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Bruxelas dá razão a Centeno e está agora mais otimista do que o Governo português

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O primeiro-ministro, António Costa, com o ministro das Finanças, Mário Centeno

O primeiro-ministro, António Costa, com o ministro das Finanças, Mário Centeno.

A Comissão Europeia confirma os números do défice avançados por Mário Centeno e está agora mais otimista, relativamente à economia portuguesa, esperando que esta cresça 1,3% em 2016 e 1,6% este ano, ligeiramente acima das previsões do Governo.

Nas previsões económicas de inverno divulgadas nesta segunda-feira, a Comissão Europeia (CE) reviu em alta a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) português em 2016, de 0,9% em novembro, para 1,3%, devido a um “forte desempenho na segunda metade do ano, particularmente no turismo” e no consumo privado, apesar da contração no investimento.

Bruxelas destaca o crescimento do setor exportador no ano passado, “ajudado pelo desempenho muito forte do turismo“, salientando a melhoria, “apesar do aumento estimado dos custos do trabalho”.

A CE estima que esses efeitos se prolonguem este ano e no próximo, enquanto as importações devem acelerar, “acompanhando a recuperação do investimento”.

Riscos no setor bancário

Bruxelas melhorou também as estimativas para 2017 e 2018, esperando agora que a economia cresça 1,6% e 1,5%, respetivamente, quando nas previsões de outono previa que o PIB avançasse 1,2% este ano e 1,4% no próximo.

Embora se revele mais otimista, a CE admite que existem riscos negativos para a previsão, considerando que “os problemas por resolver no setor bancário podem diminuir a recuperação esperada do investimento”.

Bruxelas considera que o consumo privado deve manter-se robusto, “ao ser impulsionado pelo aumento do salário mínimo e da melhoria do mercado de trabalho”, mas deve abrandar nos próximos anos.

A Comissão espera também que o investimento melhore, mas que esse crescimento seja mais visível apenas em 2018, “uma vez que serão implementados mais projetos no âmbito do novo programa de fundos europeus e que as condições de financiamento melhorem gradualmente”.

“Perdão fiscal” dá ajuda e défice fica nos 2,3%

Relativamente ao défice orçamental português, a Comissão Europeia estima que tenha descido para 2,3% do PIB em 2016, ficando abaixo da meta definida para o fim do processo de sanções, mas admite que só foi possível com o “perdão fiscal”.

“É expectável que o défice orçamental tenha representado 2,3% do PIB em 2016, ajudado por receitas extraordinárias”, afirma o relatório da CE.

Bruxelas salienta que a arrecadação de receita foi inferior ao orçamentado em 2016 e que isso foi “parcialmente compensado por receitas adicionais, que valeram 0,25% do PIB, através do Programa Especial de Redução do Endividamento ao Estado (PERES), e pela contenção de despesa”.

Mário Centeno, ministro das Finanças, repetiu, por mais do que uma vez, que o défice de 2016 “não seria superior a 2,3%”, abaixo dos 2,5% que tinham sido fixados pela CE em Maio do ano passado.

Turismo impulsiona números do emprego

Bruxelas destaca também que “a forte época turística apoiou a criação de postos de trabalho e os salários melhoraram”, mas alerta que, no entanto, o crescimento do emprego deve diminuir gradualmente, de 1,3% em 2016 para 0,6% em 2018.

A Comissão reviu ligeiramente em alta a taxa de desemprego em 2016 e 2017, esperando agora que representem 11,2% e 10,1%, quando em novembro antecipava que fossem 11,1% e 10%. Para 2018, melhora ligeiramente a previsão, de 9,5% para 9,4%.

Os números de Bruxelas são conhecidos na véspera de o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgar a estimativa rápida das contas nacionais trimestrais referente ao quarto trimestre do ano passado, apresentando também a evolução do PIB no conjunto de 2016.

O crescimento de 1,3% do PIB em 2016 significa que a economia abrandou face a 2015 (quando cresceu 1,5%), mas revela também uma melhoria face ao previsto pelo Governo para o ano passado no Orçamento do Estado de 2017, divulgado em outubro.

No documento, o executivo liderado por António Costa reviu em baixa a estimativa de crescimento económico para 2016, de 1,8% para 1,2%, e estima que a economia acelere ligeiramente para 1,5% em 2017.

