Os incêndios que assolam a Grécia causaram, até ao momento, 80 mortos e 187 feridos, alguns em estado crítico. Este é o último balanço da Proteção Civil grega que alerta que este número irá ainda aumentar.
A Grécia enfrenta a pior onda de incêndios da última década. Os números que superam os de 2007, um dos piores fogos algumas vez registados, quando cerca de 70 pessoas morreram nos incêndios na região sul do Peloponeso.
Ainda não é conhecido o número de desaparecidos. Mais de 1.500 casas foram atingidas e mais de 300 viaturas foram completamente destruídas pelas chamas, sobretudo em Mati, um dos bairros periféricos a norte de Rafina, onde muitos habitantes da capital têm segunda casa e onde passam férias de verão.
As equipas de resgate continuam a procurar pelos desaparecidos, incluindo no mar, onde vários pessoas se refugiaram para fugir às chamas. Os bombeiros dizem ter recebido dezenas de chamadas de pessoas desesperadas à procura de familiares e amigos.
Ventos fortes espalharam o fogo, deixando várias pessoas encurraladas em casas e carros e forçando outras a saltar para o mar.
“Para já, temos solução em termos de comida, alojamento, ajuda médica e apoio psicológico”, afirmou Vagelis Bournous, presidente da autarquia de Rafina, considerando que a situação está a ficar controlada. Nas últimas 24 horas, pessoas e empresas têm feito chegar comida, garrafas de água, fraldas para bebés, medicamentos e “até dinheiro”, incluindo do estrangeiro, disse.
Roubo e pilhagem nas zonas afetadas
Quatro pessoas foram detidas nesta quarta-feira por suspeitas de envolvimento em saques na povoação de Voutzas, nos arredores de Atenas, após os fogos que devastaram a região, avança Ekathimerini.
O grupo de suspeitos, com idades compreendidas entre os 22 e os 26 anos, foram detidos durante uma rusga efetuada pela polícia grega.
“Foram avistados grandes camiões que chegaram à zona de Mati prontos para levar material das casas afetadas pelos fogos”, disse fonte da polícia local ao Jornal de Notícias. As autoridades já reforçaram a segurança na zona para evitar que a situação se repita
Entretanto, o Supremo Tribunal da Grécia ordenou a abertura de um inquérito para apurar as causas dos incêndios e a eventual responsabilidade do Estado grego.
Tsipras declarou 3 dias de luto
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, decretou três dias de luto pelas vítimas dos incêndios que estão a atingir a costa nordeste de Atenas e prometeu que “ninguém ficará sem ajuda”. Tsipras disse, em declarações aos jornalistas, que o importante agora são as vidas humanas e mobilizar todas as forças possíveis para salvar o máximo de pessoas.
“Ninguém ficará sem ajuda, ninguém ficará sem respostas”, prometeu Tsipras, que evitou entrar especular sobre os motivos que causaram o incêndio.
O Ministério Público já iniciou as primeiras investigações para determinar as causas dos incêndios que, segundo suspeitam membros do Governo, podem ter sido intencionais ou, pelo menos, provocados por comportamentos negligentes.
“Agora é o momento da unidade e da solidariedade, não pode haver diferenças ou imposições de culpa. É o momento de mobilização e de lutar para salvar o que pode ser salvo”, assinalou o primeiro-ministro grego, agradecendo as múltiplas mensagens de solidariedade recebidas de toda a Europa.
A Grécia pediu ajuda internacional na noite de segunda-feira, tendo já alguns países respondido com meios de apoio. Portugal enviou 50 elementos da Força Especial de Bombeiros para ajudar a combater os incêndios na Grécia.
Bruxelas enaltece “belíssimo exemplo”
O porta-voz da Comissão Europeia para Ajuda Humanitária e Proteção Civil, Carlos Martin Ruiz de Gordejuela, enalteceu o “belíssimo exemplo” de Portugal, que ofereceu ajuda à Grécia e à Suécia no combate aos fogos que assolam esses países.
“Há uma série de países que responderam, entre eles Portugal, que também já contribuiu para os incêndios na Suécia. É uma grande demonstração de solidariedade“, disse o porta-voz comunitário.
“Penso que conseguimos dar um exemplo do que é a solidariedade: quando um país precisa, é ajudado, quando pode ajudar, ajuda. Neste caso, Portugal é um belíssimo exemplo”, defendeu.
Augusto Santos silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, afirmou a que não há registo de portugueses entre as vítimas ou desaparecidos nos incêndios que atingem a Grécia. “Até ao momento, não há nenhuma notícia de qualquer português que esteja incluído no número das vítimas mortais ou dos feridos ou desaparecidos”, disse.
O ministro lamentou, “em nome do Governo Português”, os “trágicos incêndios que assolam a região de Atenas” e transmitiu “toda a solidariedade para com o povo grego, as autoridades gregas e as famílias das pessoas atingidas”.
“Sabemos bem, por experiência própria, quão trágicos podem ser incêndios florestais desta magnitude”, comentou Santos Silva.
Nas últimas horas, vários portugueses expressaram a sua solidariedade e suas condolências ao povo grego, entre os quais, Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa, Ferro Rodrigues, Assunção Cristas e Rui Rio.