/

Centeno escolheu Louçã para o Banco de Portugal “para irritar o Governador”

3

Nuno Veiga / Lusa

O antigo presidente do PSD, Luis Marques Mendes

O antigo presidente do PSD, Luis Marques Mendes

A escolha de Francisco Louçã para o Conselho Consultivo do Banco de Portugal, depois de proposta de Mário Centeno, está a causar polémica e Marques Mendes diz que se trata de uma manobra do ministro das Finanças “para provocar e irritar” o Governador Carlos Costa.

Louçã é um dos fundadores do Bloco de Esquerda que tem assumido um discurso muito crítico relativamente à actuação do Banco de Portugal (BdP), visando em particular o Governador Carlos Costa.

No seu habitual espaço de comentário na SIC, Marques Mendes refere assim, que a escolha de Louçã para incluir o Conselho Consultivo do BdP não é inocente politicamente e que constitui uma estratégia de Mário Centeno para atingir o Governador.

“Carlos Costa é uma espécie de ódio de estimação” do ministro das Finanças, destaca  o ex-líder do PSD. Sendo Francisco Louçã “um crítico do BdP, um crítico de Carlos Costa, um crítico da supervisão”, a sua nomeação é “uma provocação”, constata Marques Mendes, frisando que visa “irritar o Governador”.

Maria Luís e Gaspar têm que explicar-se ao Parlamento

Marques Mendes também defende que os antigos ministros das Finanças Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque têm que dar explicações no caso das transferências de 10 mil milhões de euros para offshores que não foram tratadas pelas estatísticas do Fisco, durante o governo PSD-CDS.

O comentador político realça na SIC que não basta ouvir o ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, e que Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque têm também que ser “chamados e inquiridos no Parlamento”.

Marques Mendes nota que os secretários de Estado “não têm competências próprias, mas apenas competências delegadas pelos ministros“.

“Nunca houve uma conversa destas? Quer dizer, se não houve, então que raio é que o ministro ou a ministra lá está a fazer?”, pergunta ainda o comentador político.

Marques Mendes acrescenta que, neste processo, “o que falhou foi a verificação da legalidade da origem e destino dos fundos e ver se há impostos a pagar, e depois divulgar essas transferências e isso não foi feito”. “É preciso perceber porque não foram divulgadas”, conclui.

Cristas diz que “o país deve muito a Núncio”

Paulo Núncio assumiu no sábado a “responsabilidade política” pela não publicação dos dados, demitindo-se das suas funções nos órgãos nacionais do CDS-PP. Isto depois de, inicialmente, ter imputado responsabilidades à Autoridade Tributária e de ter ouvido o ex-director do Fisco desmenti-lo e acusá-lo de, por três vezes, ter recusado a publicação das estatísticas.

A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, já veio defender Núncio, notando que ao assumir a sua “responsabilidade política” revela “uma grande elevação de carácter”.

“O país deve muito ao doutor Paulo Núncio pelo trabalho de combate à fraude e à evasão fiscal”, salienta ainda Assunção Cristas durante uma visita à feira ExpoSerra em Gouveia, na Guarda.

Paulo Núncio e o actual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Fernando Rocha Andrade, vão ao Parlamento na quarta-feira para esclarecer os deputados sobre este caso. Há, também, a intenção de chamar os responsáveis da Autoridade Tributária para ouvir o que têm a dizer.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Neo-liberais, politicos de direita e conservadores podem, e são escolhidos, para os mais variados cargos (com os resultados que o simples cidadão pode sentir “na pele”). Assim que alguém mais á esquerda é escolhido para seja o que for é um “ai Jesus”, vem lá o terror vermelho, escondam os meninos e as donzelas, etc. Tenham vergonha

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.