O grupo de comunicação social Controlinveste, detentor do Jornal de Notícias, Diário de Notícias, TSF e O Jogo, anunciou esta quarta-feira que vai despedir 140 trabalhadores e negociar a saída de mais 20.
“A evolução negativa do mercado do mercado dos media, tanto em Portugal como na Europa, e a acentuada quebra de receitas do setor impõem à Controinveste Conteúdos uma decisão estratégica de redução de custos para garantir a sustentabilidade do nosso negócio”, justifica ao conselho de administração do grupo.
Numa comunicação aos trabalhadores, a administração da Controlinveste Conteúdos afirma que “iniciou um processo de corte de custos com efeitos imediatos. Neste âmbito foram já identificadas algumas rubricas que permitirão uma poupança de cinco milhões e quinhentos mil euros equivalentes anuais”.
“Nos últimos três anos (2011 a 2013) apresentámos um défice de tesouraria e resultados antes de impostos negativos em montantes consideráveis. A continuação desta performance negativa colocaria em causa a viabilidade da nossa empresa, com consequências que atingiriam todos os que nela trabalham e o próprio universo dos media em Portugal, afetando negativamente a sua diversidade e pluralismo”, sustenta.
Foi aprovado pelo conselho de administração iniciar de imediato um processo de redução de efetivos no total de 160 postos de trabalho o qual inclui um despedimento coletivo que abrange 140 trabalhadores e um conjunto de negociações para rescisão amigável de contrato abrangendo cerca de 20 postos de trabalho.
No comunicado, a Controlinveste acrescenta que “em breve” está em condições de apresentar “algumas novidades” que levarão “ao início de uma nova era na imprensa escrita, no digital ou na rádio”.
A Lusa tentou obter uma reação do presidente do Sindicato dos Jornalistas, mas sem sucesso até ao momento.
Proença de Carvalho afirma que despedimentos são “indispensáveis”
O presidente do conselho de administração do grupo Controlinveste Conteúdos, Daniel Proença de Carvalho, afirmou que “as medidas agora anunciadas, embora dolorosas, são indispensáveis para que o grupo possa crescer sustentadamente no futuro próximo”.
Numa declaração escrita enviada à Lusa, Proença de Carvalho refere que “o capital que os novos acionistas investiram na empresa permitiu restaurar as suas finanças, mas a sua sustentabilidade futura e o seu crescimento exigem uma equilibrada adequação dos seus custos às realidades económicas do sector, que, como se sabe, tem vindo a conhecer uma profunda crise”.
“Esse equilíbrio impõe uma política de poupança de custos que tornou exigível a adaptação dos recursos humanos do grupo às realidades do sector e das suas empresas”, justifica.
Proença de Carvalho considera que “os media só podem cumprir o seu relevante papel nas sociedades democráticas, com independência e liberdade, se forem financeiramente sustentáveis e, por isso, é dever das administrações preservarem a independência financeira das empresas”.
O CA da Controlinveste é presidido por Daniel Proença de Carvalho desde a recente recomposição acionista que integrou no capital da empresa os empresários António Mosquito (27,5%) e Luiz Montez (15%), além dos bancos BCP e BES (ambos com 15%). O anterior proprietário, Joaquim Oliveira, passou a deter 27,5%.
/Lusa