ZAP // Lusa

24 Comments

    • As coisas estão a melhorar porque o governo anterior fez o que era necessário para arrumar o país. Agora vamos ver se o atual governo aproveita para não deitar tudo a perder.

      • Hahahaa!…
        Fez, fez… ficou tudo arrumadinho; por isso é que os problemas da banca estavam todos resolvidos – estava tudo “limpinho”!!
        Mas, a “grande arrumação” foi vender património publico ao desbarato, para depois vermos a dívida publica aumentar ainda mais!…

      • Fez? Foi uma sorte estes terem conseguido o perdão fiscal provocado pelo anterior governo que nem se dignou a ajudar. O que eles fizeram foi reformas que consistiu em cortar, cortar, pôr tudo na pobreza e aumentar a dívida. Acabaram com a classe média, enriquecendo uns e empobrecendo outros. Agora andam fulos, com uma dor de cotovelo terrível porque as coisas estão a dar certo e estão a ver cada vez mais distante a sua ida para o poleiro. Só não vê quem não quer!

      • Só não vê quem não se informa.
        Informem-se devidamente primeiro. Avançámos anos luz no direito laboral, na justiça (lembrem-se quem nomeou uma PGR verdadeiramente independente), recuperámos de um défice de 11% para um valor dentro dos limites estabelecidos pela UE, acabou-se com a treta do rendimento mínimo garantido que era fantástica para todas as mulheres-a-dias e biscateiros deste país que tiravam por aí mais um ordenado (fora o que não declaravam), acabámos com as autoestradas que não iam dar a lugar algum e que apenas se justificavam para encher os bolsos de todos os intervenientes nesses projetos, assim como os megaprojetos de aeroportos e tgv, deixámos cair bancos que viviam à mama do estado… enfim… acabou-se a bandalheira. Preferem viver no lodo? Continuem. Mas são cegos apenas por que querem.

      • Está corretíssimo Arnaldo! Infelizmente nem todos têm a sua lucidez.
        Esta gente nem faz ideia do que é ser rico em Portugal. Devem pensar que andam por aí muitos Belmiros e Amorins. Informem-se primeiro. O governo anterior cortou nos que tinham mais rendimentos. E em Portugal ter um salário de mais de 1.000 euros já o coloca nos 50% que ganham mais. Ganhem juízo.

    • Não, as coisas estão melhor (entenda-se para as contas do Estado, não para as contas da população), precisamente porque os impostos sobre os combustíveis e IMI aumentaram.
      Depois tb há as razões que não dependem do governo e que de resto o artigo refere, tal como o turismo (é rezar para que o governo não se intrometa, caso contrário já se sabe que o sucesso obtido até agora desaparece num ápice), e outras medidas pontuais, tal como o perdão fiscal. Por alguma razão o governo não quis indicar o valor do défice sem medidas extraordinárias…
      Depois ainda há a dívida publica, que cresce mais do que qualquer outra coisa em Portugal, e que alguém um dia terá de pagar… Enquanto não pagamos, vamos assobiando para o ar e dizendo: “que fixe, sinto-me mesmo bem, tenho os bolsos com mais dinheiro”…

      • E não foram apenas os impostos sobre combustíveis e IMI que aumentaram. Veja o peso das receitas fiscais angariadas pelo imposto sobre o tabaco.

        Mas o que eu não percebo é que a nossa economia está cada vez mais assente em atividades profissionais com níveis educacionais baixos (empregados de café, restaurantes, etc). E faltam pessoas para trabalhar nestas áreas e em muitas outras.
        No entanto, o Estado Português considera prioritárias como áreas de formação coisas completamente disparatadas atendendo à realidade do tecido empresarial nacional. Isto é um pouco como pensar assim: as áreas de formação consideradas prioritárias são aquelas que nós gostávamos que a nossa economia precisasse. Mas o que a economia necessita é uma outra coisa completamente diferente. Então, aposta-se na formação tendo em conta o horizonte que gostaríamos de atingir mas pelo meio essa gente vai ficar necessariamente desempregada. As pessoas vão viver de quê… enquanto não nos afirmarmos (se é que alguma vez o vamos fazer) como um centro de investigação e conhecimento com atividades empresariais baseadas na inovação? Só pode ser do ar. Como os políticos estão-se literalmente a c***** para isso quem sofre uma vez mais será o povo.

