Bill Gates acredita que a Inteligência Artificial (IA) pode ajudar a resolver o problema da falta de profissionais em duas áreas fundamentais: a medicina e o ensino.
Habitualmente, fala-se de como a IA pode vir a substituir profissões manuais e menos qualificadas. Mas Bill Gates acredita que a tecnologia pode também ser fundamental, e assumir boa parte do trabalho, em áreas mais qualificadas da nossa sociedade, como a medicina e o ensino.
Essa seria uma boa notícia para países como Portugal, onde há uma escassez de médicos e de professores que está a afectar a qualidade destes serviços.
No ensino, muitos professores temem o uso de IA generativa como uma forma de os ludibriar, mas Bill Gates destaca o potencial desta tecnologia para ajudar a economizar tempo aos docentes, e a melhorar o processo de aprendizagem.
Na medicina, as startups estão também a investir milhões em tecnologia para melhorar o diagnóstico médico, o que pode vir a ser uma ajuda preciosa para estes profissionais.
Portanto, o magnata acredita que, num futuro próximo, a IA vai “substituir” professores e médicos em algumas tarefas, e que também poderá permitir reformas antecipadas ou semanas de trabalho mais curtas, conforme declarações num episódio do podcast “People by WTF”.
Deste modo, também poderá ajudar a lidar com o alto desgaste que estes profissionais sofrem, em profissões que exigem muita dedicação.
Bill Gates reforça ainda que a IA pode, igualmente, assumir importância noutras áreas, sendo usada, por exemplo, em trabalhos que requerem habilidade física, como é o caso dos operários de fábrica, dos trabalhadores de construção e dos empregados de limpeza de hotéis.
“As mãos precisam ser extremamente habilidosas para fazer essas coisas”, notou, salientando que a IA pode, gradualmente, vir a fazer esse tipo de tarefas.
Gigantes da tecnologia como a Nvidia estão a apostar muito em robôs humanóides projectados para realizarem tarefas manuais, incluindo apanhar itens em armazéns e esfregar o chão. Esses robôs podem vir a reduzir custos de mão de obra e contribuir para aumentar a eficiência.
Na perspectiva de Gates, estamos a caminhar para um futuro em que o trabalho pode ser drasticamente reduzido. “Poderá aposentar-se mais cedo, trabalhar semanas mais curtas”, realçou, concluindo que as pessoas passarão a ter uma preocupação “quase filosófica” sobre “como o tempo deve ser gasto”.
Mas esse processo será “difícil” de assimilar, sublinhou ainda o magnata, dando o seu exemplo pessoal, que passou “quase 70 anos num mundo de escassez”.
“Eu não tenho de trabalhar. Eu escolho trabalhar. Porquê? Porque é divertido”, confessa ainda Bill Gates, talvez sem se aperceber que a maioria das pessoas da terra não se pode dar ao luxo dessa escolha.