Carlos Macedo e Cunha, cronista convidado do jornal digital Observador, é o autor do plano de desconfinamento que foi posto a circular nas redes sociais, mas garante desconhecer como é que o documento se tornou público.
Esta quinta-feira, começou a circular nas redes sociais um alegado plano de desconfinamento que teria início já no mês de março. O Governo já veio avisar que o documento é falso e vai fazer uma denúncia ao Ministério Público (MP).
O documento falso apresenta várias datas para o desconfinamento, como o fim do confinamento geral; a reabertura de estabelecimentos como os cabeleireiros e a retoma do ensino presencial. Mas nenhuma destas informações é verdadeira.
De acordo com o Observador, o autor do ficheiro foi Carlos Macedo e Cunha, colunista convidado do mesmo jornal digital.
O semanário Expresso nota que, abrindo as propriedades do documento, pode ver-se que este é originário de um ficheiro Excel cuja autoria é de Carlos Macedo e Cunha e que foi criado poucos minutos depois da meia-noite desta quinta-feira.
Em declarações ao Observador, Macedo e Cunha admitiu a autoria do documento, que afirma ter sido partilhado num “grupo fechado de amigos”. “Alguém se aproveitou indevidamente do facto de termos pegado naquele template”, disse.
Questionado sobre por que o ficheiro é coincidente com o plano de desconfinamento apresentado em abril de 2020, o autor justifica que fez “download de vários planos” da Austrália, Nova Zelândia e usou o plano de desconfinamento do ano passado “enquanto versão pré-draft”.
Macedo e Cunha justificou a opção pelo desenho em formato de tabela por ser “mais simples de partilhar com todas estas entidades que muito respeitamos”.
Segundo Macedo e Cunha, o objetivo passava por fazer uma discussão mais alargada e enviar posteriormente os contributos para os “grupos parlamentares, Presidente da República e primeiro-ministro”.
“Usei o template [do plano de desconfinamento publicado a 30 de abril de 2020 pelo Governo] para começar o trabalho entre nós. Mandei num grupo fechado a um conjunto de amigos”, justificou. Segundo o colunista, fariam parte do grupo de Whastapp alguns membros do ThinkTank informal “INFO | Covid-19”.
O grupo reúne especialistas das mais variadas áreas: o círculo “mais restrito” tem 15 pessoas, o mais alargado cerca de 100.
Questionado sobre a utilização dos logótipos oficiais do Governo num documento de trabalho, Macedo e Cunha disse que só constava a imagem do governo no ficheiro que foi partilhado nas redes sociais e que o documento final que seria enviado à Assembleia da República nada teria a ver com o que foi difundido.
Em declarações ao jornal Público, o colunista garantiu desconhecer como é que o documento se tornou público. “Não sei quem foi”, assegurou.
“Não era suposto ter sido divulgado e terá sido certamente por lapso e de forma não intencional”, afirmou ao Expresso. “A minha atividade profissional não me permite ter muito tempo para contribuir para a cidadania mas, quando posso, faço isto como bom cidadão e vontade de ajudar. Vamos lá levar o país para a frente e colocar a economia crescer. Não percamos mais tempo com fake news”.
Coronavírus / Covid-19
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… ser apanhado a falsificar um documento com o logotipo do governo… imagino o quanto lhe convém que não se perca mais tempo. Pode até ser inocente (o mais provável) mas a responsabilização perante o cargo que ocupa tem de existir e ter consequências, para não abrir precedentes.