  1. A Comissão Europeia é a maior evidência da incompetência dos burocratas de Bruxelas. É conforme sopra o vento. Umas vezes está tudo mal e são precisas mais medidas; outras vezes contentam-se com o valor do défice e logo aceitam terem-se enganado, mesmo antes de estudarem as medidas pontuais e conjunturais que o governo tomou para alcançar esse valor.
    Costa, esperto como um alho, grita, esbraceja, e não aceita falar em mais nada para além do 2,3% de défice.
    Engana Bruxelas e Marcelo, mas não engana os Mercados (4%) nem as Agências de Rating (Lixo).
    Quando a oposição avisa o Parlamento dessa situação financeira e económica perigosa, Costa diz-lhes que estão a ser anti-patriotas porque a UE não pode saber disso ! É o Faz-de-conta e o País das Maravilhas.

  2. Neste momento de turbulência no mundo, a UE quer dar a entender que com a Europa está tudo bem e que países como Portugal e a Grécia (entre outros) já estão melhores porque estão a trabalhar de acordo com as “linhas de orientação” da UE.
    A verdade é que as contas estão tão marteladas e a publicidade é tão grande que até parece que esta tudo bem…
    Deixem passar as eleições da França e Alemanha… e vão ver o estado em que o pais está!
    Não me admirava nada que até estejamos pior do que se possa pensar.

  3. Os dados recentes, de Bruxelas, referentes a Portugal, são arrasadores para a coligação de interesses (exportadores/corruptos/parasitas) mas também para muitos que têm a memória curta e outros que tão pouco se dão ao trabalho de analisar com isenção as diferenças entre Los anteriores ocupantes do poder e os atuais. O governo findo em 2011, foi derrubado para que a Troika entrasse em Portugal para salvar a banca dos corruptos, metade do financiamento foi para abafar o crime cometido pelos banqueiros sobre os bancos, crime esse que os corruptos reduziram na frase: “andamos a viver acima das nossas possibilidades”, canalhice da escória que suga os recursos do País.

    • E esse comentário revela bem que o caro Bazuka nada tem para dizer sobre este assunto. As pseudo-elites no seu melhor. Vazias de pensamentos.

      • Meu caro, o “elitista, sulista e liberal” por si só, assenta-lhe que nem uma luva, pois percebe-se que por ser “elitista, sulista e liberal” não gosta que um governo mais “popular”, um governo de esquerda, tradicionalmente mais preocupado com as questões sociais, apresente resultados. Como dizia o outro ” temos pena”.
        Como é “elitista” certamente refere-se a si próprio quando diz “pseudo-elites”.
        Por fim, se o meu comentário, embora “seco”, que parece não dizer nada, diz e muito, para quem tenha a capacidade de o perceber, obviamente, o do meu caro “elitista” é que não diz absolutamente nada.
        Já agora, faça um pequeno esforço, esqueça a simpatia partidária e congratule-se com estes resultados que, embora não sejam brilhantes, são reveladores de que houve uma melhoria. Faça isso meu amigo “elitista”, pois o país não é de nenhum partido, o país é de todos nós.

      • Meu caro, agora que passou a popularucho, talvez perceba melhor o que escrevi, quanto ao nortista, pois, é portugal tal como centro ou sul, por fim, centralizador, ui, ui, tem muito que se lhe diga, pois centralização é má, então que dizer da descentralização, sabendo como sabemos, que as autarquias são do mais podre que há em materia de clientelismo, criação de divida e corrupção.
        Percebi a sua ironia e sarcasmo na mudança de nick mas, meu caro, também isso expõe a sua opção.
        Pense, pense muito, pois uma sociedade faz-se com todos mas sobretudo, para todos. Durma bem meu caro!

  4. Pois é evidente que as coisas vão bem, por um lado encontraram a casa arrumadinha à custa do sacrifício imposto aos portugueses e que o anterior governo herdou e teve de aplicar, depois ao contrário do paraíso que prometeram deram algumas migalhas e sobrecarregaram de novo o povo com aumento de impostos e novos impostos arranjando assim receitas para cobrir aquilo de que eles agora fazem bandeira de falsa melhoria de nível de vida, por outro lado ainda têm agora o pessoal em Bruxelas sob a anestesia de um Brexit, de uma vitória de Trump e de largos avanços de partidos de extrema-direita na Europa a chegar à linha da frente, convém agora por lá falar mais baixinho para não empolar a situação e não espantar a caça.

