Juízes do caso BES ouvem testemunho que diz que Salgado “comprou” Marcelo

José Sena Goulão, António Cotrim / Lusa

O julgamento do caso da queda do Banco Espírito Santo (BES) arranca neste mês, e os juízes vão ouvir o testemunho do empresário Pedro Queiroz Pereira que compromete o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa.

Este testemunho será reproduzido durante a audiência marcada para 18 de Outubro.

As palavras de Pedro Queiroz Pereira serão “reproduzidas na íntegra”, como refere um despacho da juíza-presidente Helena Susano a que o Correio da Manhã (CM) teve acesso.

Pedro Queiroz Pereira que foi líder do Grupo Semapa já faleceu. Mas o depoimento que prestou durante a fase de inquérito do processo, a 31 de Julho de 2018, vai ser ouvido pelos juízes do caso BES.

Este processo vai a julgamento mais de uma década depois da queda do BES. O principal arguido é o ex-presidente do BES Ricardo Salgado que está acusado de crimes como associação criminosa, corrupção activa, falsificação de documentos, burla qualificada e branqueamento de capitais.

O depoimento de Pedro Queiroz Pereira fala precisamente da amizade entre Salgado e Marcelo.

“Marcelo gostava de ter dinheiro atrás”

Pedro Queiroz Pereira afirmou que Marcelo e Salgado se distanciaram depois de o actual Presidente da República ter criticado o Grupo Espírito Santo, aponta o CM que teve acesso ao testemunho.

Segundo a mesma fonte, as companheiras de ambos, Rita Amaral Cabral e Maria João Salgado, trataram de os aproximar.

“Os interesses eram grandes de mais: Marcelo Rebelo de Sousa tinha interesses políticos, mas gostava de ter dinheiro atrás; Ricardo Salgado tinha dinheiro, mas não tinha poder político“, terá dito Pedro Queiroz Pereira no seu testemunho, conforme cita o CM.

O empresário também afirmou que “para recuperar a relação que tinha com o professor Rebelo de Sousa”, Ricardo Salgado ordenou ao departamento jurídico do BES que entregasse “trabalho de cobranças ao escritório da doutora Rita Amaral Cabral“, segundo o mesmo jornal.

“No escritório da doutora Rita Amaral Cabral, mais de 60% do trabalho era o BES que dava”, sublinhou ainda o empresário, concluindo que “era uma forma de comprar o professor Rebelo de Sousa“, como cita o CM.

Rita Amaral Cabral era namorada de Marcelo na altura, e ainda manterá um relacionamento amoroso com o Presidente da República.

Em 2013, Marcelo Rebelo de Sousa fez também um parecer para o BES, mas assegura que não recebeu dinheiro pelo serviço.

A agenda do ex-bancário revela convívios frequentes entre os dois casais, inclusive em férias conjuntas.

ZAP //

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