O ex-presidente da câmara municipal, e candidato derrotado em três eleições Presidenciais, foi o mais votado em Teerão nas Legislativas desta sexta-feira.
De acordo com os dados parciais avançados por media locais, este sábado à noite, o bloco dos conservadores e ultra-conservadores no Irão foi o grande vencedor das Legislativas, tendo já eleito 191 dos 290 lugares do Majlis (Parlamento).
Ontem, a agência semioficial Fars avançava que já tinham sido eleitos 241 deputados. Para além dos 191 do bloco conservador e ultra-conservador, os reformistas e moderados, que eram a força maioritária, só conseguiram conquistar 16 deputados. Os restantes 34 lugares do Parlamento foram atribuídos a independentes.
Mohammad Baqer Qalibaf, ex-presidente da câmara municipal de Teerão, candidato derrotado em três eleições Presidenciais e político de linha dura, foi o mais votado na capital iraniana.
Estes resultados parciais confirmam a expectativa de antes das eleições que era a derrota em toda a linha do bloco reformista e moderado, por duas razões, em que a principal foi a desqualificação de milhares de candidatos desta linha política pelo Conselho Guardião, órgão de tutela dos atos eleitorais no Irão.
A segunda razão assenta no profundo desapontamento dos eleitores, sobretudo das mulheres e dos que têm menos de 30 anos, com a gestão económica do Executivo do Presidente Hassan Rohani, sobretudo pela falta de cumprimento das promessas que fez na liberalização social e política, aquando da sua reeleição para o segundo e último mandato presidencial em 2017.
Dominando o poder legislativo, os conservadores têm condições para arrebatar a Presidência nas eleições de 2021. Segundo o jornal Público, o campo moderado está numa posição frágil, sobretudo por causa da morte do general Qassem Soleimani e depois de os Estados Unidos terem rasgado o acordo nuclear.
Os resultados completos, sobretudo em Teerão, deverão ser anunciados dentro de dias, acrescenta a Fars, sem se comprometer com datas. No próximo dia 17 de abril realiza-se uma segunda volta, para disputar 14 assentos.
Este domingo, o Guia Supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei acusou a imprensa estrangeira de ter lançado uma “campanha de propaganda” maciça para desencorajar os iranianos de irem votar.
“A propaganda começou há alguns meses e intensificou-se com a aproximação das eleições e nos dois últimos dias [antes do escrutínio] com o pretexto de uma doença e de um vírus”, declarou, na sua página oficial na Internet.
Khamenei refere-se ao surto do coronavírus Covid-19 que, no país, já fez oito mortes e mais de 40 infetados. As autoridades anunciaram o encerramento temporário de escolas em várias províncias e foram proibidas aglomerações, como concertos e outros eventos.
Mais de metade dos eleitores iranianos (57,43%) absteve-se de votar nas Legislativas e na capital esse valor foi ainda maior, cerca de 70%, anunciou hoje o ministro do Interior.
Abdolreza Rahmaní Fazlí, que apresentou os resultados em conferência de imprensa, disse que, dos 57.918.159 eleitores inscritos, apenas 24.512.404 se deslocaram às assembleias de voto.
O valor alcançado no escrutínio foi muito abaixo do que é habitual em eleições no Irão. Nas anteriores Legislativas, em 2016, a taxa de participação eleitoral foi de 62%.
ZAP // Lusa
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