a vasculhar as casas e carros atingidos pelas chamas, aponta a BBC.
Os média gregos avançaram que a polícia está a interrogar quatro pessoas por suspeitas de fogo posto. Os rumores ainda não foram confirmados nem as causas do incêndio apuradas.
A Grécia enfrenta a pior onda de incêndios da última década, com números que superam os de 2007, um dos piores fogos algumas vez registados, quando cerca de 70 pessoas morreram nos incêndios na região sul do Peloponeso.
Mais de 1.500 casas foram atingidas e mais de 300 viaturas foram completamente destruídas pelas chamas, sobretudo em Mati, um dos bairros periféricos a norte de Rafina, onde muitos habitantes da capital têm segunda casa e onde passam férias de verão.
Morrer abraçado
Os ventos fortes de 100 km/hora que atingiram a região espalharam as chamas e encurralaram muitas pessoas dentro de casas e viaturas. Outras pessoas foram mesmo forçadas a entrar dentro de água para fugir do fogo.
Nesta terça-feira, os corpos de 26 adultos e crianças foram encontrados no topo de um penhasco. Aparentemente, morreram abraçados.
“Tentaram encontrar uma rota de fuga, mas infelizmente estas pessoas e os seus filhos não conseguiram chegar a tempo. Instintivamente, ao ver que o pior se aproximava, abraçaram-se”, disse Nikos Economopoulos, chefe da Cruz Vermelha da Grécia.
Segundo o fotógrafo Pantelis Saitas, os corpos terão ficado a apenas 15 metros do mar.
Evangelos Bournous, presidente de Rafina, disse em declarações à BBC que o número de mortos poderiam ultrapassar os 100. Os bombeiros disseram ainda que é provável que alguns desaparecidos tenham morrido.
Metade dos edifício atingidos estão inabitáveis
De acordo com o ministro grego das Infraestruturas, cerca de metade de todos os edifícios analisados até agora nas áreas afetadas pelos incêndios na região grega de Ática, perto de Atenas, encontram-se inabitáveis.
De um total de 2.489 edifícios analisados por 340 peritos do ministério, 1.218 (48,93%) foram declarados inabitáveis. Os restantes 1.271 têm condições para habitação.
Segundo Evánguelos Burnús, prefeito da cidade portuária de Rafina, localizada a cerca de 30 quilómetros de Atenas, os edifícios analisados constituem apenas 65% de todas as habitações da área.
Até ao momento foram retiradas das ruas cerca de 305 viaturas carbonizadas, para facilitar as operações de desimpedimento e limpeza.
Stavroula Maliri, porta-voz dos bombeiros, afirmou que existem já 82 vítimas mortais confirmadas, das quais quatro são turistas, afirmando também que é possível que “algumas das pessoas desaparecidas” estejam entre as vítimas mortais, referindo que o estado dos corpos dificulta as identificações.
Equipas de resgate da Cruz Vermelha encontram-se em Mati, localidade costeira situada na região de Rafina fortemente afetada pelos incêndios, analisando a situação casa a casa.