  5. É revelador do povo que temos.
    Por mais sectário e fanático que se possa ser por algo, os indicadores oficiais, e por isso “minimamente” credíveis, apontam algumas melhorias em diversos parâmetros económicos, financeiros e sociais do país. Penso que deveriam ser motivo de satisfação (moderada obviamente) de todos os PORTUGUESES.

    • Então o senhor não percebe que estes ainda estão a beneficiar do trabalho dos outros?! Para Zorro deveria ser mais perspicaz. Os outros arrumaram a casa e estes aproveitaram-se disso. Não se esqueça que os outros entraram com um défice em 11% e saíram abaixo de 3%. Qual é a parte disto que o senhor não percebe?

      • Tenho impressão que está a fazer uma pequena confusão.
        Objectivamente, parece-me que o senhor está a ver a questão numa perspectiva partidária, ora o que eu critiquei foi exatamente isso neste povo. Para mim, como Português, interessa-me que o meu país se desenvolva, se é a esquerda ou direita a fazê-lo pouco me interessa, agora o que é mesmo indesmentível são os dados oficiais, tanto internos como externos. Acho que, se é perspicaz e português, concordará comigo e devia, tal como eu, estar , só um pouco pelo menos, satisfeito.
        Vendo então pela sua perspectiva, que é partidária. Já percebi que o caro Perspicaz se esqueceu de referir algumas coisas, entre elas a sua convicção na chamada “saída limpa”. Acha mesmo que houve “saída limpa? É muito claro que não houve e, por isso, os 3% foram treta, pois, para mascarar as continhas, adiaram a resolução de problemas como Banif e outros. Some-lhe a isto a venda de certas empresas do Estado ao estilo malabarista. No fim de 4 anos a aplicar forte e desigual austeridade, o resultado ser mais divida e mais desigualdade, não me parece ser nada satisfatório.
        Portanto dizer que outros “arrumaram” a casa está muito, mas mesmo muito, longe de ser verdade.

      • Acredite que estou longe de ser partidário de qualquer clube de tachos. E se tenho ideais de direita é porque acredito neles. Se me pergunta se a saída foi limpa, respondo-lhe já que não. Mas acredito que muito do que foi feito, foi no sentido correto e que sinto que o país avançou muito para poder ter condições objetivas de atrair investimento externo. Para isso era fundamental uma revolução na lei do trabalho como o anterior governo fez. Era necessário igualmente reduzir a fiscalidade sobre as empresas (e o anterior governo não o fez mas tinha-o previsto para o futuro). Era necessário reduzir as megalomanias do estado de modo a reduzir o nível de fiscalidade sobre pessoas e empresas e isso fê-lo e bem. Era preciso pôr a justiça a funcionar (lembre-se quem nomeou a atual procuradora geral de república), quando poderia ter optado por outras soluções de continuidade (isto é que olhariam para o lado e deixariam prosseguir a bandalheira que ia no país), adotaram instrumentos rápidos de licenciamento como não havia (tem ideia de quantos anos chegavam a demorar alguns processos de licenciamento em Portugal?),… Não defendo o Passos, o Portas nem a coitadinha da Cristas. Acredite que não! Nem tão pouco fui votar neles nem em qualquer outro. Mas reconheço que, na minha opinião o saldo da governação é muito positivo. Pessoalmente acho que foi um passo de gigante na direção certa.
        Quanto a este governo, também lhe digo que o António Costa saiu melhor do que esperava, sobretudo atendendo ao facto de estar apoiado em quem está. Mas sinto que nalgumas matérias o desastre é total (CGD, Lei laboral; concertação social,…). Mas admito que o saldo que faço até ao momento não é propriamente negativo.
        Agora que no governo anterior se andaram 20 ou 30 anos para a frente face à situação em que nos encontrávamos em muitas matérias, meu caro, não tenha dúvidas. E se não o sente é porque nunca investiu neste país nem criou postos de trabalho.

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