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Desemprego em Portugal ficará próximo dos 14%. Centros de emprego já sentem “avalanche”

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Paulo Novais / Lusa

O Fundo Monetário Internacional (FMI) indicou, na terça-feira, que Portugal está a caminho de um défice de 7% ou mais em 2020, valor só equiparável ao de 2014, ano da falência e resgaste do BES. O desemprego ficará próximo dos 14%.

Segundo noticiou o Diário de Notícias (DN), estas previsões foram apresentadas por aquela entidade a partir de Washington, nos Estados Unidos (EUA), no arranque dos encontros da primavera, que desta vez ocorre em modo virtual.

Com o mundo a caminhar para a pior recessão desde a Grande Depressão dos anos 20 do século passado, em Portugal haverá “um verdadeiro choque de desemprego, o maior de que há registo”, escreveu o DN, tendo por base as séries longas consultadas pelo pelo jornal e pelo Dinheiro Vivo, que remontam a 1960.

Durante a apresentação, o FMI apontou as primeiras projeções para as contas públicas, referindo que, em Portugal vai mergulhar num défice que deve ultrapassar um valor equivalente a 7% do produto interno bruto (PIB). A recessão, avançou igualmente, deve arrastar-se até ao final do ano.

O peso do desemprego será o terceiro maior, depois da Grécia e de Espanha.

Quanto a estas projeções, há especialistas que veem o défice português a passar os 10% este ano e a dívida a tocar os 146% do PIB, com a economia a colapsar 15%.

O ministro das Finanças, Mário Centeno, em entrevista à TVI na segunda-feira, disse que no segundo trimestre a quebra do PIB pode ser quatro a cinco vezes maior do que o pior valor alguma vez registado.

André Kosters / Lusa

O ministro das Finanças, Mário Centeno

Na apresentação de terça-feira, o FMI indicou ainda que no último trimestre de 2020 Portugal deve ter uma contração económica de 10% ou mais. O crescimento pode chegar a 5%, não chegando para reverter o esperado no ano corrente.

Na zona euro, continuou o FMI, haverá uma contração de 7,5%, com a Alemanha a recuar 7%, França 7,2%, Itália um valor superior a 9%, Espanha 8% e Grécia 10%.

A economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, constatou que “as medidas de proteção necessárias estão a ter um impacto severo na atividade económica” e que “a economia global deverá contrair-se acentuadamente em cerca de 3% em 2020, o que é muito pior do que durante a crise financeira de 2008-2009”.

“Partindo do pressuposto de que a pandemia e as medidas de contenção atingem o pico no segundo trimestre na maioria dos países e depois recuam no segundo semestre deste ano, projetamos a tal quebra de 3%” que compara com uma quebra muito ligeira do PIB global de 0,1% em 2009, sublinhou.

E acrescentou: “Isto faz deste Grande Lockdown [a crise do novo coronavírus] a pior recessão desde a Grande Depressão [nos anos 20 do século passado] e muito pior do que a crise financeira global”.

Centros de emprego já sentem “avalanche”

Segundo informou a TSF, na opinião do presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Serviço Público de Emprego e Formação Profissional, Marçal Mendes, em mais de trinta anos de carreira em centos de emprego, nunca viu um aumento tão abrupto e repentino dos pedidos de subsídio de desemprego.

Com o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) está limitado, há filas para atendimento pelo telefone ou pela internet, disse Marçal Mendes. Os pedidos são de recém desempregados – principalmente dos que estavam em contratos a prazo – mas também uma “enorme incidência” de contratos que estavam no início.

O sindicalista referiu alguns despedimentos coletivos, longe de ser a maioria, recordando ainda que, até à crise da Covid-19, o país estava num nível baixo de desemprego. Apontando para uma “avalanche” de pedidos de subsídio de desemprego, afirmou: “Mesmo na crise de 2008-2009 e nos anos seguintes, houve um enorme impacto na atividade económica e no emprego, mas uma coisa assim penso que é inédito”.

ZAP //

2 Comments

  1. Grandes manipuladores e mentirosos – avalanche no centro de emprego com fotos e tudo! Os centros de emprego estão fechados, tal como todos os serviços do estado – os funcionários foram para casa gozar férias pagas a 100% e não descontadas nas férias oficiais – pela internet e telefone? Tanga- telefone e não atendem ou atendem e dizem não ter pessoal …. Mentirosos. As pessoas estão desesperadas a necessitar dos serviços e estes gozam com os pobres

    • As fotografias serão seguramente de bancos de imagens. É habitual nas notícias recorrer-se a bancos de imagens. Quanto ao resto admito que seja tudo verdade. Já estamos habituados!

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