O CDS-PP tem uma vaga de deputado por preencher na Assembleia da República (AR), depois da saída de Ana Rita Bessa. Isabel Galriça Neto e Sebastião Bugalho já recusaram o lugar e Francisco Rodrigues dos Santos, líder do partido, queixa-se que só soube pela comunicação social.
Está instalada a polémica no Grupo Parlamentar do CDS depois da saída de Ana Rita Bessa. A deputada abandonou a Assembleia da República (AR) com críticas à liderança de Francisco Rodrigues dos Santos e criou um “buraco” que está a ser difícil de preencher.
Isabel Galriça Neto deveria ocupar o lugar, devido à posição nas listas das últimas legislativas, mas depois de ter sido eleita como presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, na candidatura vencedora de Carlos Moedas, anunciou que não se sentaria no Parlamento nacional.
Entretanto, o líder do grupo parlamentar do CDS, Telmo Correia, anunciou que o lugar de Ana Rita Bessa seria ocupado por Sebastião Bugalho, ex-jornalista e outro crítico de Rodrigues dos Santos.
Mas o comentador da TVI, que foi uma escolha pessoal de Assunção Cristas, a anterior líder do CDS, também recusou o lugar de deputado.
Agora, Rodrigues dos Santos lamenta, em entrevista ao Expresso, só ter sabido da decisão de Bugalho e de Ana Rita Bessa pela comunicação social, deixando um puxão de orelhas a Telmo Correia.
A “pirueta do Sebastião Bugalho” e a sombra de Cristas
“Devia ter sabido pelos canais formais e próprios dentro do CDS. Telmo Correia, Sebastião Bugalho, alguém me devia ter dito“, critica Rodrigues dos Santos em entrevista ao Expresso.
O líder do CDS refere, contudo, que mantém “a confiança política em Telmo Correia”.
Mais crítico é quanto a Sebastião Bugalho, admitindo que preferia que o seu lugar nas listas tivesse sido preenchido por Francisco Camacho, o vice-presidente da Juventude Popular (JP).
“Fiquei muito surpreendido com a aceitação inicial do Sebastião Bugalho, porque depois de tudo o que disse sobre o partido, depois de sistematicamente destratar o partido e a liderança, pensou que podia ser deputado. Ninguém no seu perfeito juízo o faria, a não ser que a intenção dele fosse continuar essa ofensiva contra o partido a partir da bancada parlamentar”, constata Rodrigues dos Santos ao Expresso.
“Esta pirueta do Sebastião Bugalho é uma situação ridícula e desprestigiante para um partido fundador da democracia apenas com cinco deputados. A responsabilidade é do presidente da distrital de Lisboa e da presidente que fez estas listas”, aponta ainda o líder do CDS numa referência a Assunção Cristas.
“A relação possível” com o grupo parlamentar
Nesta entrevista, Rodrigues dos Santos também deixa marcada a distância que mantém com o grupo parlamentar do partido que lidera.
“Eu soube pela comunicação social que o Sebastião Bugalho tinha aceitado o lugar e soube pela comunicação social que ele não aceitava. Sou presidente do partido e não tinha ninguém a dar-me nota de que era o Sebastião Bugalho que ia substituir a Ana Rita Bessa. Sou presidente de um partido e não tive nenhuma comunicação a dizer quem ia substituir a Ana Rita Bessa”, assume o líder do CDS.
Rodrigues dos Santos reconhece que o grupo “é de Assunção Cristas” e, por isso, salienta que mantém com os deputados do CDS “a relação possível”.
“Não se pode exigir que trabalhe com um grupo parlamentar que não foi escolhido por mim como trabalharia com um grupo parlamentar da minha escolha”, justifica.
“Vamos articulando em matérias estruturantes”, mas “o grupo parlamentar goza de alguma autonomia e liberdade”, acrescenta, reforçando, contudo, que confia “na liderança do Telmo Correia e no seu bom-senso”.
“Tenho um garrote na comunicação social”
“Não só não sou deputado como não tenho ninguém da minha direcção no grupo parlamentar”, desabafa ainda Rodrigues dos Santos.
O líder centrista assume que gostava de ocupar um lugar de deputado, mas nega que tenha pedido a Cecília Meireles para abdicar do seu lugar no Parlamento, até porque “faz um grande trabalho”, como destaca.
“Tenho de me conformar com isso”, refere ainda ao Expresso.
Contudo, Rodrigues dos Santos trata de sublinhar que o CDS perde força por ser o único partido cujo líder não tem assento no Parlamento.
“Outro problema” do CDS é que “quem representa o partido nas televisões é a oposição interna”, salienta também o líder dos populares.
“Eu falo em alhos e eles falam em bugalhos. Tenho conquistas e eles estão na televisão e transformam os sucessos eleitorais do meu partido em insucessos. Quero falar para fora e eles estão nas televisões a falar para dentro. Tenho um garrote na comunicação social”, desabafa Rodrigues dos Santos.
Assim, “enquanto não puder colocar quem é da minha confiança política nas estações a comentar e a transmitir a nossa mensagem, enquanto o líder não tiver voz própria como todos os outros no Parlamento”, é o CDS quem fica a perder, conclui Rodrigues dos Santos.
Eleições antecipadas para “neutralizar oposição interna”
Numa jogada de antecipação, para “neutralizar oposição interna”, Rodrigues dos Santos deve anunciar, nesta sexta-feira, a recandidatura à liderança do CDS, como avança o Observador.
A publicação refere que Rodrigues dos Santos deverá, assim, antecipar as eleições internas para Novembro, ou no máximo, Dezembro.
As eleições deveriam ser realizadas em Janeiro, mas Rodrigues dos Santos quer “antecipar o congresso do partido e forçar eleições” para capitalizar o bom resultado autárquico, ainda de acordo com o Observador.
A ideia é garantir que “a oposição interna terá menos margem para ganhar o congresso”, vinca a mesma publicação.
O Chega dos padrecos ricos está cada vez mais descontrolado…